Mas isso é, infelizmente, o costume. Foram muito poucos os livros adaptados para o cinema que eu possa dizer que gostei ou que correspondem àquilo que está descrito no livro. O que não impede que sejam bons filmes ou que tenham sucesso - ou sejam um completo fracasso. Para dar alguns exemplos os livros do Grangé ("Rios de púrpura", "O império dos lobos" ou "O concilio de pedra" excelentes filmes mas que fogem um pouco ao original; "Contacto" ao fazerem um filme politicamente correcto fugiram ao debate ciência/religião que era no fundo a alma do romance de Sagan; ou ainda e para terminar "Clube de combate" que é provavelmente o único livro adaptado para o cinema que corresponde em 99% ao (magnifico) livro de Chuck Palahniuk (preferi ainda assim o final do livro).
Isto a propósito do livro de que vos quero falar hoje: "O Clube Dumas" de Arturo Pérez-Reverte (adaptado ao cinema por Robert Polanski com Johnny Depp no principal papel) com o titulo de "A Nona Porta" - um excelente filme por sinal mas não tão bom como o livro.

Pode um livro ser investigado policialmente como se tratasse de um crime, utilizando as suas páginas, papel, gravuras e características de impressão como pistas, num apaixonante percurso de três séculos?
Lucas Corso, mercenário da bibliofilia, caçador de livros por conta de outrem, tem de encontrar resposta para essa pergunta quando recebe uma dupla de clientes seus: autenticar um manuscrito de Os Três Mosqueteiros e decifrar o mistério de um estranho livro, queimado em 1667 juntamente com o homem que o imprimiu. A investigação arrasta Corso - e com ele, irremediavelmente, o leitor - para uma perigosa busca que o levará dos arquivos do Santo Ofício aos livros condenados, das poeirentas estantes dos alfarrabistas às mais selectas bibliotecas dos coleccionadores internacionais. Construído com o excepcional talento narrativo, este livro organiza peça a peça uma trama excitante, minuciosa e complexa onde se congregam os ingredientes do romance clássico em fascículos, as histórias policiais e de mistério, os jogos de adivinhas e as técnicas do folhetim de aventuras.
E é por aqui que começam as diferenças: Enquanto no livro Corso (Lucas Corso no livro, Dean Corso no filme) investiga dois livros no filme o manuscrito de Alexandre Dumas simplesmente não é mencionado de todo e um dos trunfos do livro de Reverte é precisamente a relação que se vai estabelecendo entre os dois livros ao longo da investigação de Corso.
Vantagem pois para Reverte e um ponto a menos para Polanski que não percebeu ou ignorou esse facto.
Mas, e no essencial, são duas grandes obras (literária e cinematografica) mas com vantagem para o livro que aconselho.
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