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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A tábua de Flandres

Seguindo os conselhos do Deus, li há dias "O Clube Dumas" e fiquei de tal maneira fascinado que em pouco tempo devorei mais dois livros do mesmo autor: "A Rainha do Sul" e este magnifico "A Tábua de Flandres".

No final do século XV, um velho mestre flamengo introduz num dos seus quadros um enigma que pode mudar a história da Europa. No quadro, o duque de Ostenburgo e o seu cavaleiro estão embrenhados numa partida de xadrez enquanto são observados por uma misteriosa dama vestida de negro. Todavia, à época em que o quadro foi pintado, um dos jogadores já havia sido assassinado.
Cinco séculos depois, uma restauradora de arte encontra a inscrição oculta: uis necavit equitem? (Quem matou o cavaleiro?) Auxiliada por um antiquário e um excêntrico jogador de xadrez, a jovem decide resolver o enigma. A investigação assumirá contornos muito singulares: o seu êxito ou fracasso será determinado, jogada a jogada, através de uma partida de xadrez constantemente ameaçada por uma sucessão diabólica de armadilhas e equívocos.
Livro fundamental para os amantes do mistério, A Tábua de Flandres foi a obra que tornou Arturo Pérez-Reverte o escritor espanhol contemporâneo mais lido em todo o mundo. Já adaptado ao cinema, é um apaixonante puzzle que o autor encadeia com uma destreza absolutamente excepcional.

Confesso que nunca fui grande jogador de xadrez (detenho o pouco invejável recorde de ter perdido todos os jogos em que participei e o ainda menos invejável recorde de perder um jogo [ou vários para dizer a verdade]em apenas oito lances) mas este livro teve o condão de reacender a minha paixão por este jogo... além de ser uma excelente história de mistério e com um final surpreendente...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

À Boleia Pela Galáxia O Restaurante no Fim do Universo Douglas Adams

Aqui há uns anos li os dois primeiros volumes desta que era para ser uma trilogia em (pelo menos) cinco volumes (quem o disse foi o autor). Acho que foi mais ou menos quando estreou a adaptação para o cinema do primeiro volume: “À Boleia Pela Galáxia”. Depois li “O Restaurante no Fim do Universo” e nunca mais encontrei nenhum livro da série.
Isto é até que há uns dias atrás um amigo me arranjou uma versão pirateada da tradução brasileira da série. Todos os cinco volumes publicados em vida do autor, o último The Salmon Of Doubt (que não é certo que fizesse parte da série) foi lançado já depois da morte de Adams e estava ao que oiço dizer (que esse ainda não o encontrei) inacabado.

Que fique bem claro uma coisa: regra geral e por norma sou contra todos os tipos de pirataria… seja filmes, música ou, como é o caso, livros. Mas por vezes acaba por ser a única maneira de arranjar aquilo que já não se encontra em lado nenhum.

E estes livros de Douglas Adams são demasiado deliciosos para se perderem. Mesmo que seja para os ler num português do Brasil. Mesmo que seja uma versão pirata. Vale a pena…

Agora para aqueles que preferem os livros sem serem pirateados a editora Saída de Emergência lançou os dois primeiros volumes (e segundo vi no seu site até estão a vende-los com desconto).

Quanto aos livros propriamente ditos o primeiro da série foi : “À Boleia Pela Galaxia”.




"Uma odisseia maravilhosa... com personagens a viajarem pela galáxia numa alegria contagiante."
-Publishers Weekly
"Adams satiriza capitalismo, governo, grandes corporações, religião organizada, militarismo... Simplesmente delicioso!"
-Library Journal


Segundos antes da Terra ser destruída para dar lugar a uma auto-estrada inter-galáctica, o jovem Arthur Dent é salvo pelo seu amigo Ford Prefect, um alienígena disfarçado de actor desempregado. Juntos, viajam pelo espaço na companhia do presidente da galáxia (ex-hippie, com 2 cabeças e 3 braços), Marvin (robot paranóico com depressão aguda), e Veet Voojagig (antigo estudante obcecado com todas as canetas que comprou ao longo dos anos). Onde estão essas canetas? Porque nascemos? Porque morremos? Porque passamos tanto tempo entre as duas coisas a usar relógios digitais? Se quer obter estas respostas, estique o polegar e apanhe uma boleia pela galáxia.

O segundo foi “O Restaurante no Fim do Universo”.



"A primeira tentação para o leitor mais desprevenido que se cruze com “O Restaurante no Fim do Universo”, julgando tratar-se de um apetitoso livro de culinária pejado de receitas do outro mundo, será entrar em pânico [...] Eu compreendo: é provável que nunca antes ou depois deste livro, o caro leitor se tenha cruzado com tal torrente de ideias, conceitos, lições de vida e piadas, concentrada em tão poucas páginas. Um começo, para evitar grandes ataques de stress, será ler o primeiro volume desta trilogia em cinco livros: “À Boleia Pela Galáxia”. Mas mesmo assim, não ficará livre de uma valente overdose de ideias brilhantes, quando exposto a “O Restaurante no Fim do Universo”, o livro que o seu autor, Douglas Adams, considerava o mais conseguido de toda a saga. A média de estrondosas ideias por página é, em qualquer livro de Adams, avassaladora... mas este bate todos os recordes.” Excerto da Introdução, por Nuno Markl.

Sobre o autor:
Douglas Noël Adams (Cambridge, 11 de Março de 1952 — Santa Bárbara, 11 de Maio de 2001) foi um escritor e comediante britânico, famoso por ter escrito para a série televisiva Monty Python's Flying Circus, junto com os integrantes desse grupo de humor nonsense, e pela série de rádio, jogos e livros The Hitchhiker's Guide to the Galaxy.(o "Guia para andar à boleia pela galáxia")
Os fãs e amigos de Adams o descreveram também como um activista ambiental, um assumido ateu radical e amante dos automóveis possantes, câmaras, computadores Macintosh e outros 'apetrechos tecnológicos'. O biólogo Richard Dawkins dedicou-lhe o seu livro The God Delusion e nele descreve como Adams compreendeu a teoria da evolução e, consequentemente, tornou-se ateu. Adams era um entusiasta das novas tecnologias, tendo escrito sobre email e usenet antes de se tornarem amplamente conhecidos. Até o fim de sua vida, Adams foi um requisitado professor de tópicos que incluíam ambiente e tecnologia.
The Hitchhiker's Guide to the Galaxy
A obra começou como série radiofônica transmitida pela primeira vez no Reino Unido pela Radio 4, da BBC, em 1978, e mais tarde foi publicada (muito modificada e amplificada) numa "trilogia" de romances em cinco partes.
Os cinco livros trazem um humor escrachado, no qual o autor usa situações hilárias e bizarras para ironizar a política, a burocracia, as pessoas e suas manias.

A "trilogia" divide-se em 5 livros sendo eles:
• The Hitchhiker's Guide to the Galaxy (À Boleia Pela Galáxia)
• The Restaurant at the end of the Universe (O Restaurante no Fim do Universo)
• Life, the Universe and Everything (A Vida, o Universo e Tudo Mais)
• So long, and thanks for all the fish (Até logo, e Obrigado pelos Peixes)
• Mostly Harmless (Praticamente Inofensiva)
e como já disse também se debate se o seu último livro, não terminado, The Salmon Of Doubt seria parte dessa série, formando assim uma "trilogia" de seis livros.

Leiam-nos e garanto que vão ter alguns dos melhores momentos de humor alguma vez escritos.
Quanto à editora: DESCULPEM LÁ FAZER PUBLICIDADE À PIRATARIA NA INTERNET (ou onde quer que tenham arranjado os livros) mas se lançarem o resto da série eu prometo que os compro!!!!!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Cinema e literatura

Aqui há uns dias, o Deus ao falar do livro "O Clube Dumas", dizia que, de costume, quando um livro é adaptado ao cinema o original é melhor.
Não vou discordar. Antes pelo contrário não me lembro de quase nenhum filme que seja adaptado de um livro que tenha lido que possa dizer: «Era isto mesmo. Era o que eu esperava ver.» - ou algo do género.

E é quase sempre uma miséria. Desde livros que servem apenas de inspiração como foi o caso do excelente "A Tia Júlia e o Escrevedor" do Mário Vargas Llosa que inspirou um filme fraquinho chamado no original "Tune in Tomorrow". Nem me lembro do titulo em português tão traumatizado fiquei. Mudarem a história de Lima no Peru para Nova Orleães ainda vá que não vá mas porém o Keanu Reeves a fazer de Vargas Llosa (que no filme também tem outro nome...) isso é que não.




Já Steinbeck foi adaptado com alguma mestria mas e mesmo se os filmes seguem o mais fielmente possível os respectivos originais, mesmo se é interpretado por grandes actores há sempre alguma coisa que se perde na transição do livro para o cinema.
Que fique bem claro: adorei os livros (Steinbeck é um dos meus escritores de eleição) e adorei os filmes mas há algo que não está bem... e ainda não descobri exactamente o quê.






O Perfume de Patrick Suskind foi um filme que me surpreendeu pela positiva já tinha lido o livro a um par de anos quando vi o filme e mesmo sendo bastante inferior ao livro é um excelente filme mas este é um daqueles livros impossíveis de adaptar ao cinema. Pelo menos enquanto não fizerem filmes com cheiro...




Como disse Deus na sua postagem «"Contacto" ao fazerem um filme politicamente correcto fugiram ao debate ciência/religião que era no fundo a alma do romance de Sagan». Visualmente é um filme bonito mas falta-lhe alma e conteúdo... tudo o que conseguiram tirar da história de Sagan.




Chuc Palahniuk não é propriamente um escritor fácil de ser adaptado ao cinema. As suas personagens são demasiado complexas psicologicamente e isso quase nenhum actor consegue transmitir no cinema.
A não ser que se junte um dupla genial (David Fincher a realizar e Edward Norton a interpretar) "Clube de Combate" foi um daqueles raros filmes que correspondeu ao original sem perder qualidades (só o final é diferente e aí haja o que houver o do livro é muito superior). Já o "Asfixia" deixou-me desiludido falhou e muito...




Estes dois clássicos da ficção cientifica só despertam dois sentimentos ou se adora ou se detesta. E eu adorei. há diferenças é certo mas como livro e filme foram feitos em conjunto são poucas e quase nem se dá por elas...








Este só o ponho aqui para fazer a vontade à minha esposa (eu não gostei nem do livro nem do filme - que confesso não cheguei a ver totalmente) mas a Mariana adorou um e o outro...



Este era um daqueles livros que eu julgava impossível de adaptar ao cinema. Fosse pelo tamanho, fosse pela história, o cenário e as personagens.
É verdade que Peter Jackson teve de cortar uma ou outra cena e adaptar uma ou outra... mas no geral está lá a história que interessa contar (ou as histórias).
Mas mais uma vez e devido ao tamanho e aos cortes os livros continuam a ser superiores aos filmes (e os filmes são geniais).








O senhor Grangé é um génio, provavelmente o escritor francês que mais livros vendeu nos últimos anos. Mas as adaptações dos livros dele ao cinema são lamentáveis... mesmo com ele a colaborar na adaptação.
"Os Rios de Púrpura", o "Império dos Lobos" e "O Concílio de Pedra" são excelentes livros, são excelentes filmes. Mas muito diferentes entre si... demasiado diferentes.
E os livros são muito superiores aos filmes.


















Mas em Portugal também há exemplos (mas vou dar apenas dois) "A Balada da Praia dos Cães" um excelente livro que deu um excelente filme e uma interpretação assombrosa do Raul Solnado.



Já a "Crónica dos Bons Malandros" de Mário Zambujal é um excelente livro que deu um filme de M***** (desculpem lá a linguagem!!) até hoje choro o dinheiro que paguei por aquele DVD...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Balada do café Triste - Carson McCullers

Muitas vezes o amado desencadeia a força lentamente acumulada no coração daquele que ama. O amor é uma coisa solitária. É esta descoberta que faz sofrer
"A Balada do Café Triste"

Tal como o Mário, também eu me estou a dedicar a releituras... até porque se estiver sempre a comprar livros não há orçamento que aguente...
Neste momento estou a reler o magnifico "A Balada do Café Triste" de Carson McCullers. E diga-se de passagem que é uma releitura de uma releitura - já o li umas cinco ou seis vezes...
O que, penso eu, é sinal que gosto do livro.



Escrita em 1951, esta novela foi considerada por Tennessee Williams como uma das obras-primas em prosa da língua inglesa. E Graham Greene, com a usual ironia, comparava-a a Faulkner: “Prefiro a Miss McCullers a Faulkner porque escreve com mais clareza; prefiro-a a D.H. Lawrence porque não tem mensagem.” A sucinta obra de Carson McCullers descreve um mundo solitário e marginal, onde se entra sem aviso prévio: “É uma terra sombria. Tem só uma fábrica de algodão, casas de duas assoalhadas onde vivem os operários, alguns pessegueiros, a igreja com duas janelas de vitral e uma rua principal, feia, que não tem mais de noventa metros.”
“Se uma pessoa descer a rua principal numa tarde de calor de Agosto, não encontra absolutamente nada que fazer. O edifício maior, no centro da povoação, foi entaipado e encontra-se de tal maneira inclinado para a direita, que parece prestes a cair de um momento para o outro. A casa é muito antiga. Tem um aspecto estranho e arruinado que intriga, até que, de súbito, se percebe que há muito tempo, o lado direito da varanda esteve pintado e também parte da parede, mas o trabalho não chegou a ser concluído e, por isso, uma parte da casa é mais escura e soturna.”
"A Balada do Café Triste"




Carson McCullers descreve em poucas páginas uma série de eventos, que culminam - após páginas de suspense crescente - na derrota da personagem principal, Amelia Evans.

Não é difícil simpatizar com esta mulher alta e independente quando começa mudar, devido ao seu amor pelo seu sobrinho recentemente chegado.
A história é muito vívida, por causa da descrição expressiva dos personagens e dos relacionamentos entre eles. A solidão, a traição e a perda que são parte do destino de Amelia, devem também ser encontrados na vila (a perda do café) e poderiam referir-se a nós e ao mundo em torno de nós.

O leitor quer saber como a história termina e o que acontece ao personagem principal, quando o lê pela primeira vez.
Quando lê a história uma segunda vez percebe como a história, os personagens e a instalação são tão perfeitamente construídos e compostos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Resto é Silêncio Erico Verissimo

Dizia de manhã o Mário que em se tratando de literatura brasileira ninguém lhe fala de Erico Veríssimo. Para lhe fazer a vontade vou escrever sobre o meu livro preferido do Sr. Verissimo - e um dos dois únicos que li dele... - "O resto é silêncio".
Já lá vai algum tempo desde que o li mas a ver se me lembro do essencial.
(e com a ajuda de um site dedicado ao escritor)...



Num anoitecer de Sexta-Feira Santa, uma rapariga desconhecida atirou-se do décimo andar dum edifício em Porto Alegre. Sete pessoas pelo menos a viram cair: um desembargador aposentado... um homem de negócios à beira da falência... um romancista... um ex-deputado e advogado próspero... um pequeno vendedor de jornais... um noctívago... e uma mulher que tinha um problema de consciência...
O autor apresenta essas personagens antes do fato, descreve a reação de cada uma diante do suicídio, e depois nos conta o que foi a vida desse grupo durante as vinte e oito horas que se seguiram. Novos tipos e problemas surgem à medida que a narrativa avança, e o resultado final é uma espécie de grande quadro mural representativo da hora que estamos vivendo.
Voltando um pouco à técnica de Caminhos Cruzados, mas apresentando as personagens e a história dum ângulo novo, Erico Verissimo nos dá em O Resto é Silêncio talvez o seu romance mais denso e maduro.
Numa crítica na revista "The Inter-American", escreveu Harriet de Onís:
"Eis um romance magistral, de valor inestimável para todos quanto desejam conhecer a vida e a literatura do Brasil. Ao estilo brilhante e ao espiríto que caracterizavam suas obras anteriores, em O Resto é Silêncio Verissimo acresenta a maior qualidade do romancista: o poder de criar personagens vivas. Os retratos que dela nos pinta são de tal maneira completos, tão dimencionais, que elas existem em sua inteireza não só tais como aparecem ao mundo exterior, como também da maneira que elas se imaginam ou desejariam ser."
Este romance já foi traduzido para várias línguas, tendo sido editado nos Estados Unidos, na Inglaterra, em Portugal, na Bélgica, na Itália e na Argentina. Despertando assim interesse universal, O Resto é Silêncio firma-se como uma das melhores obras da moderna literatura brasileira.

Num anoitecer de outono do ano de mil novecentos e quarenta e um, estando eu a conversar com um amigo numa das calçadas da Praça Senador Florêncio, no coração de Porto Alegre - vi precipitar-se, de um dos andares médios de um edifício fronteiro, uma coisa com forma humana que foi cair no meio da rua. Quando corri com outros curiosos na direção do "objeto", verifiquei tratar-se do corpo duma rapariga loura, alva e franzina, que agora ali estava, estendida sobre as pedras do pavimento, com os olhos abertos e vidrados, e uma estranha expressão de serenidade no rosto palidíssimo. Quando o carro do Pronto Socorro chegou e o médico de plantão se inclinou sobre a criatura, ela já estava morta. Suas feições me eram completamente desconhecidas. Não tive, porém , coragem de estudá-las demoradamente, pois me afastei dali profundamente perturbado, levando comigo uma vaga sensação de culpa ou, melhor, de responsabilidade.
Um ano depois escrevi um romance cujo ponto de partida era o caso da moça loura em torno do qual a opinião pública se dividia, pois embora a polícia afirmava tratar-se dum suicídio, havia quem insistisse em que a desconhecida tinha sido assassinada.
Na minha história - que é como Caminhos Cruzados uma espécie de corte transversal numa sociedade - sete pessoal presenciam a queda da rapariga, que assim é vista de sete ângulos diferentes. O artifício me pareceu rico de possibilidades. Num romance dessa natureza eu poderia, entre outras coisas, fazer uma série de experiências com o tempo da narrativa, mostrar a falibilidade da prova testemunhal, e sugerir, enfim, que, em última análise, nós os seres humanos sabemos muito pouco uns dos outros.
A suicida (ou assassinada) da vida real deixou de me interessar desde o momento em que, com o nome de Joana Karewska, passou a ser personagem de meu novo romance.
O Resto é Silêncio talvez seja o princípio duma nova fase na carreira literária do autor, o qual, desse livro para diante, passou a trabalhar a forma com maior cuidado, procurando evitar as facilidades e simplificações que haviam tornado tão frouxo e desigual o estilo dos romances anteriores.
Quanto às personagens é natural que aqui e ali ainda se notem traços de caricatura, principalmente no retrato do Desembargador Lustosa. E se por um lado talvez falte a este romance a vivacidade e espontaneidade de Caminhos Cruzados, por outro suas personagens me parece terem sido pintadas com um mais intenso fino senso de volume e matiz.
Tônio Santiago é evidentemente um auto-retrato, mas um auto-retrato estilizado, sem nenhum rigor verista. Quando escrevi este romance, meus dois filhos - Clarissa e Luís Fernando - iinham respectivamente sete e seis anos. Apresentei-os na história como tendo vinte e dezoito anos, e achei divertido profetizar-lhes o temperamento, as tendências, os gostos e as preocupações. Rita, portanto, é uma filha postiça, o que não impede que até certo ponto ela guarde uma certa parecença, se não física pelo menos psicológica, com a Clarissa de minha primeira novela.
Já nesta altura de sua carreira, o autor pode afirmar sem receio de rrar que tipos como o de Marcelo Barreiro, o católico quase místico, não são positivamente o seu forte. O contrário, porém, se passa com o velho Quim Barreiro. Esse primo não mui remoto do General Chicuta Campolargo de Um Lugar ao Sol e daquele Coronel Jango Jorge que aparece rapidamente numa cena de Saga, me parece uma personagem bem realizada. Dum modo geral se poderá dizer que ao pôr de pé Quim Barreiro, ao fazê-lo falar, mover-se, lembrar-se, desejar e sentir, o autor estava como que a exercitar-se para fazer frente à vasta galeria de O Tempo e o Vento.
Tenho uma simpatia especial pela pessoa de Juca, amigo fiel de Norival. E confesso não ter tido a menor má vontade par com o próprio Petra, o negociante sem escrúpulos.
Aristides Barreiro, advogado e politiqueiro desonesto, de acordo com um velho plano, devia aparecer em O Tempo e o Vento.
Aurora e Aurélio, filhos de Aristides, me são indiferentes, e creio que isso fica visível nas páginas do livro. Verônica, mãe de ambos, também me deixa frio.
Tenho, porém, profunda simpatia e o maior interesse por Marina. Quanto ao seu marido, o compositor Bernardo Rezende, julgo tê-lo tratado com uma condescendência tocada de sarcasmo.
Até hoje não sei exatamente o que penso de Roberto, o repórter, e de Tilda, namorada de "meu filho" Gil. Simpatizo vagamente com o Chicharro, e gosto de Sete Meis - personagem cuja gênese está explicada num artigo contido no primeiro volume desta coleção.
Que faltará a O Resto é Silêncio para que seja um romance realmente bom? Falta-lhe principalmente calor, carga emocional. Relendo-o, concluo também que devia ter dado muita mais espaço e tempo ao inquérito particular de Tônio Santiago em torno da morte de Joana Karewska. Eu devia ter usado nesse trecho do livro a técnica do conto policial, pois isso teria dado à história mais encanto e mistério, bem como um maior interesse novelesco.
Não será demais repetir que esse processo de histórias e vidas cruzadas, com sua ausência de personagens centrais, dota o livro duma superfície demasiadamente larga, com prejuízo da profundidade. Mal começa o leitor a formalizar-se com uma personagem ou com um grupo, e já o autor salta para outro capítulo e outras gentes.
para que se tenha uma idéia de como ao tempo que escrevi O Resto é Silêncio eu já estava sendo solicitado por outros temas, basta prestar-se atenção às reflexões de Tônio Santiago nas últimas páginas do volume, quando, no teatro, ele contempla a platéia e pensa nos primeiros povoadores do Rio Grande, nas suas lutas com os índios, as feras e os castelhanos; na solidão das fazendas e ranchos perdidos nos descampados; nas mulheres de olhos tristes a esperarem os maridos que tinham ido para a guerra ou para a áspera faina do campo; nos invernos de minuano, nas madrugadas de geada, nas soalheiras de verão e na glória das primaveras; nas lendas que iam surgindo nos matos, nas canhadas, nos socavões da serra, nos aldeamentos dos índios e nas missões; nas povoaçõesque surgiram e nas antigas que cresciam, tranformando-se em cidades; nos imigrantes europeus e nas povoações que eles criaram e assim por diante, até aquele momento ali no teatro, onde, numa espécie de milagrosa soma, se via aquela rica diversidade de tipos humanos, nomes e almas.
Não seria tudo isso uma espécie de trailer de O Tempo e o Vento?
Extraído do livro O Resto é Silêncio - 14a. edição

Música ao Longe - Um Lugar ao Sol - Erico Veríssimo



Quando se fala em literatura brasileira os primeiros nomes que me dizem são (e por ordem):
- Jorge Amado;
- Paulo Coelho (Blearghh!!!);
- Zélia Gattai;
- João Ubaldo Ribeiro;
- Machado de Assis;

O que me espanta é que um nome raramente aparece nestas conversas…
Anos atrás, quando não tinha dinheiro para comprar livros (e mesmo que tivesse na altura não havia uma verdadeira livraria na terrinha), frequentava assiduamente a biblioteca (da fundação C. Gulbenkian – abençoada seja) e numa dessas visitas descobri um livro (e por arrastamento um autor) “Música ao Longe” de Erico Veríssimo.
Foi, garanto uma paixão imediata. Em pouco mais de um mês fui alternando as obras dele com outros autores mas para além desse li ainda: “Incidente em Antares”, “Olhai os Lírios do Campo”, “O Resto é Silêncio” e num momento de pura sorte encontrei numa das pseudolivrarias lá da terra “Um Lugar ao Sol”.

E é sobre estes dois livros que vos quero falar (o primeiro que li dele “Música ao Longe” e o primeiro que comprei “Um lugar ao Sol”.













Fazem os dois parte de uma série de livros iniciada pelo autor em 1933 com o romance "Clarissa" (que infelizmente nunca consegui encontrar) continuada em ”Caminhos Cruzados” (1935) (também nunca encontrei) seguida de “Música ao Longe” (1935) e concluída com “Um Lugar ao Sol” (1936). São histórias, romances independentes que se lêem sem ser indispensável conhecer os demais mas que tem em comum os personagens principais (Clarissa e Vasco) e que os acompanha ao longo dos anos.

Confesso que quando li a introdução do autor em “Música ao Longe” fiquei um pouco preocupado (“Esta história foi escrita em quinze ou vinte dias, especialmente para concorrer ao Prémio de Romance Machado de Assis, instituído em 1934 pela Cia. Editora Nacional de São Paulo.
Não farei nenhum rodeio para confessar que considero Música ao Longe um livro medíocre, embora seu tema pudesse ter comportado uma certa grandiosidade, caso fosse bem tratado (…)”
, mas o livro conquistou-me e por consequência, o autor (como já disse).

«Este romance, que mereceu em 1935 o "Prémio Machado de Assis", é a história de Clarissa em sua cidade do interior. Lemos as páginas do diário dessa moça e através de suas impressões vamos conhecendo as outras personagens. João de Deus, estancieiro arruinado. Jovino e Amâncio, ambos em dificuldades financeiras, dominados pelo vício. D. Zezé, uma velhinha que vive voltada para o passado. Cleonice e Pio, noivos há doze anos. Seu Leocádio, o velhote dos mistérios, dono do único telescópio que existe em Jacarecanga, charadista, poeta, músico e entendido em almanaques. Outras personagens desfilam, destacando-se entre elas Vasco, rapaz de aspecto selvagem, primo de Clarissa.
O que vemos nessas páginas é a vida duma cidade do interior do Rio Grande desfilar em câmara lenta diante de nossos olhos.
A história é escrita com simplicidade de linguagem e de construção. Faz parte da série de romances onde vemos Clarissa, Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol.
Música ao Longe ocupa um lugar definitivo na literatura brasileira e é uma dessas obras inteiramente realizadas, que tanto são lidas pelo seu valor intrínseco como pelo justo renome que possuem.»
Comentário extraído do livro Música ao Longe (contracapa)

Já um lugar ao sol é a continuação deste romance começando por onde o anterior tinha terminado é talvez mais duro (se tal é possível) mas há sempre presente uma réstia de esperança.

«Vasco caminha pela vida numa incansável e persistente busca: de emprego, de amor, de dias melhores... Mas não importa. Já se habituou a viver em constante contradição. Busca as aventuras da boémia e descobre os prazeres de um viver regrado. Como será o amanhã? Não se sabe...
Há dificuldades imensas, mas é certo que também existe Clarissa, sua paixão, o elo que o prende à realidade. A vida ainda vale a pena!
Permanecer e lutar ou ganhar mundo com seu pai, num percurso solitário?
Erico Veríssimo consegue, neste livro contundente e actual, mostrar que, apesar dos pesares que marcam o destino inexorável do homem, todos nós temos direito a Um Lugar ao Sol. Neste livro, o escritor consegue elaborar de modo impecável um retrato vivo da complexidade do ser humano e das questões que o inquietam.
Reunindo personagens já conhecidas de suas obras anteriores, coloca-as a nu, com uma linguagem sincera e comovente, criando situações em que o quotidiano se impõe sempre, implacável.
Assim, à miséria e à violência que marcam o destino do homem, somam-se aspectos do mais profundo humanismo: a solidariedade irrestrita, a esperança de uma vida melhor, a amizade, a paixão.
Sempre crítico, o autor analisa a sociedade procurando compreendê-la de forma realista, isenta.
E as personagens, vivendo o presente intensamente, ao sabor dos acontecimentos, não se preocupam com o amanhã. É melhor "seguir ao acaso, como os barcos antigos, sem bússola nem porto certo, guiados apenas pelas estrelas".
Com uma temática actual e forte, o enredo envolve o leitor e leva-o a reflectir sobre o próprio destino, seus encantos e desencantos, sua impotência e pequenez frente à vida.»
Comentário extraído do livro Um Lugar ao Sol (capa e contracapa internas)


Estou a acabar de os reler pela enésima vez e aconselho-os a todos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Um deus passeando pela brisa da tarde Mário de Carvalho


Este livro deve ter sido um dos mais vendidos do autor. Pena é que ele tenha seguido o exemplo de outros grandes escritores portugueses e os seus romances se tenham tornado mais e mais dificeis de ler e acompanhar.
Atenção!!! Que fique bem claro que sou há anos um leitor fiel deste autor. O que eu lamento é que ele tenha posto de lado a escrita simples de ivros como: "
Contos da Sétima Esfera" livro de contos publicado em 1981; do delicioso "Casos do Beco das Sardinheiras" (aconselho a todos) também contos de 1985; ou "A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho" de 1983 mais uma vez contos, mais uma vez deliciosos e mais uma vez um livro que aconselho; ou ainda o romance "A Paixão do Conde de Fróis" de 1986.
Depois começou o descalabro em "Um deus passeando pela brisa da tarde" de 1994 e "Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto" de 1995 assistimos àqueles que são os últimos bons romances de Mário de Carvalho - o primeiro é simplesmente magnifico. Os livros que ele publicou depois foram-se tornando "pesados", dificeis de acompanhar - talvez porque tenha abandonado a escrita ligeira com que escreveu os primeiros romances. (excepção feita ao magnifico e inovador "O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana" de 1982 e este apesar da linguagem e estrutura mais elaborada era relativamente fácil de acompanhar)
Os últimos romances "Fantasia para dois coroneis e uma piscina" de 2003 e "A sala magenta" de 2008 tornavam-se a dado momento aborrecidos e memo intragaveis - isto dito por alguém que, como já disse e repito, sou admirador do trabalho deste autor.
Por favor!!! se tal for ainda possivel volte a escrever como escrevia no inicio da carreira. As suas melhores páginas foram essas.

Agora que já desabafei vamos lá falar deste livro



Lusitânia, séc. III d.C. Neste romance, talvez o mais importante de Mário de Carvalho, tudo se passa numa cidade da Lusitânia, Tarcisis, no momento em que Império Romano começa a soçobrar, devastado por factores internos e externos, as invasões bárbaras e a cristianização. E é num ambiente de decadência que todo o romance se desenrola. Apanhado na vertigem dos acontecimentos e rodeado de sinais que escapam ao seu entendimento, Lúcio Valério, o magistrado supremo é espoliado e perde todo o seu poder. Mário de Carvalho avisa-nos, no começo do romance: "...Tarcisis nunca existiu...", no entanto, devemos estar atentos, sobretudo os detentores do poder, aos sinais dos tempos, para percebermos o que nos acontece.

«Vista das alturas - como decerto os deuses a contemplam -Tracissis agora apequenava-se no seu sono, distanciava-se de mim e das sensações do meu quotidiano , assumia uma neutra materialidade, objectiva, o se tanto inquietante. A Decumana deserta, por cima do qual íamos passando; o fórum, com a monotonia rígida das suas colunatas e a imponência do templo de Júpiter; o espaço côncavo do teatro inacabado branquejando à distância; a confusão das ruas estreitas (…)»


Mário de Carvalho nasceu em 1944, em Lisboa. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa em 1969. Desde jovem que se envolveu na luta antifascista, tendo estado preso ainda na década de 60 e durante o serviço militar. A sua luta política leva-o ao exílio, primeiro para a França, depois para a Suécia, em 1973. Após o 25 de Abril regressa a Portugal. A sua estreia literária dá-se em 1981, tendo desde aí publicado regularmente numa grande diversidade de géneros: romance, drama, contos, guiões.
A sua escrita é extremamente versátil e torna-se impossível incluí-lo numa escola literária. A crítica considera-o um dos mais importantes ficcionistas da actualidade e a sua obra encontra-se traduzida em vários países (Inglaterra, França, Grécia, Bulgária, Espanha, etc.).
Recebeu diversos prémios, podendo-se destacar, na sua bibliografia, o romance histórico "Um Deus passeando pela brisa da tarde", que constitui o seu melhor sucesso de vendas e que mereceu a aclamação da crítica, tendo sido distinguido com o Grande Prémio da APE (romance) 1995, o Prémio Fernando Namora 1996 e Prémio Pégaso de Literatura do mesmo ano.Vencedor, em 2004, do Grande Prémio de Literatura ITF/DST.

Bibliografia do autor:

Contos da Sétima Esfera (contos), 1981 ; 1998
Casos do Beco das Sardinheiras (contos), 1982 ; 2004
O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana (romance), 1982 ; 1999
A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho (contos), 1983 ; 2004
Era Uma Vez um Alferes (conto), 1984 ; 1985
Fabulário (contos), 1984 ; 1998
A Paixão do Conde de Fróis (romance), 1986 ; 2004
Contos Soltos (contos), 1986
E se Tivesse a Bondade de Me Dizer Porquê? (Folhetim) (em colaboração com Clara Pinto Correia), 1986 ; 1996
Os Alferes (contos), 1989 ; 2000
Água em pena de pato (teatro), 1991
Quatrocentos Mil Sestércios seguido de O Conde Jano (novelas), 1991 ; 2001
Um deus passeando pela brisa da tarde (romance), 1994 ; 2003
Era Bom que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto (romance), 1995 ; 2003
Apuros de um Pessimista em Fuga (novela), 1999
Se Perguntarem por Mim, Não Estou seguido de Haja Harmonia (teatro), 1999
Contos Vagabundos (contos), 2000
Fantasia para dois coronéis e uma piscina (romance), 2003 ; 2004
O Homem que Engoliu a Lua (infanto-juvenil), 2003
21 Retratos do Porto para o Século XXI (Álbum ilustrado) (em colaboração com vários), 2004
A sala magenta (romance), 2008

O Clube Dumas de Arturo Pérez-Reverte

Aqui há dias, num outro blog, li uma crítica a um livro de um dos meus autores preferidos (Jean Christophe Grangé) em que falando sobre o autor referia por alto a adaptação ao cinema de um livro dele que, na sua e na minha opinião, ficava muito aquém do livro.
Mas isso é, infelizmente, o costume. Foram muito poucos os livros adaptados para o cinema que eu possa dizer que gostei ou que correspondem àquilo que está descrito no livro. O que não impede que sejam bons filmes ou que tenham sucesso - ou sejam um completo fracasso. Para dar alguns exemplos os livros do Grangé ("Rios de púrpura", "O império dos lobos" ou "O concilio de pedra" excelentes filmes mas que fogem um pouco ao original; "Contacto" ao fazerem um filme politicamente correcto fugiram ao debate ciência/religião que era no fundo a alma do romance de Sagan; ou ainda e para terminar "Clube de combate" que é provavelmente o único livro adaptado para o cinema que corresponde em 99% ao (magnifico) livro de Chuck Palahniuk (preferi ainda assim o final do livro).

Isto a propósito do livro de que vos quero falar hoje: "O Clube Dumas" de Arturo Pérez-Reverte (adaptado ao cinema por Robert Polanski com Johnny Depp no principal papel) com o titulo de "A Nona Porta" - um excelente filme por sinal mas não tão bom como o livro.




Pode um livro ser investigado policialmente como se tratasse de um crime, utilizando as suas páginas, papel, gravuras e características de impressão como pistas, num apaixonante percurso de três séculos?

Lucas Corso, mercenário da bibliofilia, caçador de livros por conta de outrem, tem de encontrar resposta para essa pergunta quando recebe uma dupla de clientes seus: autenticar um manuscrito de Os Três Mosqueteiros e decifrar o mistério de um estranho livro, queimado em 1667 juntamente com o homem que o imprimiu. A investigação arrasta Corso - e com ele, irremediavelmente, o leitor - para uma perigosa busca que o levará dos arquivos do Santo Ofício aos livros condenados, das poeirentas estantes dos alfarrabistas às mais selectas bibliotecas dos coleccionadores internacionais. Construído com o excepcional talento narrativo, este livro organiza peça a peça uma trama excitante, minuciosa e complexa onde se congregam os ingredientes do romance clássico em fascículos, as histórias policiais e de mistério, os jogos de adivinhas e as técnicas do folhetim de aventuras.

E é por aqui que começam as diferenças: Enquanto no livro Corso (Lucas Corso no livro, Dean Corso no filme) investiga dois livros no filme o manuscrito de Alexandre Dumas simplesmente não é mencionado de todo e um dos trunfos do livro de Reverte é precisamente a relação que se vai estabelecendo entre os dois livros ao longo da investigação de Corso.
Vantagem pois para Reverte e um ponto a menos para Polanski que não percebeu ou ignorou esse facto.

Mas, e no essencial, são duas grandes obras (literária e cinematografica) mas com vantagem para o livro que aconselho.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Stonehenge Bernard Cornwell

Contaram-me a tempos uma história que, indirectamente, tem a ver com este autor e directamente com este blog.
Aqui há uns anos dois amigos que estudavam em Coimbra envolveram-se numa discussão sobre qual era a melhor história do ciclo arturiano. Um defendia o clássico de Thomas Malory "A Morte de Artur" o outro por seu lado defendia "As Brumas de Avalon" de Marion Zimmer Bradley. A discussão, dizem, durou mais de uma semana até ao dia em que estando com um amigo da namorada de um deles, esta, farta da discussão resolveu arrumar a questão e perguntou ao amigo qualquer coisa como:
- Tu que lês imenso, diz lá qual é a melhor história do rei Artur a do Malory ou a da Zimmer Bradley?
- Eu pessoalmente preferi a do Cornwell. - Respondeu o amigo acendendo ainda mais a discussão.

Os dois amigos que discutiram por mais de uma semana eram o Zé e o Deus e o amigo era o Mário os fundadores deste blog.

E como o Zé já falou aqui nas "Crónicas do Senhor da Guerra" e Mário e Deus já escreveram sobre as outras sagas do Cornwell já poucos livros ficaram por abordar. Poucos... mas faltou este genial "Stonehenge"

Na Idade da Pedra há cerca de quatro mil anos, homens e mulheres hoje desconhecidos ergueram construções imensas, monumentais, em pedra. A imagem das pedras de Stonehenge, dispostas em círculo, é hoje amplamente conhecida. Cornwell deitou mãos ao tema e ofereceu ao leitor este magnífico romance.
E quem melhor que Cornwell para nos pintar um retrato de como deve ter sido a vida do povo primitivo que habitava aquela região e que deve ter construído essa obra exemplar.
O interessante é que não muito tempo depois de ter lido este livro pela primeira vez vi um documentário na televisão em que arqueólogos acabavam por confirmar muitos dos aspectos relatados por Cornwell neste romance. Desde o transporte das pedras até á construção de Stonehenge.

Um romance genial de um autor genial.