Mas Palahniuk é bem mais do que isso...
É difícil encontrar adjectivos para o qualificar, quem quer que tenha lido um livro dele (ou viu a adaptação ao cinema de algum dos livros) sabe que os livros dele são habitados por seres invulgares, por vezes psicóticos, os rejeitados da sociedade...
Mas neste "Lullaby - canção de embalar" (que finalmente ao fim de já nem sei quantos anos o Mário finalmente me emprestou) temos um dos melhores livros dele que me recordo de ter lido.

Carl Streator, um viúvo solitário, repórter jornalístico quarentão que é enviado para fazer uma série de artigos sobre o Síndroma de Morte Súbita Infantil. No decurso da investigação, descobre uma sequência sinistra: a presença nos locais dessas mortes da antologia “Poemas e Rimas à volta do Mundo”, todos os exemplares abertos numa página onde surge um canto africano – uma canção de embalar. Essa canção revela-se letal quando falada ou mesmo pensada na direcção de alguém e quando se aloja no cérebro de Streator, ele transforma-se num serial killer involuntário. Junta-se então a uma agente imobiliária, Helen Hoover Boyle, especializada na venda de casas assombradas e que perdera uma criança há vários anos por acção da canção. O seu objectivo é eliminar todas as cópias do livro, impedindo que esse letal vírus verbal se espalhe e extermine a Humanidade. Acompanhado-os na viagem estão a assistente de Helen, Mona Sabbat, uma Wiccan extremamente zelosa, e o seu cínico namorado eco-terrorista, Oyster.
“Imaginem uma praga que se apanha através dos ouvidos.
Paus e pedras vão quebrar-vos os ossos, mas agora as palavras também vos conseguem matar.
A nova morte, esta praga, pode vir de qualquer lado. Uma canção. Um anúncio suspenso no céu. Um boletim noticioso. Um sermão. Um músico na rua. Pode apanhar-se a morte de um tipo das televendas. Um professor. Um ficheiro na internet. Um cartão de parabéns. Um bolinho da sorte. [...].
Imaginem o pânico. [...].
Imaginem as pessoas a entoar canções, a cantar hinos, para abafar todo e qualquer som que pudesse trazer a morte. Com as mãos bem coladas nos ouvidos, imaginem as pessoas a rejeitar toda e qualquer canção ou discurso em que a morte pudesse ser codificada, da maneira como os maníacos envenenam um frasco de aspirina. Qualquer palavra nova. Qualquer coisa que eles não compreendem já será suspeita, perigosa. Evitada. Uma quarentena contra a comunicação.”
in “Lullaby – Canção de Embalar” de Chuck Palahniuk
1 comentário:
Clube de combate, Asfixia, Monstros invisiveis, Diário...
Devorei esses livros como se não houvesse amanhã.
A escrita doe Palahniuk tem o dom de nos fazer acreditar naquilo que estamos a ler... por mais fantásticas, por mais inacreditaveis que sejam os personagens e situações há neles algo que ultrapassa a ficção e nos prende ao livro.
Mas este confesso que apesar de saber há anos da sua existencia nunca o consegui encontrar... assim como um outro dele que me disseram ter sido publicado em portugal e nunca encontrei "Sobrevivente"
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