Pelo menos isso já me aconteceu com mais de um livro. E desses aquele a que eu volto mais vezes é provavelmente este “Pastagens do Céu” de John Steinbeck.

Sem exagero li este livro mais de dez vezes…
“- Sempre pensei que devia ser óptimo ter ali uma casinha – diz o condutor do autocarro. – Gosto sempre de olhar lá para baixo e pensar como ali poderia viver fácil e tranquilamente…”
Steinbeck deixava em todos os seus livros um sentimento de tragédia, algo de profundamente perturbador, algo sombrio. E este livro não é diferente nesse aspecto. Mesmo se o cenário é um vale de beleza quase paradisíaca.
Em “Pastagens do Céu” (segundo livro do autor, publicado em 1932 e um ano do magnifico “A Um Deus Desconhecido”), Steinbeck conta-nos o dia-a-dia de uma pequena cidade situada num vale da Califórnia. Relatando pequenas histórias saltando de um personagem para outro em que o personagem central é o próprio vale Steinbeck dá-nos um vislumbre da vida sombria num canto do paraíso… Histórias marcadas pela tragédia… pela desgraça, pelo infortúnio no meio de tanta beleza…
Neste romance ele mostra-nos, ou tenta mostrar que, ainda que vivamos num jardim paradisíaco, criamos em nós e para nós os nossos próprios céus e infernos. E que, por mais que nos tentemos afastar do mundo e das suas amarguras, nada do que fizermos nos pode afastar do destino.
E na escrita do autor o destino é sempre negro e trágico…
Mesmo que no fim de cada livro dele haja sempre um raio de luz e esperança em dias melhores adivinhamos pela escrita do autor que esses dias serão breves e a preparação para mais e mais dificuldades e agruras…
Um pessimista em resumo. Mas um pessimista que sabia escrever como poucos…
Ao longo de doze histórias interligadas, tendo por cenário um vale fértil da Califórnia, John Steinbeck retrata, de forma deslumbrante, os fracassos e as fragilidades, os sonhos e as ilusões, que por vezes destroem insidiosamente as promessas das «pastagens do céu». Através da descrição de acontecimentos aparentemente irrelevantes que tantas vezes transformam de forma decisiva as vidas das pessoas, Steinbeck lança muitos dos temas que virão a marcar as grandes obras da sua maturidade. Cada uma destas histórias está ligada às restantes pela presença, em todas elas, dos Munroe, uma família cujo comportamento disfuncional e cuja falta de sensibilidade provocam, não raras vez, desastres e até mesmo tragédias. Pastagens do Céu é a crónica dramática de uma decadência, na qual, por culpa de alguns, vão pouco a pouco perecendo a harmonia e as esperanças que durante muito tempo estruturaram a vida de toda uma comunidade. «Ritmada, realista e cáustica, a escrita de Steinbeck é notável pela originalidade do seu estilo e das imagens de que faz uso, e também por um apuradíssimo sentido poético.» The New York Times Book Review
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