"A Balada do Café Triste"
Tal como o Mário, também eu me estou a dedicar a releituras... até porque se estiver sempre a comprar livros não há orçamento que aguente...
Neste momento estou a reler o magnifico "A Balada do Café Triste" de Carson McCullers. E diga-se de passagem que é uma releitura de uma releitura - já o li umas cinco ou seis vezes...
O que, penso eu, é sinal que gosto do livro.

Escrita em 1951, esta novela foi considerada por Tennessee Williams como uma das obras-primas em prosa da língua inglesa. E Graham Greene, com a usual ironia, comparava-a a Faulkner: “Prefiro a Miss McCullers a Faulkner porque escreve com mais clareza; prefiro-a a D.H. Lawrence porque não tem mensagem.” A sucinta obra de Carson McCullers descreve um mundo solitário e marginal, onde se entra sem aviso prévio: “É uma terra sombria. Tem só uma fábrica de algodão, casas de duas assoalhadas onde vivem os operários, alguns pessegueiros, a igreja com duas janelas de vitral e uma rua principal, feia, que não tem mais de noventa metros.”
“Se uma pessoa descer a rua principal numa tarde de calor de Agosto, não encontra absolutamente nada que fazer. O edifício maior, no centro da povoação, foi entaipado e encontra-se de tal maneira inclinado para a direita, que parece prestes a cair de um momento para o outro. A casa é muito antiga. Tem um aspecto estranho e arruinado que intriga, até que, de súbito, se percebe que há muito tempo, o lado direito da varanda esteve pintado e também parte da parede, mas o trabalho não chegou a ser concluído e, por isso, uma parte da casa é mais escura e soturna.”
"A Balada do Café Triste"

Carson McCullers descreve em poucas páginas uma série de eventos, que culminam - após páginas de suspense crescente - na derrota da personagem principal, Amelia Evans.
Não é difícil simpatizar com esta mulher alta e independente quando começa mudar, devido ao seu amor pelo seu sobrinho recentemente chegado.
A história é muito vívida, por causa da descrição expressiva dos personagens e dos relacionamentos entre eles. A solidão, a traição e a perda que são parte do destino de Amelia, devem também ser encontrados na vila (a perda do café) e poderiam referir-se a nós e ao mundo em torno de nós.
O leitor quer saber como a história termina e o que acontece ao personagem principal, quando o lê pela primeira vez.
Quando lê a história uma segunda vez percebe como a história, os personagens e a instalação são tão perfeitamente construídos e compostos.
1 comentário:
"Balada do Café Triste"´é uma história inesquecível, "a sad, sad story...", sem esperança...
Por isso talvez,amo um pouco mais o "coração solitário caçador", título tão bonito que é sempre belo seja em que língua for! Leio, releio, tresleio e recomeço a ler!
Também sou bibliofiliaca (?). É grave, não é? Doença sem cura...
Venham dar uma olhadela ao meu blog:
http://falcaodejade.blogspot.com. tenho um post (agosto 2009?) sobre C. McCullers.
Continuem!
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