É norma dos autores deste blogue falar apenas de livros que todos (os autores) tenham lido, no entanto hoje decidi abrir uma excepção para falar de um livro que me foi oferecido no Natal.
O livro foi para mim um conjunto de excelentes surpresas.
Há algo a que todos os que (como eu) são filhos de portugueses nascidos ou criados em Angola se habituaram: as longas conversas, as memórias de uma outra terra e outro tempo que se desenrolam quando os Angolanos se encontram. Mesmo alguém (como eu) que tenha saído demasiado novo de Angola para guardar qualquer lembrança desse país, acaba por sentir uma ligação profunda e sente que de alguma forma conhece um pouco que seja daquela terra. Fruto, precisamente dessas longas conversas, desse desfiar de memórias que acompanhou o nosso crescimento.
E nenhuma memória é mais amarga para os Angolanos que a dos últimos dias de uma Angola portuguesa. A desilusão com o governo português da época que conduziu mal e apressadamente a descolonização abandonando milhares de portugueses à sua sorte. Os sentimentos de incerteza em relação ao futuro, a dor profunda de deixar toda uma vida para trás.
E é precisamente esse o cenário que Júlio Magalhães traça com mestria: a fuga precipitada de milhares de portugueses de uma terra que amaram e viram ser destruída por uma guerra civil e interesses (muitas vezes mesquinhos) de quem detém as rédeas do poder.
Ler a descrição desses dias foi para mim o reviver de longas conversas a que assisti ao longo dos anos e fez reviver a mesma sensação de angustia, dor e desilusão que sempre senti em todas essas conversas a que assisti. E imagino que teve esse mesmo efeito em todos os que viveram os acontecimentos relatados.
E essa capacidade de despertar sentimentos tão profundos através da escrita só está ao alcance de uns poucos e verdadeiramente talentosos escritores.
3 comentários:
Quem como eu viveu os últimos dias e a fuga de Angola guarda lembranças que não se podem apagar.
E este romance teve a capacidade de despertar em mim essas recordações - ao ponto de dar por mim com lágrimas nos olhos ao ler a descrição da fuga apressada de tantos portugueses que tinham a sua vida construida em Angola.
Uma excelente recomendação mais uma vez...
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