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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Clube dos Anjos Luis Fernando Verissimo


Eu ia começar esta postagem a dizer que o "meu Verissimo preferido" não tem nada a ver com o do Mário... mas quando andei a pesquisar na net à procura duma imagem da capa do livro descobri que o "meu" Verissimo é filho do do Mário.

Agora o livro.


"Tudo começou com o picadinho de carne com farofa de ovo e banana frita. Foi em volta de uma mesa adolescente que eles passaram a se reunir, até que os jantares se tornaram cada vez mais requintados – e sempre mensais, durante 21 anos. Eles tinham em comum uma afinidade animal e também o exercício de uma arte única: a gastronomia como prazer cultural e desafio filosófico. Até que um perverso e misterioso cozinheiro apareceu…"

Nem sei muito bem como o clasificar. É talvez uma mistura de policial com humor (tão caracteristico do autor - quem leu as crónicas dele sabe o que quero dizer).
É talvez, e muito resumidamente, uma história de mistério, uma insólita e bem humorada celebração da gula.
Acho que a melhor definição foi dada pelo autor numa entrevista publicada em:

http://www.editoras.com/objetiva/224-8.htm

O senhor diria que seu romance pertence ao gênero policial, ou seria mais uma brincadeira com o gênero, já que desde as primeiras páginas ficamos sabendo quem vai morrer e quem vai matar?

- É um policial porque envolve crimes e a revelação do motivo dos crimes, embora o criminoso seja conhecido desde a primeira página. Mas a intenção era apenas, usando as convenções da literatura policial, que são levemente parodiadas, contar a história de um grupo de pessoas.

Por que todos os integrantes do Clube do Picadinho são pessoas fracassadas na vida pessoal e profissional?

- O livro pretende ser um retrato, não muito realista, de uma determinada geração brasileira. São fracassados porque isto serve à trama, explica porque no fim todos se deixam matar, mas também porque eu queria dar a idéia do fim de uma geração inútil.

Para aqueles que não conhecem o tipo de humor do autor leiam a crónica dele publicada semanalmente no jornal EXPRESSO.

ou fiquem com estes exemplos:

O Que Dizer
Dez coisas para dizer quando um visitante mal informado
perguntar que buraco enorme é esse no chão. Jamais diga a verdade, que é
para um metrô que só ficará pronto quando o Cristo Redentor perder a
paciência, botar as mãos na cintura e ameaçar com intervenção. Ele não
vai acreditar.)
1— Foi um meteorito.
2 — Há insistentes rumores de guerra com a Argentina e o
governo está construindo abrigos anti-aéreos para a população.
3 — Que buraco?
4 — Todas as ruas estão sendo rebaixadas para aumentar a altura
dos prédios, que assim pagarão mais impostos.
5 — Está bem, está bem, mas e o problema dos negros nos
Estados Unidos?
6 — Estão procurando restos de uma antiga civilização que viveu
aqui, os Cariocas, gente de ótima disposição que desapareceu certo dia
durante um engarrafamento de trânsito. Até agora só recuperaram uma
camisa listrada, um reco-reco e um leque com a inscrição "Baile dos
Batutas, 19 e ilegível". Pouco se sabe dos Cariocas (nome indígena que
significa "não deixe para amanhã o que um paulista pode fazer por você
hoje"). Foram descobertos por marinheiros holandeses que procuravam
um caminho mais curto para o Bolero. Viviam das formas mais
rudimentares de agricultura, plantando bananeira na avenida e atirando
verde para colher maduro. Não deixaram descendentes. Outro dia correu
o boato de que tinha aparecido um Carioca no Degrau, mas foram
investigar e era só um gaúcho de brim desbotado, chiando muito. Mas as
escavações continuam.
7 — Como vamos todos entrar pelo cano, estão instalando um
bem grande.
8 — Você quer brigar?
9 — São as obras do novo aeroporto, e não faça mais perguntas.
10 — É para o metrô que só ficará pronto quando o... eu sabia que
você não ia acreditar.
Cinco coisas para dizer quando seu filho menor chegar em casa e
quiser saber o que é, pela ordem: contrato de risco, dívida externa e sexo.
1 — Vá dormir!
2 — Pergunte para a sua mãe.
3 — Pergunte para a sua mãe e depois venha me dizer.
4 — Contrato de risco é como se o papai mandasse você procurar
minhocas no quintal e, como o quintal é do papai, você ficava com parte
das minhocas e o papai com outra parte. Dívida externa é... como, que
parte da minhoca? Tanto faz, 40 por cento da minhoca para você e 60 para
mim.
Não, você não pode botar sua parte da minhoca no prato da sua
irmã. Não sei como é que se descobre qual é a cabeça e qual é o rabo da
minhoca, e não faz diferença. Está bem. Eu fico com os rabos. Esquece a
minhoca!
Dívida externa é como a mamãe pedir dinheiro emprestado para
o papai para pagar a loja, depois pedir dinheiro emprestado para a sua
avó – e sem me dizer nada! — para pagar o papai e depois pedir dinheiro
do papai para pagar a sua avó, e ainda gastando a minha gasolina no vaie-
vem!
Pode, pode botar sua parte das minhocas no prato da mamãe.
Agora sexo é mais ou menos como contrato de risco e dívida externa, só
que é fundamental saber onde fica tudo na minhoca. E vá dormir.
5 — Escuta aqui, com que turma você tem andado?
in "as mentiras que os homens contam"

Lembro-me como se fosse há oito bilhões de anos. Eu era uma célula
recém-chegada do fundo do miasma e ainda deslumbrado com a vida agitada da
superfície, e você era de lá, um ser superficial, vivida, viciada em amônia, linda,
linda. Nós dois queríamos e não sabíamos o quê. Namoramos um milhão de
anos sem saber o que fazer, aquela ânsia. Deve haver mais do que isto, amar
não deve ser só roçar as membranas. Você dizia "Eu deixo, eu deixo", e eu dizia
"O quê? O quê?", até que um dia. Um dia minhas enzimas tocaram as suas e
você gemeu, meu amor, "Assim, assim!". E você sugou meu aminoácido, meu
amor. Assim, assim. E de repente éramos uma só célula. Dois núcleos numa só
membrana até que a morte nos separasse. Tínhamos inventado o sexo e vimos
que era bom. E de repente todos à nossa volta estavam nos imitando, nunca
uma coisa pegou tanto. Crescemos, multiplicamo-nos e o mar borbulhava. O
desejo era fogo e lava e o nosso amor transbordava. Aquela ânsia. Mais, mais,
assim, assim. Você não se contentava em ser célula. Uma zona erógena era
pouco. Queria fazer tudo, tudo. Virou
ameba. Depois peixe e depois réptil, meu amor, e eu atrás. Crocodilo, elefante,
borboleta, centopéia, sapo e de repente, diante dos meus olhos, mulher. Assim,
assim! Deus é luxúria, Deus é a ânsia. Depois de bilhões de anos Ele acertara a
fórmula. "É isso!", gritei. "Não mexe em mais nada!"
— Quem sabe mais um seio?
— Não! Dois está perfeito.
— Quem sabe o sexo na cabeça?
— Não! Longe da cabeça. Quanto mais longe melhor! Linda, linda. Mas
algo estava errado. Não foi como antes.
— Foi bom?
— Foi.
— Qual é o problema?
— Não tem problema nenhum.
— Eu sinto que você está diferente.
— Bobagem sua. Só um pouco de dor de cabeça.
— No caldo primordial você não era assim.
— A gente muda, né? Nós não somos mais amebas.
E vimos que era complicado. Nunca reparáramos na nossa nudez e de
repente não se falava em outra coisa. Você cobriu seu corpo com folhas e eu
construí várias civilizações para esconder o meu. "Eu deixo, eu deixo — mas não
aqui." Não agora. Não na frente das crianças. Não numa segunda-feira! Só
depois de casar. E o meu presente? Depois você não me respeita mais. Você vai
contar para os outros. Eu não sou dessas. Só se você usar um quepe da
Gestapo. Você não me quer, você quer é reafirmar sua necessidade neurótica de
dominação machista, e ainda por cima usando as minhas ligas pretas. O quê?
Não faz nem três anos que mamãe morreu! Está bem, mas sem o chicote. Eu
disse que não queria o sexo na cabeça, Senhor!
— Nós somos como frutas, minha flor.
— Vem com essa...
— A fruta, entende? Não é o objetivo da árvore. Uma laranjeira não é
uma árvore que dá laranjas. Uma laranjeira é uma árvore que só existe para
produzir outras árvores iguais a ela. Ela é apenas um veículo da sua própria
semente, como nós somos a embalagem da vida. Entende? A fruta é um
estratagema da árvore para proteger a semente. A fruta é uma etapa, não é o
fim. Eu te amo, eu te amo. A própria fruta, se soubesse a importância que nós
lhe damos, enrubesceria como uma maçã na sua modéstia. Deixa eu só
desengatar o sutiã. A fruta não é nada. O importante é a semente. E a ânsia, é o
ácido, é o que nos traz de pé neste sofá. Digo, nesta vida. Deixa, deixa. A flor,
minha fruta, é um truque da planta para atrair a abelha. A própria planta é um
artifício da semente para se recriar. A própria semente é apenas a representação
externa daquilo que me trouxe à tona, lembra? A semente da semente, chega
pra cá um pouquinho. Linda, linda. Pense em mim como uma laranja. Eu só
existo para cumprir o destino da semente da semente da minha semente. Eu
estou apenas cumprindo ordens. Você não está me negando. Você está
negando os desígnios do Universo. Deixa.
— Está bem. Mas só tem uma coisa.
— O quê?
— Eu não estou tomando pílula.
— Então nada feito.
Mais, mais. Um dia chegaríamos a uma zona erógena além do Sol. Como
o pólen, meu amor, no espaço. Roçaríamos nossas membranas de fibra de
vidro, capacete a capacete, e nossos tubos de oxigênio se enroscariam e
veríamos que era difícil. Eu manipularia a sua bateria seca e você gemeria como
um besouro eletrônico. Asssssiiiim. Asssssiiiiim.
Um dia estaríamos velhos. Sexo, só na cabeça. As abelhas andariam a pé, nada
se recriaria, as frutas secariam. Eu afundaria na memória, de volta às origens do
mundo. (O mar tem um deserto no fundo.) Uma casca morta de semente, por
nada, por nada. Mas foi bom, não foi?
in:"sexo na cabeça"

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Invasores Terrestres Robert Silverberg

Já o disse antes e mantenho-o sou fã de ficção cientifica.
E dos muitos autores do género que tenho devorado ao longo dos anos poucos me prenderam tanto a atenção como ROBERT SILVERBERG. Podia estar aqui a enumerar obras e prémios e tecer louvores a tarde toda mas penso que basta dizer que começou a publicar livros nos anos 50 e nunca mais parou.
Dos livros dele aquele que mais me marcou foi talvez este "INVASORES TERRESTRES" (Invaders from Earth) publicado originalmente em 1958.



E acho que gostei por ser o contrário do que é habitual neste género. Não é a Terra a ser invadida por uma qualquer raça ávida de terras ou recursos mas são os terrestres quem se prepara para invadir um planeta habitado (Ganímedes uma das luas de Júpiter) para se apoderar das suas riquezas naturais.
O autor conduz-nos com mão de mestre por todo o processo de preparação da invasão desde o seu planeamento até à execução.

A Empresa de Desenvolvimento e Exploração Extraterrestre, na primeira viagem de exploração de Ganímedes, descobriu uma raça extraterrestre e fabulosas jazidas de minerais radioactivos no planeta. Para as poder explorar contratam uma empresa de relações publicas para mostrarem os inofensivos habitantes do planeta como uma ameaça à Terra.
Uma obra assustadora, mas convincente, sobre os poderes da mistificação e da manipulação da consciência, narrada com ímpeto e mestria. "Invasores Terrestres", ou o poder da mentira!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Clarissa Erico Verissimo

Descobri que uma das vantagens de escrever neste blog é: se me queixar que me falta um livro, que queria encontrar um livro que não encontro em lado nenhum ele acaba por aparecer caído do céu.
Aqui há uns tempos queixei-me que nunca tinha encontrado os livros "Clarissa" e "Caminhos Cruzados" do Erico Veríssimo e depois de alguns dias o Marcelo fez-me chegar às mãos, não apenas estes dois livros como ainda:"Olhai os Lirios do Campo", a trilogia "O Tempo e o Vento", "O Senhor Embaixador" e "O Prisioneiro" - todos do mesmo autor.
Por isso Marcelo muito, mas mesmo muito obrigado!!!!!!!!
Publicado em 1933 Clarissa é o romance de estreia deste autor brasileiro nele conhecemos Clarissa que virá a estar presente em muitos dos romances da primeira fase da carreira de Veríssimo.

Natural de Jacarécanga Clarissa, uma jovem curiosa de treze anos, estuda em Porto Alegre onde vive na pensão de uma tia. Pouco dada aos estudos é constantemente vigiada e repreendida pela tia o que faz aumentar as saudades da liberdade do campo de que usufruía na fazenda de seus pais. Entretêm-se a observar as pessoas que giram à sua volta: os hóspedes da tia e quem vive na vizinhança. A traidora esposa de Barata, Ondina, Amaro, o músico triste e contemplativo, o distraído major, a conservadora tia e o seu marido que se encontra desempregado, a família rica que mora ao lado e a viúva que tem um filho mutilado, Tonico, que ficou sem as duas pernas em consequência de um acidente de viação, que sonha em marchar com exércitos e que acaba por morrer são algumas das personagens que lhe chamam a atenção. Clarissa acaba por voltar para casa dos pais deixando Amaro ainda mais triste pois estava secretamente apaixonado pela jovem, inocente e bela moça.
Podemos ver aqui um contraponto entre Clarissa ("claridade", "luz") e Amaro ("amargo").

o gosto pelo rigor da descrição, pela minúcia da fotografia, manifestasse como característica que o acompanharia sempre. Sua fidelidade à vida tal como ela é em toda a multiplicidade de variados aspectos, inclusive aqueles que se apresentam sórdidos e desagradáveis.

Trata-se de uma composição realista que assegura a veracidade do cenário retratado e dos seres que nele se movimentam. O romancista não se impõe às personagens; ao contrário, prefere ver o mundo através das personagens; e isso as faz viver como gente de carne e osso.

O universo de Clarissa, dependendo do ângulo em que observamos, pode ser muito limitado ou infinitamente amplo em sugestões e promessas. Na verdade, está circunscrito no estreito território da pensão da Tia Zina e sua população pequeno-burguesa consumida na luta inglória pelo ganha-pão de cada dia. Entretanto, a presença de Clarissa amplia pouco a pouco a significação desse cenário, porque a narrativa se organiza em torno de seu desdobramento psicológico, e o que de fato interessa é a sua descoberta em relação aos seres e às coisas que a cercam. Imperceptivelmente, o autor se dissimula, quase escondendo-se num segundo plano, e deixa que a revelação do mundo observado se apresente através das surpresas, dúvidas e curiosidades que preenchem a consciência de Clarissa. Assim, fica aberto um caminho que permite a passagem da simples fotografia para o romance psicológico, de maneira que o leitor já não perceba a história como coisa "armada", sentindo-a antes como parte integrante de uma experiência vivida.

A "naturalidade" do relato guarda esse atributo indispensável à grande ficção de onde nasce o verdadeiro mundo das personagens: a possibilidade de existir na realidade. Este segredo do romancista é a prova da sua sensibilidade diante do assunto extremamente complexo que escolheu - o mundo banal e opaco de todas as horas, redescoberto através da perspectiva (meio lógica, meio fantástica) da adolescência:

"...sobre uma coluna de madeira escura, a um canto da sala rebrilha o aquário. Pirolito está agitado. Será que a luz elétrica o assusta? Clarissa se aproxima do vaso de cristal. Agora nota que a água parece toda cheia de rebrilhos. A janela, as lâmpadas elétricas, os móveis da sala, tudo se reflete no aquário."

Ultrapassando o perigo, Érico Veríssimo preferiu que Clarissa, ela própria, o conduzisse entre coisas que vão aparecendo no fluxo da descoberta. O mundo juvenil, povoado de sonhos e fantasias, possuía uma peculiaridade inconfundível: estava todo ele "refletido no aquário", mudando o desenho a todo momento, metade de cada coisa revelada e a outra metade ainda interrogável na sombra. A realidade teria de ser captada no contorno do aquário, respeitando o mistério do universo de Clarissa que só a ela pertence. Se trata, basicamente, de um problema de linguagem, isto é, encontrar a linguagem que narre a consciência fantasiosa de Clarissa e, ao mesmo tempo, preserve a sua identidade, sem se confundir com a perspectiva adulta e racional do seu criador.

Clarissa é a história límpida e serena de um ano de vida de uma criança que se faz mulher. "Na monotonia cotidiana da pensão de sua tia Zina", escreve um dos críticos que melhor compreenderam o sentido deste romance, "ela é um raio de sol, uma mancha rutilante de alegria. É a poesia da vida no meio do realismo mesquinho. Nela, tudo encanta porque tem a inocência que a angeliza, e o sabor das coisas naturais que ainda não sofreram as deformações da sociedade... Clarissa é qualquer coisa de agreste e puro. Clarissa é música e é poesia. Menina e moça - olhos abertos para o mistério sa vida. alma que amanhece."
Clarissa é uma jovem de 13 anos que mora na pensão da tia enquanto estuda em Porto Alegre. Ela é uma jovem curiosa, descobrindo o mundo, a adolescência e a vida. Não gosta muito de escola, sente saudades da fazenda em sua cidade natal, Jacarecanga e observa as pessoas que moram na pensão da tia e na vizinhança: Ondina, a infiel esposa de Barata; Amaro, o músico triste e contemplativo; o distraído major; a conservadora tia e seu desempregado marido; a família rica que mora ao lado e a viúva com o filho mutilado. Este último, Tonico, perdeu as duas pernas num acidente de bonde e sonha em marchar com exércitos. Frágil, acaba morrendo. Quanto a Amaro, este sempre contempla Clarissa, sua juventude, sua inocência, sua beleza aflorando da menina que vai se tornando moça. Clarissa faz 14 anos (e ganha permissão para usar salto alto) e passa na escola. O livro acaba com Clarissa voltando para Jacarecanga (e encontrar o primo Vasco) enquanto Amaro fica triste na pensão a pensar nela. O primeiro romance de Erico Verissimo, Clarissa apresenta um panorama da vida de uma jovem na Porto Alegre de 1932 e começa a história que se estenderá por seus romances da primeira fase.
O romance sempre conta uma história de ficção que seu autor criou a partir das angústias, insatisfações ou alegrias que a realidade lhe ofereceu. As personagens inventadas serão projeções da sua experiência no mundo real transposto para a ficção. Assim, o romancista será bom ou mau romancista justamente na medida em que a sua capacidade de expressão nos faça aceitar como verdadeiro esse mundo que é de pura fantasia, quando as pessoas fictícias nos convençam e emocionem tanto quanto as pessoas "reais". Pois essa é a qualidade maior da Clarissa de Erico Verissimo e também, creio eu, o segredo da comunicabilidade que tenha assegurado o sucesso da sua história junto ao público nos últimos quarenta anos. Clarissa se impõe como pessoa viva, movimenta-se com ritmo e luminosidade, despertando a simpatia do leitor, que passa a dialogar com ela na identificação ou na recordação. No primeiro caso estarão os leitores da sua idade, adolescentes por volta dos quatorze anos, que subitamente se vêem refletidos na complexa psicologia duma menina onde o próprio desenrolar da vida é uma constante descoberta. Os outros somos nós, leitores adultos, mais sérios e exigentes em relação à literatura, que, não obstante, tranformamos a exigência em adesão quando Clarissa representa aquele mundo que já foi nosso, ao qual desejaríamos voltar, repetindo-o mais uma vez.
"Clarissa vai andando aérea, sem esforço, leve, como se tivesse asas. As abas do chapéu bamboleiam, moles, põem-lhe no rosto iluminado uma sombra mansa que lhe vai até o meio do nariz, dividindo-lhe o rosto em duas zonas distintas. Dentro da zona sombria os olhos fulgem. Dentro da zona luminosa os lábios ainda ficam mais encarnados. Clarissa não responde, não ouve, não atende. Anda longe, numa viagem maravilhosa."
Neste livro de 1933, primeiro romance de Erico Verissimo, o gosto pelo rigor da descrição pela minúscia da fotografia, manifesta, como característica que o acompanhará sempre, sua fidelidade à vida tal como ela é em toda a multiplicidade de variados aspectos, inclusive aqueles que se apresentam sórdidos e desagradáveis. Trata-se de uma posição realista que assegura a veracidade do cenário retratado e dos seres que nele se movimentam. O romancista não se impõe às personagens; e isso as faz viver como gente de carne e osso. O universo de Clarissa, dependendo do ângulo em que observemos, pode ser muito limitado ou infinitamente amplo em sugestões e promessas. Na verdade, está circunscrito ao estreito território da pensão de tia Zina e sua população pequeno-burguesa consumida na luta inglória pelo ganha-pão de cada dia. Entretanto, a presença de Clarissa amplia pouco a pouco a significação desse cenário, porque a narrativa se organiza em torno ao seu desdobramento psicológico, e o que de fato interessa é a sua descoberta em relação aos seres e às coisas que a cercam. Imperceptivelmente, o autor se dissimula, quase escondendo-se num segundo plano, e deixa que a revelação do mundo observado se apresente através das surpresas, dúvidas e curiosidades que preenchem a consciência de Clarissa. Assim, fica aberto um caminho que permite a passagem da simples fotografia para o romance psicológico, de maneira que o leitor já não perceba a história como coisa "armada", sentindo-a antes como parte integrante de uma experiência vivida. A "naturalidade" do relato guarda esse atributo indispensável à grande ficção de onde nasce o verdadeiro mundo das personagens: a possibilidade de, existindo como fantasia, também poder ter existido na realidade. Este segredo do romancista é a prova da sua sensibilidade diante do assunto extremamente complexo que escolheu - o nosso mundo banal e opaco de todas as horas, redescobre através da perspectiva (meio lógica, meio fantástica) da adolescência:
"... sobre uma coluna de madeira escura, a um canto da sala rebrilha o aquário. Pirolito está agitado. Será que luz elétrica o assusta? Clarissa se aproxima do vaso de cristal. Agora nota que a água parece toda cheia de rebrilhos. A janela, as lâmpadas elétricas, os móveis de sala, tudo se reflete no aquário."
Tradicionalmente, o romance da adolescência tem sido um desafio para muitos escritores, porque aí torna-se impossível aceitar personagens que falam a mesma língua do autor, pensam e agem como adultos e, irremediavelmente, situam-se fora da nossa capacidade de compreensão. Ultrapassando o perigo, Erico Verissimo preferiu que Clarissa, ela própria, o conduzisse entre as coisas que vão aparecendo no fluxo da descoberta. O mundo juvenil, povoado de sonhos e fantasias, possuía uma peculiaridade inconfudível: estava todo ele "refletido no aquário", mudando o desenho a todo momento, metade de cada coisa revelada e a outra metade ainda interrogável na sombra. A realidade teria de ser capitada, pois, basicamente, de um problema de linguagem, isto é, encontrar a linguagem que narrasse a consciência fantasiosa de Clarissa e, ao mesmo tempo, preservasse a sua identidade, sem se confundir com a perspectiva adulta e racional do ser criador. Conheço poucos que, como ele, tenham alcaçado sucesso nesse empreendimento, ao abordarem personagens adolescentes - um Ferenc Molnár, um Szimond Móricz, um J.D. Salinger, um Otávio de Faria.
Fiel à estrutura da narrativa psicológica e à natureza da personagem, Erico Verissimo optou por um estilo pictórico, no qual as descrições valorizam sobremaneira a visualidade. Tudo se oferece mediante uma infinita gama de variações cromátidas, tonalidades e reflexos que buscam estabelecer, na órbita do cenário físico, o espelho das filigranas psicológicas que compõem a imaginação juvenil. Daí a preferência do romancista, neste livro, pelo adjetivo, pelas imagens que realçam a natureza e integram uma visão caleidoscópica, iluminando o espaço circundante. Justamente sob esse aspecto, o autor de Clarissa evidencia sua vinculação com o panorama literário da época. Se a linguagem pictórica, o estilo cromático, tornam-se um recurso inteligente na elaboração da personagem, não é menos verdade que já pertenciam a uma longa tradição da literatura sulina, que iria alcançar um de seus pontos altos naqueles dias da publicação de Clarissa. Trata-se da tradição simbolista, na qual germinaram as obras de Eduardo Guimaraens e Alceu Wamosy, cujas raízes profundas se estendem por toda a produção literária do início do século para alcançarem, por volta de 1930, as melhores manifestações do Modernismo no Rio Grande do Sul. No ano em que surgiu Clarissa, 1933, Augusto Meyer já publicara dois livros que mantêm e renovam a tradição simbolista, onde a linguagem poética capta a magia da paisagem através da cor, nos jogos de sombra e luz: Poemas de Bilu e Giraluz. Estava em pleno desenvolvimento, também, a poesia de Mário Quintana, que um pouco mais tarde, apresentaria Rua dos cata-ventos. Creio que na linguagem de Clarissa encontra-se muito dessa herança simbolista presente no ambiente da época, os mais profundos estados de ânimo entregando-se na pura visualidade, como nos versos de Augusto Meyer:
"Amo tudo o que é móvel e flutuante
porque os meus olhos não se fecham sobre a imagem e
as minhas mãos tem o orgulho das corolas vazias..."
O trabalho criador de Erico Verissimo exerceu-se na reelaboração dessa vertente estilística, transferindo uma linguagem até aí mais própria à poesia para a prosa descritiva de Clarissa. É verdade que, em romances posteriores, nota-se uma sensível evolução, pois, na medida em que ele abandona a simples pintura de caracteres para investir na área do romance social, a partir de Caminhos Cruzados, o estilo passa por um processo de depuração, tornando-se mais seco e agressivo, procurando a objetividade e atenuando bastante a preferência inicial pelos aspectos simplismente poéticos da existência. No caso de Clarissa, entretanto, a expressão apoiada no adjetivo e na seqüência de imagens visuais garante o clima encantatório da narrativa, aliás o único em que poderia nascer com verossimilhança a história de uma adolescente de quatorze anos ainda mergulhada no deslumbramento do descobrir-se. O próprio Erico viria a considerar, mais tarde, o seu livro como "uma coleção de aquarelas e poemetos em prosa em torno da vida cotidiana".
No entanto, também o lado obscuro e amargo da vida ganha lugar no contexto de Clarissa. Está refletido na personagem de Amaro, o músico frustrado, já na casa dos quarenta anos, que contempla na vitalidade física e espiritual de Clarissa tudo aquilo que a vida lhe negou: segurança, alegria, imaginação - o sentimento de participar do mundo que se constrói a cada instante. Mas é tarde para voltar atrás; o tecido do tempo passado não se recompõe; e Amaro ama Clarissa à sua maneira, transferindo para ela a imagem da mulher que sempre idealizara e sabe que nunca chegará a possuir. Em certa altura, essa personagem, marcada pelo curso dos dias opacos e inglórios que lhe couberam, expressa a melancolia diante do futuro que não está mais ao seu alcance:
"O raio de sol é de um outro mundo. Clarissa, se eu pudesse falar, se tu pudesses entender. Eu te diria que nunca desejasses que o tempo passasse. Eu te pediria que fizesses durar mais e mais esse momento milagroso".
Ao opor entre si as personagens de Clarissa e Amaro, como se se tratasse dos dois pólos da existência, a luz e a sombra, o passado e o futuro, este romance permite vislumbrar uma preocupação que, alimentado por Erico Verissimo em livros posteriores, virá a ser um de seus temas recorrentes - o tempo; o comportamento dos seres perante o decurso do tempo, que é vida e morte, descoberta e esquecimento. Tanto é assim que ele irá acompanhar o destino de Clarissa e de muitos de seus companheiros, os quais ressugem ao longo da sua obra em Música ao Longe, Um Lugar ao Sol e Saga. Por outro lado, esta preocupação com a dialética da temporalidade, reelaborada e aprofundada de livro para livro, resultará na construção monumental de O Tempo e o Vento, assumindo as proporções de verdadeira parábola sobre a história e o destino do homem, iniciada em 1949 com a publicação de O Continente.
Parece-me ainda merecer registro outra característica que se tornará, mais tarde, verdadeira marca de identidade do romancista: a preferência (ou quase diria, a simpatia) pelas personagen femininas. Se observarmos bem, neste romance a "parte forte" da vida está representada muito mais nas mulheres (autoritárias como tia Zina, promessas futuras como Clarissa) do que nos homens, que, em geral, são indolentes, frustrados ou insensíveis. A releitura de Clarissa, hoje, sugere a indagação sobre se não residiria aí a matriz, ainda informe, das melhores criações do contador de histórias - a Fernanda de Caminhos Cruzados, a Olívia de Olhai os Lírios do Campo, a Ana Terra e a Bibiana de O Continente.
Resta dizer que o início da década de 1930 abriu uma fase extraordinariamente fértil para a prosa de ficção no Brasil contemporâneo. Quase simultaneamente surgiram o romance social de Jorge Amado, o conto de João Alphonsus, o "ciclo da cana-de-açucar" de José Lins do Rego, a poderosa obra de sondagem psicológica de Graciliano Ramos. No caudal dessa renovação de nossa literatura, Clarissa marcava o início de uma atividade criadora na qual Erico Verissimo elevaria o romance sulino ao seu ponto mais alto. Quarenta anos passados, o calor humano que se irradia desse pequeno livro mantém toda a vitalidade. E Clarissa continua sua trajetória.
retirado da página de Érico Veríssimo em
:
http://ufpel.edu.br/~felipezs/html/erico.html

Mais uma vez OBRIGADO Marcelo!!!!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Diário Chuk Palahniuk

E para terminar as postagens sobre este senhor (acho que já todos os meus colegas de blog aqui puseram qualquer coisa) vou falar daquele que é na minha opinião um dos melhores livros de Palahniuk... e também o mais difícil de descrever.
Como disse um critico:
«Uma obra loucamente criativa. De uma forma que tem tanto de simplicidade como de exuberância, Diário escapa a qualquer categorização literária.»
Los Angeles Times



Um romance que assume a forma de um «diário de coma» mantido por Misty Marie Wilmot, enquanto o marido jaz inconsciente num hospital após uma tentativa de suicídio.
Em tempos Misty fora uma estudante de arte que sonhava com criatividade e liberdade. Depois do casamento com Peter foi reduzida à condição de criada de quarto de hotel na Ilha turística de Waytansea. Peter andou a escrevinhar mensagens vis por todas as paredes das casas que remodelou - um hábito antigo dos empreiteiros mas dramaticamente exagerado no caso de Peter. Proprietários irados estão a interpor processos atrás de processos e os sonhos de grandeza artística da Misty estão em cinzas.
Mas inesperadamente, como que possuída pelo espírito da Maura Kincaid, uma mítica artista de Waytansea do século XIX, Misty recomeça a pintar compulsivamente. Mas poderá o seu recém-descoberto talento fazer parte de um plano maior e mais tenebroso? É claro que pode…

"Munindo-se dos pressupostos teóricos da filosofia Junguiana, do inconsciente e dos arquétipos colectivos, e das teorias kármicas de reencarnação e destino, o autor cria um fabuloso enredo onde a arte assume um papel preponderante como veículo de auto-conhecimento e do religioso (...) A arte, a psicologia e a metafísica entrançam-se subtilmente em toda a lírica, que assume um tom negro de desencanto, mas não verdadeiramente pessimista. Muito visual, misterioso, obsessivo e tenso, ingredientes que misturados resultam numa «super cola-leitor»."
Mónica Maia, Agosto 2007


É talvez a obra de Palahniuk em que ele dá mais destaque ou importância ao elemento sobrenatural ao mesmo tempo em que mantém a linguagem crua e a dureza das outras obras e não abdique da sua critica à sociedade americana.

Diário é um negro, hilariante e pungente acto de contar histórias pelo niilista mais inventivo e preferido da América.

«O melhor da escrita de Palahniuk está aqui. Poderá ser a sua melhor obra até ao momento, é certamente a melhor desde o Clube de Combate.»
The Washington Post

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Clube de combate Chuck Palahniuk

Uma vez que parece que estamos na semana do Palahniuk aqui fica mais uma sugestão aquele que é provavelmente o seu livro mais conhecido: "Clube de Combate".



Foi talvez a única vez que vi um filme antes de ler o livro e confesso que gostei tanto do filme que tive o livro mais de dois anos na estante antes de decidir lê-lo. É que por norma, e como já o dissemos aqui algumas vezes, a adaptação de um livro ao cinema fica muito longe do original.
Mas ler este livro depois de ver o filme foi quase como estar a ver o filme outra vez... o filme é uma adaptação 99% fiel do livro a única diferença é o final (e o final do livro é em tudo superior ao do filme). E não era um trabalho fácil.





Não deve haver muitos escritores que atinjam o estatuto de "escritor de culto" com o seu primeiro romance. É um facto que a adaptação do livro para cinema ajudou bastante mas Palahniuk atingiu o estrelato por mérito próprio.
Quem conhece o trabalho de Palahniuk sabe que os seus personagens são sempre... invulgares para usar um eufemismo. São sem excepção criaturas atormentadas, nos limites da esquizofrenia, paranoicos, solitários - a escória da sociedade...
E apesar de tudo quando lemos este (ou outro)livro, temos a sensação que apesar das situações insanas, de quase delírio são histórias em que por momentos podemos acreditar.
São loucas? sem duvida. São delirantes? Por vezes a raiar o ofensivo? Sujos? Sim. Mas com uma pitada de realidade.

A primeira regra do Clube de Combate é: não falar do Clube de Combate. A segunda regra do Clube de Combate é: não falar do Clube de Combate. A terceira regra do Clube de Combate é: dois homens por luta.
No mundo apocalíptico de Tyler Durden, os rituais secretos de combate são vividos como um desafio a todos os limites. O que é a lealdade? Que sentido faz pertencer a um grupo? A solidão é uma libertação ou a imagem íntima do terror?

«Clube de Combate oferece-nos uma acentuada e diabolicamente divertida forma de escrever.»
The Washington Post
«É raro um primeiro romance ser tão poderoso no seu conteúdo e tão brilhante na sua forma. Verdadeiramente inesquecível.»
Booklist
«Um romance fascinante do melhor autor que escreve sobre transgressões. É um livro perigoso porque a sua leitura é viciante.»
Kirkus Reviews
«Não respire agora. Leia Chuck Palahniuk.»
Público

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Monstros Invisíveis de Chuck Palahniuk

Uma vez que parece que tiramos uns dias para falar dos livros deste senhor vou deixar a minha opinião sobre o livro "Monstros Invisíveis".

Mais uma vez Palahniuk constrói uma narrativa fantástica em torno de personagens algo perturbadas e com um tanto de loucos e esquizofrénicos...

Shannon é uma modelo que parece ter tudo na vida: beleza, fama, um namorado e uma amiga leal. Mas quando um inesperado acidente de viação a deixa desfigurada e incapaz de falar, ela deixa de ser o centro das atenções para passar a ser o monstro invisível, de cuja existência ninguém quer saber. Ninguém... a não ser Brandy Alexander, um transsexual a um passo de se tornar uma verdadeira mulher. Brandy oferece-lhe, então, a oportunidade de encontrar um novo destino, apagando o passado. Depois de sequestrarem Manus, o namorado de Shannon, as duas fazem-se à estrada numa viagem alucinante e desenfreada. Tudo para que Shannon se possa vingar de Evie, a sua ex-melhor amiga que não hesitou em seduzir Manus.
Em Monstros Invisíveis, Palahniuk sacode e agita, uma vez mais, a nossa consciência apresentando um relato hilariante e imprevisivel.


O autor, com o seu talento habitual, cria uma história notável, e a cada momento surpreende o leitor com o comportamento imprevisivel dos seus personagens. Repleto de detalhes e descrições realistas, no limite do desagradável, Chuck Palahniuk mais uma vez prova por que é um dos críticos mais mordazes da sociedade de consumo actual.
Sem nunca perder o ritmo, ou desligar a sua "metralhadora de críticas", o autor atinge diversos alvos, deixando-os a sangrar pelo caminho, assim como o insano trio de personagens que, página a página, descobre que seus passados, presentes e futuros se entrelaçam muito mais do que imaginam.

O final um tanto ou quanto absurdo é uma amostra da capacidade de Palahniuk de surpreender e cativar os seus leitores.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobrevivente de Chuck Palahniuk

Há já bastante tempo que andamos a pensar por aqui umas postagens sobre este senhor: CHUCK PALAHNIUK.
Quer dizer aqui há uns meses o Zé postou aqui sobre o Lullaby - Canção de embalar e antes disso o Deus tinha feito umas referencias por alto.
Mas tendo em conta que, uns mais outros menos, todos aqui somos fãs do senhor aqui fica uma postagem sobre um dos seus livros Sobrevivente.

Este romance conta a história de Tender Branson, um fanático religioso que sequestra um jacto em pleno voo para cometer suicídio, relatando os eventos da sua vida na caixa preta do avião. A história é encaminhada numa jornada vertiginosa, com um final empolgante e dramático. Através de uma narrativa ágil, Palahniuk critica o sistema educacional americano, que forma pessoas programadas apenas para serem "funcionários perfeitos".

Sobrevivente é um romance satírico, com uma visão ácida da vida em sociedade e de como o indivíduo pode ser moldado — seja pela igreja, através da culpa e êxtase religioso; seja pelo ginásio, através dos exercícios em voga; seja pelo «espectáculo» provocado pela ânsia de alcançar riqueza e fama.
Trata-se de um livro divertido que, além de colocar Palahniuk entre os grandes autores do nosso tempo, cria fortes imagens de humor sarcástico sem medo da dor, do ridículo ou do grotesco, causando o mal-estar que todos queremos sentir mas que sempre evitamos. Mas o leitor sobreviverá, satisfeito e fortificado, sereno e melhorado.



Quem já conhece algum livro deste senhor sabe o que o espera. Quem nunca leu não sabe o que tem andado a perder...