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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

1Q84 (volume 1) de Haruki Murakami



1Q84 é a mais recente obra de um dos maiores escritores da actualidade. E mais uma vez Haruki Murakami não nos desilude.


Como qualquer um dos livros anteriores este 1Q84 (por enquanto ainda só a primeira parte – de três) é uma obra magistral. Uma obra em que fantasia e realidade caminham lado a lado em que se cruzam se fundem sem perder o rumo e sem cansar ou confundir o leitor. Como é, de resto, habitual neste Senhor.

Murakami constrói personagens e situações como mais ninguém é capaz de o fazer e neste livro ele atinge o seu ponto mais alto.



Um mundo aparentemente normal, duas personagens - Aomame, uma mulher independente, professora de artes marciais, e Tengo, professor de matemática - que não são o que aparentam e ambos se dão conta de ligeiros desajustamentos à sua volta, que os conduzirão fatalmente a um destino comum. Um universo romanesco dissecado com precisão orwelliana, em que se cruzam histórias inesquecíveis e personagens cativantes.


Em 1Q84, Haruki Murakami constrói um universo romanesco em que se cruzam histórias inesquecíveis e personagens cativantes. Onde acaba o Japão e começa o admirável mundo novo em que vivemos? Uma ficção que ilumina de forma transversal a aldeia global em que vivemos.



Sou há já uns anos fã incondicional deste senhor e enquanto ele nos for presenteando com pérolas destas não vou deixar de o admirar. Agora o que eu não sei é como é que ele consegue… como é possível alguém escrever um livro e alcançar o sucesso junto de públicos tão diferentes.(e aqui refiro-me a qualquer um dos livros dele).

Para o próximo ano já tenho mais dois livros na lista de compras

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Jesus o Bom e Cristo o Patife de Philip Pullman

Ora aqui está um livrinho que não aconselho àqueles que são excessivamente religiosos.



Jesus o Bom e Cristo o Patife é uma fábula sobre a vida do Messias, uma reinvenção (ou releitura - se preferirem) do Novo Testamento.
Neste pequeno e delicioso livro Pullman conta-nos a vida de dois irmãos Jesus e Cristo e de como eles se tornaram um e a base da fundação de uma religião que dominou o mundo.

«Esta é a história de Jesus e do seu irmão Cristo, de como nasceram e viveram e de como um deles morreu. A morte do outro não pertence a esta história.» Neste romance fascinante, Philip Pullman desdobra em duas a personagem central de um dos mais célebres mitos do mundo ocidental. Jesus é um pregador imbuído de fé e intransigente nos princípios; o seu gémeo, Cristo, inventa milagres e compõe uma narrativa sobre a qual se edificará o poder da Igreja.

Que fique bem claro, em momento algum o autor coloca em causa Jesus o que ele coloca em causa é a forma como a mensagem de Jesus é interpretada e utilizada para os interesses da igreja...

É uma espécie de catecismo moderno. Um livro com muito humor mas e ao mesmo tempo um livro sério... a ler sem preconceitos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O jogo do anjo de Carlos Ruiz Zafón

«Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita umas moedas ou um elogio a troco de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente no sangue o doce veneno da vaidade e acredita que, se conseguir que ninguém descubra a sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de lhe dar um tecto, um prato de comida quente ao fim do dia e aquilo por que mais anseia: ver o seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente lhe sobreviverá. Um escritor está condenado a recordar esse momento pois nessa altura já está perdido e a sua alma tem preço.»




Há livros que nos marcam, aos quais voltamos vezes sem conta... para mim este é um deles!!!
O Jogo do Anjo de Carlos Ruiz Zafón não é propriamente uma novidade (foi publicado em 2008), mas é um daqueles livros que nos prendem de inicio ao fim.

Na Barcelona turbulenta dos anos 20, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe de um misterioso editor a proposta para escrever um livro como nunca existiu a troco de uma fortuna e, talvez, muito mais.
Com deslumbrante estilo e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo para a Barcelona do Cemitério dos Livros Esquecidos, para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos onde o fascínio pelos livros, a paixão e a amizade se conjugam num relato magistral.




Quem já leu outros livros do autor sabe com o que pode contar: uma atmosfera sombria, quase gótica, uma Barcelona mágica envolta num véu quase mágico... e uma colecção de personagens que nos guiam pelas páginas do livro.
Quem leu "A Sombra do Vento" vai reencontrar personagens (Sampere, Barceló...) e locais desse romance (A livraria Sampere e filho, O cemitério dos livros esquecidos...) mas são histórias diferentes, tempos diferentes mas a magia e o talento deste autor está lá...

para que conste acabei agora a terceira leitura deste livro e de cada vez descubro algo novo...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Premio Nobel 2011

O Prémio Nobel da Literatura 2011 foi atribuído ao poeta sueco Tomas Transtroemer, anunciou hoje a Academia Sueca, em Estocolmo.
O poeta sueco mais traduzido em todo o mundo (em 30 línguas), Transtroemer, de 80 anos, começou a publicar poesia aos 23 anos e o seu primeiro livro intitulava-se "17 dikter" ("17 Poemas").

Em Portugal, Tomas Transtroemer está representado na coletânea "21 poetas suecos", editada pela Vega, em 1981.

Confesso humildemente que nem nunca tinha ouvido falar deste senhor...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Baudolino de Umberto Eco

A gente já conhece há muito tempo os favoritos do Mário para o Prémio Nobel da Literatura. Lista ecabeçada ano após ano pelo inevitavel Salman Rushdie... e se eu até concordo com esse nome e com o facto de, muito dificilmente, ele o vir a ganhar, há outro nome que é o meu favorito: UMBERTO ECO!!!!

Na zona do baixo Piemonte onde, anos depois, virá a surgir Alexandria, Baudolino, um pequeno camponês fantasioso e aldrabão, conquista o imperador Frederico Barbarroxa e torna-se seu filho adoptivo. Baudolino vai fabulando e inventando mas, quase por milagre, tudo o que imagina produz História. Assim, entre outras coisas, constrói a mítica epístola do Prestes João, que prometia ao Ocidente um reino fabuloso, no longínquo Oriente, governado por um rei cristão, que abalou a fantasia de muitos viajantes sucessivos, incluindo Marco Polo…
…A história de um crime impossível, um conto fantástico, teatro de invenções linguísticas hilariantes, este livro celebra a força do mito e da utopia…

Mais do que um romance histórico, Baudolino é uma viagem ao imaginário da Idade Média, ás suas crenças, temores e sim, também à história. As Cruzadas, guerras e conflictos no interior do Sacro-Império. Na história misturam-se personagens ficticias (Baudolino e os seus mais fieis amigos...) com personagens reais (Frederico Barba Roxa, alguns nobres, os vários Papas e anti-Papas...).
A história pode-se resumir nas próprias palavras do personagem: "(...),o problema da minha vida é que sempre confundi o que via com o que queria ver." ou então "(...), mas quanto ao resto estavam todossuspensos dos meus lábios. Se me apetecesse dizer que tinha visto uma sereia no mar - depois de o imperador me trazer como o que via os santos - todos acreditavam e me diziam bravo, bravo..."
E é precisamente essa capacidade de transformar a imaginação em factos reais que vai levar Baudolino a reescrever a história do seu tempo influenciando e guiando os seus protagonistas começando pelo próprio imperador Frederico.
Ao longo da história o real mistura-se com a fantasia, sem se saber o que é verdadeiro... e o que é fantasia... de tal modo que chega a ser hilariante ler as ideias e planos que ocorrem na mente de Baudolino e seus amigos.


«Baudolino é uma sumptuosa ecografia, um delicioso fresco sobre a vida da abadia, os labirintos, as heresias, a necromântica, o riso, a pobreza, os segredos da biblioteca. A carta do mítico Prestes João é bem a criação por antonomásia a que Baudolino dará dignidade "oficial", porventura a invenção mais feliz deste livro.»
Jornal de Letras
«Se Baudolino se tornar tão popular como Guilherme de Baskerville e Adso, os protagonistas de O Nome da Rosa, os leitores de Eco conversarão tão facilmente sobre o século XII e Frederico Barbarroxa como discutem sobre a programação televisiva.»
Expresso
«A partir do imaginário do seu protagonista, Eco cria uma narração leve e hilariante, em que nada é absurdo, que narra os acontecimentos históricos como aventuras de um grande romance picaresco.»
Público

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Auto-de-Fé de Elias Canetti

Há já bastante tempo que não postava nada e hoje o Mário resolveu dar-me o tema de mão-beijada.








Auto-de-fé é o único romance de Elias Canetti. Obra magistral, catapultou este escritor de génio forte e individual para a categoria dos principais autores europeus, ao lado de Robert Musil, Hermann Broch e Karl Kraus. Proibido pelo regime nazi aquando da sua publicação, este é hoje considerado um dos livros fundamentais da história da literatura ocidental. Auto-de-fé narra a história do professor Peter Kien: sinologo e erudito. O seu apartamento é uma imensa biblioteca onde Kien se refugia para evitar todo e qualquer contacto físico e social. O ponto de viragem da sua vida é o casamento com Therese, a sua governanta. Se Kien é um homem composto de livros, Therese é a sua contrafigura pragmática e mesquinha. Expulso da sua própria casa, Kien empreenderá uma viagem aos infernos, com final trágico e surpeendente.


Um livro que se centra na personagem de Peter Kien um bibliófilo, quase agorafóbico, que prefere a companhia dos seus preciosos livros a qualquer contacto humano. Um personagem que vê nos livros não o reflexo da humanidade mas um refugio um local onde se pode proteger dessa mesma humanidade que tanto despreza. O seu único contacto é Therese, a sua governanta com quem vem a casar, não por amor, não por necessidade de afecto mas por ver nela e no cuidado que tem com a sua biblioteca a salvação e protecção da sua biblioteca. Mas os planos não correm como ele prevê.
Escrito numa altura em que o regime nazi queimava livros por toda a Europa este livro constitui uma resposta e um espelho a esse regime. Sem querer estragar a história a quem ainda não leu o livro a imagem final de Kien a sorrir enquanto o fogo destroi a sua preciosa biblioteca reflecte (a vocação para a falta de comunicação de um amante de livros que pensa que o resto do mundo, obviamente ignorante, não merece aceder aos tesouros impressos que guarda, tem o seu equivalente no senhor de bigodinho ridículo que pensava que o resto do mundo, obviamente impuro, não merecia aceder a quaisquer tesouros. Entre ambos, a narrativa de Elias Canetti constrói uma ponte mais eficaz na denúncia da barbárie (onde os livros são um pormenor, mas cheio de significado) que mil panfletos com a história bem contada.
Sara Figueiredo Costa
http://cadeiraovoltaire.wordpress.com/2011/07/11/elias-canetti-auto-de-fe-cavalo-de-ferro/)

E como o Mário tinha dito na postagem anterior que nunca tinha conseguido ler este livro até ao fim eu resolvi posta-lo aqui e por dois motivos:
1º Para ver se o irrito um bocadinho
2º Porque gostei realmente deste livro

Prémio Nobel

Mais uma vez a um mês de se conhecer o galardoado deste ano deixo aqui a minha lista de candidatos com uma alteração ou outra (afinal o Vargas Llosa ganhou o ano passado) então vejamos:

Salman Rushdie - Sim continuo a insistir neste senhor que é, a meu ver, o melhor escritor da actualidade... e mesmo sabendo que os senhores que decidem do prémio tem medo de levar com uma bomba.

Haruki Murakami - Pelo conjunto da obra, única e com a capacidade de nos fazer sonhar, pea fantasia e pela poesia.

Agustina Bessa-Lúis - Uma senhora das letras portuguesa, mesmo que tenha tendencia para se dispersar um bocadinho.

António lobo Antunes - Talvez o melhor escritor português da actualidade e um dos melhores do mundo.

Amin Maalouf - Outro dos grandes nomes da literatura mundial, um génio...

Phlip Roth - Já o disse antes e repito não sou grande fã deste senhor (autor de um dos três livros [Teatro de Sabath] que fui incapaz de ler até ao fim - mas e pensando nisso os outros dois tambem ganharam o Nobel[Terra do Pecado do Saramago e Auto de Fé do Elias Canetti])

Seja como for daqui a cerca de um mês sabemos que é o vencedor deste ano

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Cinza e Poeira de Yrsa Sigurdardóttir

Na Islândia, sob as cinzas do vulcão, quatro crimes e uma investigação no fio da navalha.

«Uma erupção de talento.»
The Scotsmann



Está bem, é verdade a senhora tem um nome quase impossivel de dizer, mas o que importa é a historia e essa é extraordinaria...
E se há algo que me assusta nestes livros é que sempre nos passaram a ideia que o pessoal da Europa do Norte é muito civilizado e pacifico e educado e todas essas coisas e depois lemos os livros policiais que eles escrevem e dá nisto os "gajos" afinal ainda são piores que os outros....

«A resposta irlandesa a Stieg Larsson.»
The Daily Telegraph

Trinta anos após a mais sensacional erupção vulcânica da Islândia, nas Ilhas Westland, foi permitido aos antigos habitantes revisitarem os seus lares soterrados pela cinza e pela lava.
Markus Magnusson descobriu na cave da sua casa de então três cadáveres e várias cabeças. Quando interrogado pela polícia, declarou que, a pedido de uma amiga de infância, fora recuperar uma caixa que aí tinha escondido 30 anos atrás, pouco tempo antes da fuga da catástrofe. Mas eis que a amiga é assassinada antes de poder desvendar o conteúdo da tal caixa.
Este é o ponto de partida para uma empolgante investigação policial da advogada Thóra Gudmundsdóttir, que irá encontrar muito segredos de família e fantasmas que continuam a assombrar a chamada Pompeia do Norte.

sábado, 9 de julho de 2011

O Regresso do Assassino de Robin Hobb



Já aqui tinha falado desta autora e da série anterior "A Saga do Assassino" que é, na minha opinião, a par com a saga "As Crónicas do Gelo e Fogo" a melhor história de fantasia que apareceu em livro nos ultimos anos.
Passaram-se quinze anos desde os acontecimentos narrados na Saga do Assassino, Fitz vive isolado com o seu lobo longe de um mundo que o imagina morto... Mas Fitz acaba por regressar a Torre do Cervo onde reencontramos velhos conhecidos e novos personagens.
É apenas o primeiro volume de uma série que promete ser tão boa como a anterior...





"Os fãs de Robin Hobb não ficarão desapontados com esta nova série." -Monroe News-Star

Ele é um bastardo com sangue real.
Ele é um assassino com poderes malditos.
Ele é a única esperança para um reino caído em desgraça.

Atreva-se a entrar num mundo de perfídia e traição que George R. R. Martin apelidou de "genial". Atreva-se a acompanhar um herói que a crítica considerou "único". O Regresso do Assassino é o regresso da grande fantasia épica. Se está à espera de mais do mesmo, este livro não é para si. Caso contrário... bem-vindo a uma aventura que nunca irá esquecer!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Leonard Cohen venceu o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras de 2011

O compositor, cantor e escritor canadiano é considerado um dos mais importantes nomes da música popular do século XX e viu agora o seu trabalho reconhecido com o galardão que ostenta o nome do herdeiro da coroa espanhola, no valor de 50 mil euros. O Prémio Príncipe das Astúrias das Letras será entregue ao laureado, assim como aos vencedores nas outras categorias, em Outubro, em Oviedo (Espanha), pelo príncipe Filipe de Espanha. Leonard Cohen, 76 anos, era um dos finalistas ao galardão, ao lado da escritora canadiana Alice Munro e do romancista inglês Ian McEwan, e esteve também nomeado ao Prémio Príncipe das Astúrias das Artes deste ano.




Nascido em Montreal a 21 de setembro de 1934, Leonard Cohen é autor de músicas que versam sobre amor, espiritualidade, religião, numa toada de melancolia, cinismo e provocação.
Mas ainda antes de ser conhecido como escritor de canções, Leonard Cohen tinha já ambições literárias.
"Let us compare mythologies", o primeiro livro de poesia, foi publicado em 1956, seguindo-se em 1963 o romance "O jogo favorito", editado em Portugal em 2010, e o de poesia "Flowers for Hitler" (1964).
Em Portugal estão também publicados "Filhos da Neve" e "O livro do desejo", que reúne poemas dispersos escritos ao longo dos últimos vinte anos, alguns dos quais durante um retiro budista de Cohen nos Estados Unidos e na Índia.

Alguns dos poemas desse livro foram adaptados para letras de canções, o que significa que para Cohen a composição musical e a literária se alimentam mutuamente.

"As suas canções revelam uma qualidade literária rara, no mundo da música popular, e a poesia e a prosa demonstram uma profunda musicalidade", sublinha a biografia oficial do músico.

Judeu e monge budista, criador de "Hallelujah", Leonard Cohen esteve 15 anos ausente dos palcos, tendo voltado a atuar em 2008, no âmbito de uma digressão internacional que o fez passar por Lisboa por três vezes, até 2010.

Os álbuns "Songs of Leonard Cohen" (1967), que inclui os temas "So long, Marianne" e "Sisters of Mercy", e "Songs of love and hate" (1971) são dois dos mais importantes da sua discografia.


Lusa

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Histórias Amorais Para Crianças e Animais de João Diogo Zagalo

Há já uns dias que queria por aqui este livro mas dificuldades com a net nos últimos dias (e o facto de só o ter comprado na sexta-feira) atrasaram a postagem.




35 Histórias com muitos amores negros, humores de verão, bizarros fait-divers, onde se cruzam personagens reais e de ficção, e um ou outro animal, numa atmosfera demente e amoral.


O Autor divide os seus contos em 5 temáticas diferentes (histórias de amor; histórias de trabalho; fait-divers; mini peças de teatro; histórias baseadas no imaginário popular). Mas tal como explica no Prefácio da Obra, estes Universos, todos povoados por personagens bizarros, interligam-se. Podemos, por exemplo, assistir a uma história de amor sobre um homem sem pescoço, ou uma história de trabalho onde a nova contratação da empresa é um funcionário invisível e mudo, que todos suspeitam nem sequer existir…


Um livro onde se cruzam as personagens dos contos das nossas infancias como nunca os vimos, gente normal e situações do quotidiano... mas com uma atmosfera e humor...  no minimo invulgares
Um livro divertido, um conjunto de pequenas histórias que se leem de um folego...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Obra Poética de José Carlos Ary dos Santos

José Carlos Pereira Ary dos Santos (Lisboa, 7 de Dezembro de 1936 — Lisboa, 18 de Janeiro de 1984) foi um poeta e declamador português.
Após a morte da mãe, vê publicados pela mão de vários familiares, alguns dos seus poemas. Tinha catorze anos e viria, mais tarde, a rejeitar esse livro. Ary dos Santos revelaria, verdadeiramente, as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. Várias poesias suas integraram então a Antologia do Prémio Almeida Garrett.
Através da música chegará ao grande público, concorrendo, por mais que uma vez, ao Festival RTP da Canção, sob pseudónimo, como exigia o regulamento. Classificar-se-ia em primeiro lugar com as canções Desfolhada Portuguesa (1969), com interpretação de Simone de Oliveira, Menina do Alto da Serra (1971), interpretada por Tonicha, Tourada (1973) e Portugal no Coração (1977), interpretações do conjunto Os Amigos.




Para muitos ele foi o autor de muitas e das melhores canções escritas em português [Ary dos Santos foi o autor de mais de seiscentos poemas para canções, interpretados por nomes tão variados como Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho ou Simone de Oliveira].
Numa altura em que se fala no ressurgimento da canção de intervenção e em que se levantou uma (quanto a mim) falsa polémica em relação à canção vencedora do Festival da Canção deste ano convém lembrar que foi ele o autor da letra da canção Tourada com que Fernando Tordo ganhou o mesmo festival em 1973 e que era uma critica à Primavera Marcelista e à situação que o país atravessava na época...

Mas José Carlos Ary dos Santos foi muito mais do que um escritor de canções e a prova-lo esta antologia que reune toda a poesia escrita por este grande poeta.



Intróito

Das tuas mãos de vidro, carregadas
De jóias tilitantes e doentes,
Das palavras que trazes afogadas,
Das coisas que não dizes mas entendes.

Do teu olhar virado às madrugadas
De fantásticos e exóticos orientes,
Do teu andar de tule, das estocadas
Dos gestos que não fazes mas que sentes.

Dos teus dedos sinistros, de tão brancos,
Dos teus cabelos lisos, de tão brandos,
Dos teus lábios azuis, de tanta cor,

É que me vem a fúria de bater-te,
É que me vem a raiva de morder-te,
Meu amor! Meu amor! Meu amor!

A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Medo de Al Berto

Al Berto

Poeta e editor português, de nome completo Alberto Raposo Pidwell Tavares, nasceu a 11 de Janeiro de 1948, em Coimbra, e faleceu a 13 de Junho de 1997, em Lisboa. Tendo vivido até à adolescência em Sines, exilou-se, entre 1967 e 1975, em Bruxelas, dedicando-se, entre outras actividades, ao estudo de Belas-Artes. Publicou o primeiro livro dois anos depois de regressar a Portugal.

Em mais de vinte anos de actividade literária, a expressão poética assumida por Al Berto, o pseudónimo do autor, distingue-se de qualquer outra experiência contemporânea pela agressividade (lexical, metafórica, da construção do discurso) com que responde à disforia que cerca todos os passos do homem num universo que lhe é hostil. Trazendo à memória as experiências poéticas de Michaux ou de Rimbaud, é no próprio sofrimento, na sua violenta exaltação, na capacidade de o tornar insuportavelmente presente (nas imagens de uma cidade putrefacta, na obsidiante recorrência da morte e do mal, sob todas as suas formas) que a palavra encontra o seu poder exorcizante, combatendo o mal com o mal. É neste sentido que Ramos Rosa fala de uma "poesia da violência do mundo e da realidade insuportável": "a opacidade do mal ou a agressividade do mundo é tão intensa que provoca um choque e um desmoronamento geral", mas "à violência desta destruição responde o poeta com uma violenta negatividade que é uma pulsão de liberdade absoluta, que procura por todos os meios o seu espaço vital.", sublinhando ainda a forma como esta espécie de "grito de fragilidade extrema e irredutível do ser humano, do seu desamparado infinito, da sua revolta absoluta e sem esperança", se consubstancia, ao nível do estilo, num ritmo "ofegante, precipitado, como um assalto contínuo feito de palavras tão violentas como instrumentos de guerra" (cf. ROSA, António Ramos - A Parede Azul. Estudos Sobre Poesia e Artes Plásticas, Lisboa, Caminho, 1991, pp. 120-121). No domínio editorial, a sua actividade pautou-se pela isenção e certa ousadia relativamente às políticas comerciais livreiras dominantes.
Inicialmente seguindo uma estética surrealizante de temática erótica, em O Anjo Mudo (1993) funde prosa e poesia, exprime intertextualidades, numa viagem marginal e purificadora. A quase totalidade da sua obra poética encontra-se coligida em O Medo.
Foi galardoado com o Prémio Pen Club de Poesia em 1987.

E é este O Medo que eru deixo como sugestão.
Uma colecção de alguns dos melhores poemas escritos em português nos últimos anos. Um trabalho simplesmente magnifico...

Dizem que a paixão o conheceu


dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos



Horto

homens cegos procuram a visão do amor
onde os dias ergueram esta parede
intransponível

caminham vergados no zumbido dos ventos com os braços erguidos - cantam

a linha do horizonte é uma lâmina
corta os cabelos dos meteoros - corta
as faces dos homens que espreitam para o palco
nocturno das invisíveis cidades

escorre uma linfa prateada para o coração dos cegos
e o sono atormenta-os com os seus sonhos vazios

adormecem sempre
antes que a cinza dos olhos arda
e se disperse

no fundo do muito longe ouve-se
um lamento escuro
quando a alba se levanta de novo no horto
dos incêndios

prosseguem caminho
com a voz atada por uma corda de lírios
os cegos
são o corpo de uma fogo lento - uma sarça
que se acende subitamente por dentro

Sida

aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem - partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz

arquivamos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas

acendemos então uma labareda nos dedos
acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração

e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta
nem a vida nem o que dela resta nos consola
a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rumor do corpo a encher-se de mágoa

assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amámos e não voltaram
a telefonar

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Memórias de um Pinga-Amor de Grouxo Marx

“Este livro foi escrito durante as longas horas em que esperei que a minha mulher se vestisse para sairmos. E se ela nunca se tivesse vestido, este livro nunca teria sido escrito.”



Julius Henry Marx (2 de Outubro, 1890 - 19 de Agosto, 1977) foi um actor americano que ficou mais conhecido como Groucho Marx um dos famosos Irmãos Marx foi protagonista de 26 filmes 13 dos quais com os seus irmãos: Leonard (Chico Marx), Milton (Gummo Marx), Arthur (Harpo Marx).
Este livro: Memórias de um Pinga-Amor foi escrito em 1963 e contem algumas pérolas do género das que transformaram os Irmãos Marx num dos mais bem sucedidos grupos de humor de todos os tempos.

Em tempos ele terá dito - e o grande problema com as citações de Grouxo Marx é que ele disse noutra ocasião: Podem citar-me desde que digam que me citaram mal.”- “A likely story — and probably true”.(Uma hisória provável – e provavelmente verdadeira.) e é o que se passa com as histórias que ele vai contando neste livro algumas até podem ser verdadeiras.

Na verdade a maioria das histórias são momentos de puro disparate, do humor feroz e por vezes ofensivo que caracterizou Grouxo Marx:

- Nunca esqueço uma cara, mas para si vou abrir uma excepção.
- Você é a mulher mais bela que vi em toda a minha vida… o que não abona muito em meu favor. - Ele pode parecer um idiota e até comportar-se como um idiota. Mas não se deixe enganar – ele é mesmo um idiota!

Li este livro pela primeira vez já lá vão mais de quinze anos e de cada vez que o leio continuo a rir-me como da primeira vez que o li.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pela Estrada Fora de Jack Kerouac

“Para onde ides vós, América, no vosso automóvel a cintilar pela noite fora?”


Vibrante...

Cheio de vida e cor...

Um retrato vivido de uma geração...


«Para as adolescentes, ele foi o poeta louco, o primeiro amor que nunca esqueceram, com a sua conversa sobre boleias em comboios de carga e carros, estrada fora. Kerouac criou um herói de estilo moderno em Pela Estrada Fora; inventou a Geração Beat, originou um estilo de viver e um estilo de escrever.»
The Guardian

O livro conta as viagens de Sal Paradise pelas estradas da America nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial na companhia do amigo Dean Moriarty. São páginas repletas de noites loucas... de alcool... de excessos... e de jazz muito jazz.
Da Costa Leste à Costa Oeste... de Norte a Sul os personagens loucos que habitam este livro percorrem as estradas americanas em busca de algo que nunca encontram...
Mais do que um romance é uma história dos fundadores do movimento Beat:
Neal Cassady transformouse em Dean Moriarty, Allen Ginsberg em Carlo Marx, William Burroughs em Old Bull Lee, e o próprio Kerouac em Sal Paradise.

"Para onde ides vós, América, no vosso automóvel a cintilar pela noite fora?” É a pergunta que a páginas tantas um dos personagens (Carlo Marx) faz e é uma pergunta que fica por responder.

Um romance que marcou toda uma geração.
Um livro magnifico...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Terceiro Reich de Roberto Bolaño

Udo Berger, que sempre quis ser um grande escritor, mas que tem de se conformar em ser o campeão de "jogos & estratégia de guerra em Stuttgart", decide ir ao Hotel del Mar, na Costa Brava catalã, com a sua nova namorada, Ingeborg (nome de uma das personagens de 2666). O objectivo é treinar-se para participar num novo jogo de estratégia, justamente Terceiro Reich, e preparar-se para ganhar um torneio internacional. Eles compartilham as suas férias com um outro casal alemão, Charlie e Hanna, até que o primeiro destes desaparece misteriosamente depois de se cruzar com dois sinistros personagens que também levantam suspeitas junto das autoridades locais: «O Lobo» e «O Cordeiro». Entretanto, Udo Berger é perseguido por um detective estranho e sombrio e, atormentado por essa perseguição sem sentido, acaba por entrar em delírio com a "paisagem surreal da Costa Brava". Tudo isto acontece quando entra num jogo de vida ou morte com um personagem enigmático e de rosto desfigurado, El Quemado. Uma autêntica sinfonia de literatura, política, divertimento surreal, absurdo. Gozo puro.

Surreal...? Absurdo...?
Talvez sim. Mas com a capacidade de prender o leitor de o fazer mergulhar na história e nos personagens nos ambientes... Conseguimos sentir as angustias do personagem como se fossem as nossas e isso poucos escritores conseguem...
Talvez não tenha a qualidade de 2666 como já li e ouvi dizer mas é ainda assim um excelente romance - um dos melhores que li nos últimos tempos...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Deus das Moscas de William Golding

Há algo neste livro que eu não sei explicar... mas sei que, desde a primeira vez que o li, já lá vão mais de quinze anos, nunca mais o consegui largar... É um daqueles livros que me acompanham onde quer que vá e a que regresso vezes sem conta.

Publicado originalmente em 1954, O Deus das Moscas de William Golding é um dos mais perturbadores e aclamados romances da actualidade.
Um avião despenha-se numa ilha deserta, e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. A supervisioná-los está Ralph, um jovem ponderado, e o seu amigo gorducho e esperto, Piggy. Apesar de Ralph tentar impor a ordem e delegar responsabilidades, muitos dos rapazes preferem celebrar a ausência de adultos nadando, brincando ou caçando a grande população de porcos selvagens que habita a ilha. O mais feroz adversário de Ralph é Jack, o líder dos caçadores, que consegue arrastar consigo a maioria dos rapazes. No entanto, à medida que o tempo passa, o frágil sentido de ordem desmorona-se. Os seus medos alcançam um significado sinistro e primitivo, até Ralph descobrir que ele e Piggy se tornaram nos alvos de caça dos restantes rapazes, embriagados pela sensação aparente de poder.

É um retrato cruel da natureza humana. É um retrato da história humana. Duro. Cruel. Por vezes sombrio e perturbador. Mas é um retrato fiel.
E por isso mesmo um livro magnifico...

Os Ladrões de Cisnes de Elizabeth Kostova


Aqui há uns anos tropecei por acaso num livro de que gostei imenso e que se chamava: "O Historiador" um livro que me prendeu. Há dias tive o prazer de encontrar numa livraria um livro da mesma autora.

O livro chama-se "Os Ladrões de Cisnes" e a autora Elizabeth Kostova.

O psiquiatra Andrew Marlow tem uma vida pacata e organizada, compensando a solidão com a dedicação ao trabalho e ao passatempo da pintura. Esta ordem é destruída quando o célebre e carismático pintor Robert Oliver ataca um quadro na Galeria Nacional e se torna seu paciente.
Internado numa instituição psiquiátrica, o pintor remete-se ao silêncio absoluto e recusa-se a revelar as razões que o levaram a atacar a obra de arte que retrata o corpo nu de uma mulher subjugada por um grande cisne branco. A única coisa que Oliver faz é desenhar repetidamente a figura misteriosa de uma bela mulher vestida à moda do período vitoriano.
Desesperado por compreender o segredo que atormenta o génio, o psiquiatra embarca numa viagem que o leva a conhecer as mulheres da vida de Oliver e a descobrir um trágico segredo esquecido há mais de cem anos. À entrada do labirinto, Marlow não sabe ainda que também ele será acometido por uma estranha obsessão.

Mais do que uma história é um conjunto de três histórias ligadas entre si e que a autora vai contando com um talento assombroso. Desde finais do Séc. XIX até aos nossos dias as histórias que a autora conta fundem-se numa trama única tendo um quadro como elo de ligação.
De um lado a história de Robert Oliver, contada pelas mulheres que o amaram e que viveram com ele durante anos... de outro lado a investigação levada a cabo pelo psiquiatra Andrew Marlow na tentativa de tratar Oliver... e ainda a verdadeira história por trás do quadro que Oliver atacou e a misteriosa mulher que ele insiste em retratar.

Um excelente livro, embora por vezes um pouco previsível... mas ainda assim excelente!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Luka e o Fogo da Vida de Salman Rushdie

De volta à campanha Nobel Pró Rushdie.








Como ninguém seguiu a sugestão do Luís tive de comprar este livro a seguir ao Natal… e mesmo tratando-se de uma história para adolescentes (foi escrita para o filho de doze anos) encontra-se nestas páginas toda a magia e criatividade deste que é, na minha opinião, o melhor escritor da actualidade.
Anos atrás Rushdie escreveu “Harun e o Mar de Histórias” que dedicou ao seu filho mais velho (se alguém souber onde o consigo arranjar por favor digam-me) Este livro sendo uma história diferente é uma espécie de continuação dessa história e dedicada ao seu filho mais novo.

Luka o irmão mais novo de Harun embarca numa aventura pelo Mundo da Magia numa tentativa de salvar o pai. Com ele viajam um urso chamado Cão e um cão chamado Urso. Pelo caminho cruzam-se com todo o tipo de obstáculos, adversários temíveis e poderosos e também, claro está, aliados e novos amigos.
Uma história, como já disse, repleta de magia e fantasia a fazer por vezes lembrar “O Feiticeiro de OZ” (assumidamente o filme preferido do autor). Uma história para adolescentes, sim senhor mas para ser lido por todos. Uma história fantástica que prova o talento e versatilidade deste grande senhor que já merece há muito o Nobel (cá volto eu ao mesmo!!!!!!) que os suecos insistem em negar-lhe.


Numa bela noite estrelada, na cidade de Kahani, em terras de Alifbay, aconteceu uma coisa terrível: o pai de um rapaz de doze anos chamado Luka, o contador de histórias Rashid, mergulhou súbita e inexplicavelmente num sono tão profundo que não havia quem conseguisse acordá-lo. Para o salvar de se sumir por completo, Luka tem de empreender uma jornada pelo Mundo Mágico, deparando pelo caminho com um sem-número de fantasmagóricos obstáculos, a fim de roubar o Fogo da Vida, uma tarefa aparentemente impossível e extremamente perigosa.

Com Harun e o Mar de Histórias, Salman Rushdie creditou-se como um dos melhores contadores de fábulas contemporâneas, e o livro revelou-se uma das suas obras mais populares junto de leitores de todas as idades. Se Harun foi escrito como presente para o seu primeiro filho, Luka e o Fogo da Vida, a história do irmão mais novo de Harun, é uma prenda para o segundo filho, por ocasião do seu décimo segundo aniversário.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Historias daqui e dali de Luis Sepulveda



Um conjunto de vinte e cinco pequenos textos pessoais de um dos melhores autores da actualidade. Um conjunto de textos que evoca pessoas, lugares ou situações espalhadas pelo tempo e pela memória do autor.
São todos eles textos carregados de sentimentos profundos (saudade por pessoas e locais desaparecidos, magoa pela crueldade e injustiça que o rodeiam…) e, em todos eles, está presente o olhar apurado e critico do autor.
Um excelente livro que se lê de um só fôlego

«Tá diz-se em uruguaio quando se procura afirmar com ênfase, e Tá respondeu Mario Benedetti quando a decência perguntou se havia que arriscar pelos pobres, pelos fracos, pelos condenados da terra, pelos que não tinham direito à alegria, pelos que sonhavam com uma existência justa, por uma palavra "amanhã" plena de sentido.»

Esta frase, que dá início a uma das histórias que Luis Sepúlveda recolhe neste livro, resume perfeitamente tanto o espírito que guia a vida do autor chileno, como as suas palavras. Palavras seguras, potentes mas sussurrantes, que sempre nos interrogam sobre o estado do mundo e das suas gentes. Foi essa interrogação constante que consagrou Luis Sepúlveda como um dos mais originais escritores de língua castelhana.

Nestas 25 histórias somos transladados para diversos cenários, distintas situações, países daqui e dali, mas as palavras do autor remetem-nos sempre para um mesmo território literário: o território dos derrotados que se negam a aceitar a derrota. Um território bem conhecido dos leitores de Luis Sepúlveda que, neste livro, se reencontrarão com algumas das melhores passagens da sua extensa obra literária.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Historia de Mayta de Mario Vargas Llosa

«- Tarde ou cedo, a história terá de ser escrita -, diz o senador, remexendo-se na cadeira até encontrar uma posição cómoda para a perna lesionada. - A verdadeira, não o mito. Embora ainda não seja a altura, por enquanto.»

Foram (pelo menos) onze anos a procurar por este livro. Nem em livrarias, nem alfarrabistas nem sequer na feira das velharias o consegui encontrar…

E agora que o Homem ganhou (finalmente!!!) o Nobel da literatura, finalmente encontrei-o, foi uma prenda de Natal é verdade, mas fui eu quem disse que queria receber este livro em particular.



A Historia de Mayta conta a história de Alejandro Mayta, o primeiro revolucionário peruano e da tentativa frustrada de fazer uma revolução no Peru.

A história é-nos contada através das entrevistas que o autor vai fazendo aos diversos personagens que lidaram directamente com Mayta. E através da confusão dos depoimentos por vezes contraditórios o autor cria uma pequena obra-prima em que vai desenvolvendo a história por trás quer do personagem quer das atitudes e depoimentos daqueles que vai entrevistando…

Foram (pelo menos) onze anos à espera de conseguir encontrar este livro mas posso garantir que valeu a pena…
Como de costume neste Grande Escritor, o livro é magnifico…