Vergílio Ferreira:

Este em nome da Terra, publicado pela primeira vez em 1990 foi um dos seus últimos romances e talvez o mais conseguido... sem dúvida um dos melhores do autor.
O romance é uma espécie de longa carta escrita por um juiz à mulher que amou.
Querida. Veio-me hoje um vontade enorme de te amar. E então pensei: vou-te escrever. Mas não te queria amar no tempo em que te lembro.. Quero-te amar antes, muito antes.
Mas mais do que uma longa carta de amor este livro é um poema sobre o corpo e a forma como ele se degrada e envelhece [Tenho nas mãos a memória do teu corpo, do boleado doce do teu corpo. As pernas, os seios, deixa-me encher as mãos outra vez. O fio ardente da tua pele. A face. Mal te vejo os olhos, mas o teu olhar cai sobre mim em torrente. Despi-me brusco, deitados os dois na areia, e a fúria, e o limite. E uma só verdade para nós e o universo. Deitados de costas, lemos as estrelas. A paz enorme de horizonte a horizonte. A eternidade. E a necessidade de estarmos lá, para não haver mais nada para fora de nós. Depois erguemo-nos, mergulhámos nas águas.] [Com amor ternura, lavo-te. É o teu corpo sem ti. Mas tenho a memória inteira para te reconstituir ao apelo do meu sofrimento.] e um retrato de vida vista e contada por alguém que vive os últimos dias esquecido por aqueles que amou.
Um romance que me marcou de formas que nem sei explicar...
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