Inovador... por vezes polémico, Llosa é um contador de histórias e desenvolveu como ninguém a arte superior de fundir em torno de uma mesma história vários enredos secundários que se fundem na narrativa central.
"A guerra do fim do mundo" é uma história baseada em factos reais acontecidos no Brasil nos finais do SEC. XIX. Misturando personagens reais e de ficção, Llosa conta-nos a história da revolta de Canudos vista de diferentes ângulos e da perspectiva de diferentes personagens.
A escrita é como de costume magistral

Já no seu romance de estreia "A cidade e os cães" Llosa atinge a perfeição no que diz respeito à fusão das diferentes perspectivas da história.
Passado no Colégio Militar Leoncio Prado, a história acompanha o percurso de um grupo de cadetes ao longo do curso naquela instituição.
Por um lado temos a perspectiva de Boa que nos vai contando episódios dos primeiros anos no Colégio (numa primeira fase) e da vida no mesmo colégio nos últimos dias do curso.
Depois temos a personagem do Poeta que nos dá ao mesmo tempo a visão do Colégio e da vida fora dele antes e durante o tempo em que está no Colégio.
Dos personagens Escravo e Jaguar temos apenas a visão do que foi a vida deles antes de entrarem no Colégio.
E temos ainda, por vezes, a visão do Tenente Gamboa que nos mostra o mundo dos oficiais do Colégio.
O que torna esta obra inigualável é a mestria com que o Autor passa de uma perspectiva a outra sem perder o fio da narrativa e sem confundir o leitor.
Embora tanto "A Guerra do Fim do Mundo" como "Conversa na Catedral" sejam considerados os melhores romances de Vargas Llosa, para mim este livro continua a ser o melhor dele. Talvez por ter sido o primeiro que li dele, aquele que me fez descobrir o Autor. Não sei!
De alguma forma este livro marcou-me. E isso num livro é o mais importante.

1 comentário:
"A guerra do fim do mundo" deve ser um dos melhores romances que li nos últimos anos.
Sem dúvida alguma Vargas Llosa já merecia o Nobel como vocês defenderam em várias ocasiões...
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