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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A todos os que por aqui passam desejo um santo e feliz Natal e um ano novo com muita saúde alegria e boas leituras

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Saga do Assassino de Robin Hobb

Antes de falar no(s) livro(s) que vos quero sugerir hoje quero deixar um recado para o Mário:A D. Quixote reeditou "A História de Mayta"... As tuas súplicas foram atendidas!!!!!















Agora o(s) livro(s) (é uma saga que já vai em cinco volumes) que vos vou sugerir foram-me indicados pelo Mário e como não podia deixar de ser é uma história de fantasia.






















O jovem Fitz é filho bastardo do nobre Príncipe Cavalaria e cresce na corte do Rei Sagaz. Marginalizado por todos, o rapaz refugia-se nos estábulos reais, mas cedo o seu sangue revela o Talento mágico e, por ordens do rei, é secretamente iniciado nas temidas artes do assassino. Quando salteadores bárbaros atacam as costas, Fitz enfrenta a sua primeira e perigosa missão que o lançará num ninho de intrigas. E embora alguns o encarem como uma ameaça ao trono, talvez ele seja a chave para a sobrevivência do reino. Com uma narrativa povoada de encantamentos, heroísmo e desonra, paixão e aventura, o Aprendiz de Assassino inicia um das séries mais bem-amadas da fantasia épica.


Robin Hobb é um diamante no meio de calhaus”
- George R. R. Martin (autor de As Crónicas de Gelo e Fogo)


Robin Hobb
Robin Hobb, de nome verdadeiro Margaret Astrid Lindholm Ogden, nasceu em 1952 na Califórnia. Usa o pseudónimo Robin Hobb devido às vendas pouco satisfatórias sob o nome Megan Lindholm.

Robin Hobb tem escrito histórias desde que aprendeu a escrever. Sabia desde tenra idade que queria ser escritora mas era realista o suficiente para saber que muito poucos são capazes de se sustentarem financeiramente apenas através da escrita. Todavia, lutou pelo seu sonho e preparou-se para desempenhar outras profissões enquanto se dedicava à escrita.

Aos nove anos de idade, Robin e a família deixaram Califórnia para viver no Alasca. Foi aqui que conheceu o seu primeiro amigo e companheiro, um híbrido de cão e lobo chamado Bruno, que a acompanhava nas suas explorações nas florestas que rodeavam a sua casa de família. Devido a este modo de vida auto-suficiente e básico, tornou-se especialista em canalização e electricidade.

Depois de se licenciar na Universidade de Denver, regressou ao Alasca e casou-se com um pescador. Foram viver numa pequena ilha na costa do Alasca chamada Kodiak e têm vivido junto ao mar desde então. Autora de doze romances, foi nomeada para os Prémios Hugo e Nébula, mas nunca venceu.

No decurso de dez anos, Robin Hobb teve três filhos e nesse tempo conseguiu também continuar a escrever histórias e enviá-las para revistas. Em 1982, publicou o seu primeiro livro, HARPY'S FLIGHT e seguiram-se três outros livros com as mesmas personagens. Estas obras foram escritas com o pseudónimo Megan Lindholm e embora tivessem obtido críticas positivas da parte dos leitores e críticos, a fama e fortuna ainda estavam muito distantes. Depois de várias colaborações e outras obras publicadas, decidiu sentar-se e começar a escrever algo diferente, um livro que ia escrevendo sob o nome "Bastardo de Cavalaria", e que era contado na primeira pessoa, uma técnica pouco comum. Foi por esta altura, em conversa com o seu agente, que decidiu criar um novo nome que se adequasse a este novo estilo de escrita - o andrógino Robin Hobb foi escolhido, pois Robin tanto podia ser o nome de um homem ou de uma mulher e Hobb era usado devido à sua semelhança com personagens de fantasia como Hobbits e Hobgoblins.

A série de fantasia mais popular de Robin Hobb é A SAGA DO ASSASSINO. A ideia para a trilogia surgiu num pedaço de papel que conservava numa gaveta, dizia simplesmente "E se a magia fosse viciante?" e "E se a magia fosse destrutiva ou degenerativa?". Constituída por três volumes, o enredo segue as aventuras de um assassino treinado de nome Fitz. A trilogia iniciou-se com APRENDIZ DE ASSASSINO, publicado em 1995, seguido por ROYAL ASSASSIN em 1996 e ASSASSIN'S QUEST em 1997. A SAGA DO ASSASSINO catapultou Robin Hobb para a fama e sucesso.

Pouco depois de completar a primeira trilogia, escreveu a trilogia THE LIVESHIP TRADERS, com uma relação necessária aos primeiros livros. A trilogia é uma história náutica que começa com SHIP OF MAGIC, publicado em 1998, THE MAD SHIP (1999) e SHIP OF DESTINY no ano 2000.

Dois anos depois da publicação de THE SHIP OF DESTIINY, a nova trilogia da Hobb THE TAWNY MAN continuou a história de Fitz e começa quinze anos depois dos eventos de ASSASSIN'S QUEST. Os três livros são FOOL'S ERRAND (2002), GOLDEN FOOL (2003) e FOOL'S FATE (2003).

Em 2005, Robin Hobb saiu do mundo das suas trilogias e escreveu a THE SOLDIER SON TRILOGY que segue a vida de Nevare Burvelle e a sua formação e educação na Academia King Cavalla. Os três livros são SHAMAN'S CROSSING (2005), FOREST MAGE (2006) e RENEGADE'S MAGIC.

Robin Hobb e o marido Fred têm três filhos crescidos e um adolescente, e três netos. Como Megan Lindholm, escreveu uma série de romances de fantasia, como THE REINDEER PEOPLE e WOLF'S BROTHER.

Prémios:
British Fantasy Society Best Novel nominee (1996) : Royal Assassin
British Fantasy Society Best Novel nominee (1996) : Assassin's Apprentice
British Fantasy Society Best Novel nominee (1997) : Assassin's Quest

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Terra em Chamas de Bernard Cornwell

Eis finalmente a continuação de uma das melhores sagas dos últimos anos.
Terra em Chamas continua a história da formação de Inglaterra. É uma história envolvente que se desenrola numa Inglaterra de tremenda agitação e conflitos e Uhtred, o seu maior guerreiro, é um homem temido e respeitado em todo o território, o Senhor da Guerra. Os últimos anos do velho século foram tempos perigosos para a Inglaterra. Alfredo do Wessex, homem de muitas vitórias, tem uma saúde débil, o seu sucessor é um jovem sem provas dadas e os vikings, que tantas vezes fracassaram na conquista do Wessex, aproveitam a oportunidade para atacar.

«Em Terra em Chamas, eis o mundo de Alfredo restaurado – impecavelmente investigado e iluminado com a cor e a paixão de um mestre contador de histórias.

A narrativa de Cornwell tem a qualidade de um grande escritor aliada a uma pesquisa soberba.» – Observer

Cornwell é, muito provavelmente o melhor escritor de romances históricos do mundo, e não estou a exagerar quando digo isto. Ele dá atenção aos detalhes, ao rigor histórico, aos mais pequenos pormenores.
Cornwell é simplesmente GENIAL!!!!

Se conhecem alguém que começou a ler esta saga é uma boa prenda para o Natal (apesar dos litros de sangue e de todas as batalhas...)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sugestões de Natal

Enquanto não me lembrar de um bom livro para sugerir aqui (um que ainda não tenha sido sugerido pelo menos - sim porque já me lembrei de meia dúzia que já cá estão) e porque mais dia menos dia falta um mês para o Natal deixo algumas sugestões de Natal:

- Para o Diogo e para o Mário (que continuam embrenhados na interminável saga que começaram a escrever há dois anos e não há maneira de acabar) duas sugestões

Este dicionário reúne, numa obra acessível e prática, as principais referências que constituem a nossa História enquanto nação. Em entradas breves e claras, poderá encontrar as personalidades, os acontecimentos e os conceitos que ao longo de nove séculos fizeram Portugal.

"História dos Reis de Portugal" tem o propósito exclusivo de facultar um contacto com a História de Portugal através do conhecimento da vida e acção dos trinta e dois reis e duas rainhas que lideraram o destino luso no tempo longo da monarquia. Não se espere, pois, que os trabalhos publicados venham resolver problemas, porventura ainda em debate e com investigação em curso, já que não é esse o objectivo pretendido. Ao contrário, sustentados numa bibliografia séria e actualizada, mas que não pode esquecer a já considerada "clássica", os autores pretendem unicamente, através de uma redacção acessível a todos e sem a carga da erudição traduzida em notas de rodapé, colocar nas mãos das portuguesas e dos portugueses um pedaço da sua História, que se estende da acção do primeiro rei até à deposição do último. Com o selo de qualidade da Academia Portuguesa da História, este primeiro volume apresenta os primeiros dezassete monarcas, deambulando pelos tempos que vão desde a fundação da nacionalidade à perda da Independência.

Ainda para o Mário e para que não se esqueça da sua campanha "Nobel pró Rushdie"

Luka e o Fogo da Vida
Numa bela noite estrelada, na cidade de Kahani, em terras de Alifbay, aconteceu uma coisa terrível: o pai de um rapaz de doze anos chamado Luka, o contador de histórias Rashid, mergulhou súbita e inexplicavelmente num sono tão profundo que não havia quem conseguisse acordá-lo. Para o salvar de se sumir por completo, Luka tem de empreender uma jornada pelo Mundo Mágico, deparando pelo caminho com um sem-número de fantasmagóricos obstáculos, a fim de roubar o Fogo da Vida, uma tarefa aparentemente impossível e extremamente perigosa. Com "Harun e o Mar de Histórias", Salman Rushdie creditou-se como um dos melhores contadores de fábulas contemporâneas, e o livro revelou-se uma das suas obras mais populares junto de leitores de todas as idades. Se Harun foi escrito como presente para o seu primeiro filho, "Luka e o Fogo da Vida", a história do irmão mais novo de Harun, é uma prenda para o segundo filho, por ocasião do seu décimo segundo aniversário.

E para o Diogo porque não um livro da sua "odiada" Deana Barroqueiro?

Quando a Armada de Pedro Álvares Cabral, depois de ter descoberto as Terras da Santa Cruz (Brasil), prosseguia a sua viagem para a Índia um grande cometa surgiu nos céus... Naquele tempo, os cometas eram tomados como um prenúncio agoirento de desastres e Bartolomeu Dias, capitão de uma caravela dessa armada de treze navios, tem o pressentimento da morte e recorda a sua vida feita de viagens e aventuras.
A viagem da descoberta da passagem entre os oceanos Atlântico e Índico - um feito extraordinário que abriu o caminho da Índia a Vasco da Gama - é aquela que Bartolomeu relembra com maior intensidade, em particular uma história de amor proibida e condenada ao fracasso e à tragédia com uma escrava que transportava a bordo da sua caravela e teria de desterrar nos lugares por si descobertos.
Amargurado pela ingratidão dos dois reis a quem serviu, que não souberam reconhecer e premiar os seus extraordinários serviços, Bartolomeu Dias recorda igualmente os acontecimentos, as intrigas, crimes e jogos de poder dos seus senhores, dos quais foi testemunha nos breves momentos que passou em terra e na Corte.

Para o César também duas sugestões primeiro e por ser o nosso expert em fantasia e ficção cientifica:



O Homem do Castelo Alto do mestre Philip K. Dick
Estamos em 1962. A Segunda Guerra Mundial terminou há dezassete anos e a população já teve tempo de se adaptar à nova ordem mundial. Mas não tem sido fácil: o Mediterrâneo foi drenado, a população de África foi eliminada e os Estados Unidos da América divididos entre nazis e japoneses. Na zona neutra que divide as duas superpotências vive o homem do castelo alto, autor de um bestseller de culto, uma obra de ficção que oferece uma teoria alternativa da história mundial em que o Eixo perdeu a guerra. O romance é um grito de revolta para todos aqueles que sonham derrubar os invasores. Mas poderá ser mais do que isso? Subtil e complexo, O Homem do Castelo Alto permanece como o melhor romance de história alternativa jamais escrito.

E pela sua paixão pela música e por esta cantora em especial:



Murmúrios Urgentes de Suzanne Vega

“É um livro muito especial e com uma história. É como se o observador e o observado escrevessem uma só imagem que não seria de espelho por não ser melhor e mais verdadeira. É como as obras de piano para quatro mãos. A explicar: Fátima Castro Silva gostou de Suzanne Vega. Entrou em contacto com ela. Ela respondeu. A Fátima propôs-lhe um livro. Ela disse-lhe que sim. Começaram a trabalhar. Suzanne Vega entusiasmou-se. Encontram-se em Lisboa, em Londres, em Madrid e finalmente com bastante mais demora em Nova Iorque. Tomaz Rêde fotografou. A autora de 99.9 Fº faz sugestões. Entrega inéditos da adolescência. Fotografias de miúda. Dialoga com a Fátima, intervém na construção do livro. Acrescenta-lhe novos dados, outras fotografias. Sabei que este não é como os outros livros, nem sequer como os da mesma colecção. É um livro muito especial que revela a surpreendente personalidade de Suzanne Vega. Não chegou a ser subsidiário das suas cantigas. Quem o ler vai gostar muito. […]”

Para o nosso herege de estimação (Deus)e porque sei que ele adora uma polémica com a igreja:



Os Papas e o Sexo Os ficheiros secretos do Vaticano de Eric Frattini

O novo livro de Eric Frattini debruça-se sobre a figura mais representativa da Igreja Católica - o Papa - e, através do retrato das suas vidas, revela a relação e o modo como o sexo fez parte das suas vidas.
Rigoroso, controverso e lúcido, Os Papas e o Sexo é um documento de enorme importância que nos permite observar um dos lados mais escondidos e delicados da Igreja Católica.

E um romance que sei que ele já leu (fui eu quem lho emprestou) mas que não tem:



Reino Dividido de Rupert Thomson

Pela sua escrita, Rupert Thomson foi já apelidado de "Paul Auster britânico". Pelo seu livro Reino Dividido (Divided Kingdom), onde explora uma experiência social radical numa narrativa politicamente provocativa e que se adivinha polémica, Thomson tem merecido a atenção de leitores de todo o Mundo e da imprensa em geral (The Times, Guardian, Daily Telegraph...).




A brilhante capacidade de contador de histórias de Thomson revela-se no fantástico, satírico e surreal cenário em que faz surgir o seu narrador, um jovem retirado aos pais no âmbito de um reordenamento sem precedentes levado a cabo pelo governo do Reino Unido. O objectivo é lutar contra uma sociedade ameaçada pelo consumismo, pelo racismo, pela violência e pelo torpor, dividindo a população em quatro repúblicas independentes com base na natureza de cada cidadão:
- os Sanguíneos, indivíduos optimistas e bem-humorados, deslocados para o Quadrante Vermelho;

- os Fleumáticos, mais passivos e indecisos, que residem no Quadrante Azul;

- os Coléricos, pessoas agressivas, impulsivas e com tendência para excessos, a viver no Quadrante Amarelo;

- os Melancólicos, dominados pela bílis negra, introspectivos e pessimistas, reunidos no Quadrante Verde.

E por fim para o meu querido irmão (Byblos) e porque me vai dar outro(a) sobrinho(a) - ainda não me disseram o que praí vem:



Pai em Construção de Francisco Abelha

Um derradeiro manual de sobrevivência para todos os homens que já são ou estão a caminho de ser pais. Um livro de auto-ajuda para aqueles que desconhecem que a depressão pós-parto não é um exclusivo das mulheres. Trata-se de um relato íntimo, directo e, por vezes cruel, do nascimento e crescimento de um pai, que constitui a prova cabal de que qualquer energúmeno pode dar um razoável progenitor. Um livro para ser mantido fora do alcance das mães. A eficácia das teorias aqui defendidas assenta no seu desconhecimento por parte das mulheres. Por isso, a responsabilidade de o oferecer a alguma é inteiramente sua. Se não tem tempo a perder com leituras supérfluas, não leia mais nada além deste livro, que aborda a paternidade pela perspectiva da testosterona, destruindo alguns perconceitos e erguendo outros tantos.

E para descontrair quando/se tiver tempo



Um Traidor dos Nossos de John Le Carré

A Grã-Bretanha está mergulhada na recessão.
Um jovem académico de Oxford com tendências de esquerda e a namorada gozam férias durante a época baixa na ilha de Antígua.
Aí, cruzam-se com um milionário russo chamado Dima, dono de uma península e de um relógio de ouro cravejado de diamantes, que tem uma estranha tatuagem no polegar direito.
Desafiados por ele para uma partida de ténis, os jovens amantes ver-se-ão lançados numa tortuosa viagem que os levará a Paris, a uma casa nos Alpes suíços e aos obscuros claustros da City de Londres, onde serão confrontados com a perversa aliança desta com os Serviços Secretos britânicos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Sonho do Celta de Mario Vargas Llosa

É, creio eu, a primeira vez que ponho aqui uma sugestão de um livro que ainda não acabei de ler.
É o mais recente livro de Mario Vargas Llosa, o mais recente vencedor do Nobel da Literatura. E estou a por esta sugestão sem ter acabado de ler o livro por dois motivos:

1.º Sou há anos fã deste Autor e como tal não podia deixar de sugerir este livro.
2.º Quando o comprei na sexta-feira passada fui informado de algumas das promoções da Bertrand (não, eles não pagam a publicidade) a saber:
- até ao fim do mês os Leitores Bertrand têm um desconto imediato de 10% na compra de qualquer livro (se percebi bem)
- na compra dos livros do Vargas Llosa assinalados no catalogo de Natal (Conversa na Catedral [talvez o melhor livro dele]; Travessuras da Menina Má; O Paraíso na Outra Esquina, A Tia Julia e o Escrevedor; e este O Sonho do Celta) recebem (para alem dos 10% de desconto) um exemplar do livro Viagem Maritima com D. Quixote de Thomas Mann.
e ainda até ao fim do ano nas compras superiores a 15€ recebem um talão de desconto de 5€ válido só a partir de Janeiro (já não serve para as compras de Natal mas é uma ajuda pró orçamento).

Quanto ao livro propriamente dito:


"O Sonho do Celta" baseia-se na vida do irlandês Roger Casement, cônsul britânico no Congo belga, em inícios do século XX, que durante duas décadas denunciou as atrocidades do regime de Leopoldo II. Este homem, amigo de Joseph Conrad (e que o guiou numa viagem pelo Rio Congo, revelando-lhe uma realidade mais tarde retratada no romance "O Coração das Trevas"), teve uma vida extraordinária, plena de aventura. Acérrimo defensor dos direitos humanos - como também o comprovam os relatórios que redigiu durante a estadia na Amazónia peruana - militou activamente, no fim da sua vida, o nacionalismo irlandês, acabando condenado à morte por traição e executado.


Como é hábito neste Autor a história desenvolve-se em dois planos distintos temos por um lado os últimos dias de Casement, já na cadeia à espera da decisão final sobre o seu caso e por outro lado temos o relato da sua vida em Africa e na América do Sul.
É um romance no género "O Paraiso na Outra Esquina" , uma biografia de uma figura menos (re)conhecida da história mas com o toque de politica que caracteriza alguns dos melhores livros de Llosa.
Do que li até agora está, como de costume, magnifico...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Rapariga que Sonhava com Uma Lata de Gasolina e Um Fósforo - A Rainha no Palácio das Correntes de Ar de Stieg Larsson

"Não há inocentes. Há apenas diferentes graus de responsabilidade" Lisbeth Salander


Aqui há dias falei aqui de um livro - o primeiro de uma trilogia - que adorei e que devorei como um louco, hoje deixo aqui uma comentário ao resto da trilogia:

MAGNIFICA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Comecemos por este segundo volume "A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo".
Passou-se um ano desde os acontecimentos descritos em "Os Homens que Odeiam as Mulheres", Mikael Blomkvist continua com o seu trabalho na revista Millennium e Lisbeth Salander desapareceu do mapa durante um ano.

Na mesma altura que Lisbeth regressa à Suécia um jovem jornalista, Dag Svensson, contacta a Millennium com uma história sobre prostituição e trafico de mulheres. Quando Dag Svensson e a namorada, Mia Bergman aparecem mortos todas as pistas apontam para um responsável: Lisbeth Salander. E quando o corpo do seu tutor é encontrado junta-se mais um corpo à lista.
Neste segundo volume da trilogia Millennium, Lisbeth Salander é assumidamente a personagem central da história ao tornar-se a principal suspeita de dois homicídios. A saga desenvolve-se em dois planos que se complementam e só a solução do primeiro mistério trará luz ao segundo: Há que encontrar os responsáveis pelo tráfico de mulheres para exploração sexual para se descobrir por que razão Lisbeth Salander é perseguida não só pela polícia, mas por um gigante loiro de quem pouco se sabe.

E já agora: Quem é o misterioso Zala que parece orbitar todas as cenas de crime mas que ninguém conhece? E qual a sua relação com Lisbeth?


"A Vingança é uma força poderosa" Lisbeth Salander

"A Rainha no Palácio das Correntes de Ar"

Ao contrário do primeiro livro que se podia ler sozinho e constituia uma narrativa independente este é a continuação do anterior começando no ponto onde o outro terminou.
Neste livro - o último da trilogia - todas as pontas que ficaram soltas nos volumes anteriores são resolvidas. Lisbeth surge envolvida num mistério. Sobre ela recaem complicadas acusações, o que leva as autoridades a isolá-la completamente do mundo exterior.
Lisbeth, capturada pela Justiça, vai sofrer o processo de acusação e o julgamento em tribunal. Grande parte do livro revolve sobre os preparativos para esse julgamento, preparativos quer pela acusação que a quer condenar, quer pelos amigos (liderados por Mikael) para a ilibar... e fazer condenar os verdadeiros culpados.

Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, completamente impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isto não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas…
Entretanto, mantêm-se as movimentações secretas de alguns elementos da Säpo, a polícia de segurança sueca. Para se manter incógnita, esta gente que actua na sombra está determinada a eliminar todos os que se atravessam no seu caminho.
Mas nem tudo podia ser mau: Lisbeth pode contar com Mikael Blomkvist que, para a ilibar, prepara um artigo sobre a conspiração que visa silenciá-la para sempre. E Mikael Blomkvist também não está sozinho nesta cruzada: Dragan Armanskij, o inspector Bublanski, Anika Gianini, entre outros, unem esforços para que se faça justiça. E Erika Berger? Será que Mikael pode contar com a sua ajuda, agora que também ela está a ser ameaçada? E quem é Rosa Figuerola, a bela mulher que seduz Mikael Blomkvist?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O clube de Dante de Matthew Pearl


Um excelente romance que mistura factos reais com ficção...Pode-se quase falar num romance histórico/policial/mistério...
Por um lado o livro retrata a luta em que se viram envolvidos alguns dos maiores poetas americanos do final do séc. XIX para conseguirem efectuar e publicar a primeira tradução americana da "Divina Comédia" de Dante.
E por outro lado temos os crimes que assolam a cidade de Boston em que as vitimas sofrem os castigos descritos por Dante no seu livro.

«Corria o ano de 1865 em Boston. Os génios literários do Clube de Dante - Henry Wadsworth Longfellow, Dr. Oliver Wendell Holmes e James Russell Lowell, juntamente com o editor J. T. Fields - poetas e professores de Harvard - terminam a primeira tradução americana da Divina Comédia e preparam-se para revelar ao Novo Mundo as notáveis visões de Dante. Os poderosos de Harvard esforçam-se por manter Dante na obscuridade, já que julgam que a infiltração de superstições estrangeiras nos espíritos americanos é tão prejudicial como a chegada dos imigrantes ao porto de Boston. Os membros do clube de Dante esforçam-se por manter viva uma sagrada causa literária, mas os seus planos fracassam quando surge uma série de assassínios em série em Boston e Cambridge. Apenas este pequeno grupo de eruditos se apercebe de que os crimes arrepiantes são baseados nos castigos do Inferno do "Inferno" de Dante.»

É engraçado imaginar estes respeitáveis senhores a viverem as aventuras descritas no livro mas é de louvar toda a detalhada reconstrução da cidade e da sociedade de Boston nos anos que se seguiram à Guerra Civil Americana.
Um livro surpreendente...


«Desde O Nome da Rosa, de Umberto Eco, não tinha havido nenhum romance tão documentado que obtivesse um êxito internacional como O Clube de Dante com investigação, imaginação e história em partes iguais e seguindo a mesma trajectória.»
- The Observer

«A utilização engenhosa de pormenores e motivos da Divina Comédia e o retrato vivo da cultura literária da Nova Inglaterra após a Guerra Civil distinguem este primeiro romance histórico de mistério...»
- Kirkus Reviews

«Um romance culto e muito bem documentado.»
- Manuel Rodríguez Rivero, ABC

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os Homens Que Odeiam as Mulheres de Stieg Larsson

O jornalista de economia MIKAEL BLOMKVIST precisa de uma pausa. Acabou de ser julgado por difamação ao financeiro HANS-ERIK WENNERSTÖM e condenado a três meses de prisão. Decide afastar-se temporariamente das suas funções na revista Millennium. Na mesma altura, é encarregado de uma missão invulgar. HENRIK VANGER, em tempos um dos mais importantes industriais da Suécia, quer que Mikael Blomkvist escreva a história da família Vanger. Mas é óbvio que a história da família é apenas uma capa para a verdadeira missão de Blomkvist: descobrir o que aconteceu à sobrinha-neta de Vanger, que desapareceu sem deixar rasto há quase quarenta anos. Algo que Henrik Vanger nunca pôde esquecer. Blomkvist aceita a missão com relutância e recorre à ajuda da jovem LISBETH SALANDER. Uma rapariga complicada, com tatuagens e piercings, mas também uma hacker de excepção. Juntos, Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander mergulham no passado profundo da família Vanger e encontram uma história mais sombria e sangrenta do que jamais poderiam imaginar.

Tentei esperar que a poeira assentasse antes de ler este livro. Como já disse várias vezes quando a crítica elogia muito um livro fico sempre de pé atras. Mas os críticos de vez em quando acertam e este "Os Homens Que Odeiam as Mulheres" é um desses casos.
São mais de 500 páginas que se leem de um folego. Dei por mim acordado às três da manhã incapaz de parar de ler. Fui incapaz de o largar assim que o comecei a ler e atirei-me a toda a trilogia.
Confesso que esperava um livro policial do género clássico. Policias e ladrões, um tiroteio de vez em quando... mas este livro surpreendeu-me. Um estilo muito próprio, personagens bem construidas, uma narrativa simples e com atenção ao detalhe... «Millennium não é um livro policial no sentido habitual do termo. O estilo de Stieg Larson é minucioso, detalhado, lento. Como se dispusera de todo o tempo do mundo para apresentar aos leitores as personagens e tudo o que as rodeia. Detalhes, pequenas histórias, situações paralelas, descrições exaustivas. Minúcia no detalhe, em suma. (...) O que resulta de toda esta minúcia são personagens (...) com uma profundidade inabitual que se movem num cenário opressivo, dominado por uma inquietação latente que vem do passado. E de repente, (...) não havendo uma percepção imediata de tal, a trama desenrola-se a uma velocidade manifestamente superior e demonstra que o detalhe, afinal, não foi demais: o que se tinha por difuso revela-se abominável, o que se tinha por suspeito surge como demoníaco. Nada era o que parecia. Era pior. É quando se descobre que o pormenor conta, que Stieg Larson sabia exactamente quando e como encaixar todas as peças de um imenso puzzle (...) Escrito e descrito com mestria, este primeiro volume de uma trilogia promete.»
Luís C. Marinha, Os Meus Livros


"As pessoas têm sempre segredos, é uma questão de os descobrir..." Lisbeth Salander

Esqueça os 5 milhões de exemplares vendidos da trilogia Millennium.
Esqueça as listas de best-sellers em Estocolmo, Oslo, Frankfurt, Paris, Roma ou Copenhaga.
Esqueça rótulos como saga familiar, literatura policial, thriller financeiro ou história de amor.
Esqueça tudo.
Leia apenas.
Verá que é uma obra extraordinária de um extraordinário escritor.
Verá que as horas passam sem se dar conta e é muito provável que a madrugada o surpreenda ainda a ler.
Cuidado, risco de insónia.
Nós avisámos…

Stieg Larsson (Skelleftehamn, Suécia, 15 de Agosto de 1954 - 9 de Novembro de 2004) foi um jornalista e escritor sueco.
Em 2004, aos cinquenta anos, pouco após entregar aos seus editores os manuscritos da Trilogia Millennium, morreu vítima de um ataque cardíaco. Tragicamente, não viveu para assistir ao fenómeno mundial em que a sua obra se tornou.
Em 2008, ele foi (apenas) o segundo autor mais vendido no mundo.
Stieg Larsson foi um dos mais influentes jornalistas e activistas políticos suecos. Trabalhou na destacada agência de notícias TT. À frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações neofascistas e racistas. É co-autor de Extremhögern, livro sobre a extrema-direita em seu país.
Por causa de sua actuação na luta pelos direitos humanos, recebeu várias ameaças de morte.

Depois de ler este primeiro volume da trilogia, e pelo que li do segundo, fico a pensar no que a literatura do género perdeu...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Livro de José Luís Peixoto

Mais uma vez o autor escreve um livro magnifico.
Este livro elege como cenário a extraordinária saga da emigração portuguesa para França, contada através de uma galeria de personagens inesquecíveis e da escrita luminosa de José Luís Peixoto. Entre uma vila do interior de Portugal e Paris, entre a cultura popular e as mais altas referências da literatura universal, revelam-se os sinais de um passado que levou milhares de portugueses à procura de melhores condições e de um futuro com dupla nacionalidade. Avassalador e marcante, Livro expõe a poderosa magnitude do sonho e a crueza, irónica, terna ou grotesca, da realidade. Através de histórias de vida, encontros e despedidas, os leitores de Livro são conduzidos a um final desconcertante onde se ultrapassam fronteiras da literatura. Livro confirma José Luís Peixoto como um dos principais romancistas portugueses contemporâneos e, também, como um autor de crescente importância no panorama literário internacional.



Na verdade não sei o que escrever sobre este livro... sem exagero o melhor livro português deste século (eu sei ainda só passaram nove anos desde a mudança de século) e um dos melhores de sempre na literatura portuguesa...
Um livro notável capaz de me comover... e se me comoveu a mim comove (quase) qualquer um... uma escrita simples, clara sem adornos inúteis.

Cada vez mais José Luís Peixoto afirma-se como um grande romancista. Um valor inquestionavel na literatura portuguesa e porque não dizê-lo na literatura universal


«O dom de Peixoto para a escrita é algo raro, de beleza rítmica.»

The Guardian

«A prosa encantatória e audaz de Peixoto é consistentemente bela, inacreditavelmente rica e ressonante.»
The Independent

«A escrita de Peixoto é, ao mesmo tempo, fresca, ágil e envolvente, contendo toda uma herança literária universal. Estamos perante um escritor maduro. Um admirável escritor português.»
Luís Sepúlveda

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O Último Suspiro do Mouro de SALMAN RUSHDIE

Ao jeito de As Mil e Uma Noites, o herói- narrador vai passando em revista os acontecimentos e as personagens da sua própria família, desde Cochim, no princípio do século, junto do túmulo de Vasco da Gama, até ao áspero olival andaluz onde, depois de expressar o testemunho dos seus antepassados, ele próprio se extingue de pura exaustão.


Hesitei um pouco antes de por aqui um livro do Rushdie (é verdade que já tinha posto há algum tempo uma sugestão sobre "Os Versículos Satânicos", mas agora vou começar a campanha Nobel pró Rushdie (não que os gajos do Nobel vejam este blog ou se deixem influenciar)... Hesitei e explico porquê:
Entre este "o Último Suspiro do Mouro", "O Chão que Ela Pisa" e "Os Filhos da  Meia-Noite" não sei qual considere o meu favorito.

Disse aqui há tempos que divido os meus autores de eleição por grupos consoante a idade em que os fui descobrindo e se já lá vão dez anos desde que descobri este Senhor ele não para de me surpreender... leia o livro (seja ele qual for) as vezes que ler...

Como de costume Rushdie recua no tempo até aos antepassados de Moraes Zogoiby "o Mouro" para nos introduzir na história do seu personagem fantástico que vive uma vida a ritmo acelerado. Uma viagem à Índia mágica de Rushdie, com passagem pela Andaluzia espanhola onde tudo começa e tudo acaba...
Um livro que de forma magistral aborda temas como a tolerância, liberdade, preconceito... e tem uma prosa tão caracteristica do Autor capaz de nos prender de nos fazer acreditar e viver cada palavra que ele escreve...
Rushdie é sem dúvida o mais inspirado romancista vivo da actualidade, um senhor a brincar com as palavras e  com os personagens e situações que cria como ninguém...

Para quando o Nobel para este escritor??????

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Festa do Chibo de Mario Vargas Llosa

Mais um grande livro do mais recente prémio Nobel da literatura.
Devo reconhecer que antes de conhecer o Mário nunca tinha sequer ouvido falar neste senhor mas e graças aos livros que ele (o Mário – Mr.Nonsense para quem não conhece) me emprestou fiquei não apenas a conhecer mas a admirar este Autor.
E este foi o primeiro livro do Llosa que eu comprei já lá vão seis anos (tantos quanto os que conheço o Mário por sinal).



Neste livro Llosa faz o que de melhor sabe fazer ao escrever um livro conta-nos os últimos dias de uma das mais longas ditaduras da América Latina a de Trujillo na Republica Dominicana, mas como é próprio dele conta essa história de inúmeros pontos de vista…
O ponto de vista de Urania Cabral filha de um antigo senador fiel a Trujillo que regressa a casa ao fim de uma ausência de trinta e cinco anos; o ponto de vista dos homens que assassinaram Trujillo… e de mais alguns personagens da época.
O resultado é um romance extraordinário, uma narrativa forte que nos leva a conhecer o horror escondido do mundo de Trujillo… uma viajem ao Inferno!
Um livro de génio é o mínimo que se pode dizer deste excelente “A Festa do Chibo”.

Em A Festa do Chibo, Mario Vargas Llosa recupera uma tradição na literatura latino-americana, a do romance sobre ditadores, e retratando a ditadura de Trujillo, na Republica Dominicana, recupera também a potencia das suas melhores obras.
O inegável talento do autor para manejar conflitos, criar tensões, descrever situações, revelar as razoes humanas que se ocultam detrás dos factos históricos para poder criar personagens que inspiram repugnância e compaixão resulta num romance magistral e surpreendente.
Mario Vargas Llosa de volta triunfal à sua melhor literatura.



Neste seu novo romance, o escritor peruano Mário Vargas Llosa debruça-se sobre a figura do ditador dominicano Rafael Trujillo, que esteve no poder durante 31 anos (foi deposto e assassinado numa conjura em 1961). Mas, como diz o autor em entrevista (Visão, 8/3/2001), este livro "pretende transcender a figura de Trujillo para se transformar num romance sobre todas as ditaduras". O título vem duma das alcunhas que o povo pôs a este ditador, que, como outros ditadores, cometeu as maiores atrocidades (conta-se que chegou a obrigar um dos seus súbditos a comer o próprio filho), mas também foi considerado uma espécie de semi-deus (e daí a sua perpetuação no poder durante tanto tempo). No romance, muito bem documentado, convergem três histórias: a de Urania Cabral (esta uma personagem inventada por Vargas Llosa "porque não queria que o romance fosse contado apenas a partir do interior da ditadura", Visão, ibid.), uma mulher que regressa à República Dominicana nos anos 90, depois de uma ausência de mais de trinta anos, a dos conjurados de 61, e a das atrocidades de Trujillo.

Pastagens do Céu de John Steinbeck

Há livros que por uma razão ou outra nos marcam, que por qualquer razão sentimos vontade de reler de tempos a tempos, … por vezes nem tem a ver a com a qualidade da obra mas com memórias que associamos ao livro ou à época em que o lemos.
Pelo menos isso já me aconteceu com mais de um livro. E desses aquele a que eu volto mais vezes é provavelmente este “Pastagens do Céu” de John Steinbeck.



Sem exagero li este livro mais de dez vezes…
“- Sempre pensei que devia ser óptimo ter ali uma casinha – diz o condutor do autocarro. – Gosto sempre de olhar lá para baixo e pensar como ali poderia viver fácil e tranquilamente…”
Steinbeck deixava em todos os seus livros um sentimento de tragédia, algo de profundamente perturbador, algo sombrio. E este livro não é diferente nesse aspecto. Mesmo se o cenário é um vale de beleza quase paradisíaca.
Em “Pastagens do Céu” (segundo livro do autor, publicado em 1932 e um ano do magnifico “A Um Deus Desconhecido”), Steinbeck conta-nos o dia-a-dia de uma pequena cidade situada num vale da Califórnia. Relatando pequenas histórias saltando de um personagem para outro em que o personagem central é o próprio vale Steinbeck dá-nos um vislumbre da vida sombria num canto do paraíso… Histórias marcadas pela tragédia… pela desgraça, pelo infortúnio no meio de tanta beleza…
Neste romance ele mostra-nos, ou tenta mostrar que, ainda que vivamos num jardim paradisíaco, criamos em nós e para nós os nossos próprios céus e infernos. E que, por mais que nos tentemos afastar do mundo e das suas amarguras, nada do que fizermos nos pode afastar do destino.

E na escrita do autor o destino é sempre negro e trágico…
Mesmo que no fim de cada livro dele haja sempre um raio de luz e esperança em dias melhores adivinhamos pela escrita do autor que esses dias serão breves e a preparação para mais e mais dificuldades e agruras…
Um pessimista em resumo. Mas um pessimista que sabia escrever como poucos…

Ao longo de doze histórias interligadas, tendo por cenário um vale fértil da Califórnia, John Steinbeck retrata, de forma deslumbrante, os fracassos e as fragilidades, os sonhos e as ilusões, que por vezes destroem insidiosamente as promessas das «pastagens do céu». Através da descrição de acontecimentos aparentemente irrelevantes que tantas vezes transformam de forma decisiva as vidas das pessoas, Steinbeck lança muitos dos temas que virão a marcar as grandes obras da sua maturidade. Cada uma destas histórias está ligada às restantes pela presença, em todas elas, dos Munroe, uma família cujo comportamento disfuncional e cuja falta de sensibilidade provocam, não raras vez, desastres e até mesmo tragédias. Pastagens do Céu é a crónica dramática de uma decadência, na qual, por culpa de alguns, vão pouco a pouco perecendo a harmonia e as esperanças que durante muito tempo estruturaram a vida de toda uma comunidade. «Ritmada, realista e cáustica, a escrita de Steinbeck é notável pela originalidade do seu estilo e das imagens de que faz uso, e também por um apuradíssimo sentido poético.» The New York Times Book Review

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sonho Febril de George R. R. Martin

Enquanto não chega o nono volume de “as Crónicas de Gelo e Fogo” a editora Saída de Emergência presenteou-nos com este livro de George R. R. Martin Sonho Febril.




Uma história inquietante, assustadora por vezes… num estilo quase gótico.
E ao mesmo tempo a capacidade de descrição e a beleza de alguns poemas…
Um romance magnífico que nas palavras de um crítico: “Vai causar admiração tanto aos fãs de Stephen King como aos de Mark Twain.”


Rio Mississípi, 1857, Abner Marsh, respeitável mas falido capitão de barcos a vapor, é abordado por um misterioso aristocrata de nome Joshua York que lhe oferece a oportunidade única de construir o barco dos seus sonhos. York tem os seus próprios motivos para navegar o rio Mississípi, e Marsh é forçado a aceitar o secretismo do seu patrono, não importando o quão bizarros ou caprichosos pareçam os seus actos.
Mas à medida que navegam o rio, rumores circulam sobre o enigmático York: toma refeições apenas de madrugada, e na companhia de amigos raramente vistos à luz do dia. E na esteira do magnífico barco a vapor Fever Dream é deixado um rasto de corpos… Ao aperceber-se de que embarcou numa missão cheia de perigos e trevas, Marsh é forçado a confrontar o homem que tornou o seu sonho realidade.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Alice no país das maravilhas e Alice do outro lado do espelho de Lewis Carroll

Todos conhecem as histórias, mesmo aqueles que nunca leram os livros…
Uma menina que segue um coelho que fala até à sua toca e se vê transportada para um mundo de fantasia.
Alice no País das maravilhas é provavelmente o livro de fantasias mais famoso de todos os tempos. Nas aventuras da pequena Alice, tudo é possível, tudo é maravilhoso, e na sua jornada desde que cai pela toca do coelho, a menina encontra personagens inesquecíveis e que povoam os sonhos da nossa infância, como o Coelho Branco que anda sempre atraso, o Gato de Cheshire que não pára de rir, o Chapeleiro Louco, ou a Rainha de Copas, uma monarca com muito mau feitio e especial apetência por decapitações.





Ou passa através do espelho para um outro mundo também de fantasia.
Alice do Outro lado do Espelho continua as aventuras de Alice no País das Maravilhas e, como este, é um deslumbrante conto de fadas onde tudo se torna possível graças ao poder da imaginação, do absurdo, do nonsense, da aventura sem limites... A história percorre um país em forma de tabuleiro de xadrez onde é possível cruzarmo-nos com as mais mirabolantes personagens. Lewis Carroll junta ao texto versos que parodiam autores clássicos e que contagiam a sua escrita com estranheza e uma prodigiosa imaginação.





Mas pensem um bocado estes livros, supostamente livros para crianças, não são mais que um delírio provocado por drogas e um incentivo ao seu consumo.
Sempre imaginei o que é que este senhor fumava quando li estes dois livros.
Pensem bem: narguilés, cogumelos, bebidas que fazem crescer ou encolher… personagens e cenários por demais surrealistas e psicadélicos… o homem devia tomar “daquilo que faz rir”.
E os personagens:
Uma lagarta sempre a fumar um narguilé e aconselhar a Alice a comer cogumelos é claramente um incentivo ao consumo de drogas;
O Chapeleiro Louco, a Lebre de Março, o Arganaz, a Duquesa e a Rainha de Copas são o exemplo de como se fica depois de umas quantas doses.
O jogo de croquet, o julgamento do valete de copas, animais que falam, um gato que desaparece até só ficar o seu sorriso não são mais que o delírio provocado pelas drogas…
E isto só no primeiro livro…
Juntem-lhe Humpty Dumpy, Tweedledum e Tweedledee, flores que falam, cenários, personagens e situações ainda mais psicadélicas no segundo livro e só podem chegar a uma conclusão: o senhor Charles Lutwidge Dogson (nome verdadeiro de Lewis Carroll), tomava umas e outras.

Depois de pensarem um pouco nestas palavras espero que nunca mais sejam capazes de ler estes livros da mesma maneira…

A tia Julia e o Escrevedor de Mario Vargas Llosa

Uma vez que desde que começamos este blogue eu indicava o Vargas Llosa como candidato ao Nobel e ele finalmente ganhou é mais do que justo que deixe aqui como sugestão um livro dele.


Este foi o terceiro livro dele que li já lá vai mais de quinze anos. E é um dos melhores…



Um misto de ficção com autobiografia. Um romance magnífico em que o escritor peruano, como é tão característico nele mistura diversas narrativas, diversos enredos em torno de uma só história.

Temos por um lado um jovem Llosa ao mesmo tempo estudante universitário, aprendiz de romancista e jornalista radiofónico (“Tinha um trabalho de título pomposo, salário modesto, apropriações ilícitas e horário elástico: director de Informação da Rádio Pan-Americana. Consistia em recortar as notícias interessantes que apareciam nos jornais e maquilhá-las um pouco para que fossem lidas nos noticiários.”) ao mesmo tempo que conhece a Tia Julia recém-divorciada e recém-chegada da Bolívia com quem se vai envolver numa relação amorosa e na mesma altura em que conhece Pedro Camacho, autor e interprete de novelas radiofónicas contratado pelos seus patrões (para outra rádio de que eram proprietários) com quem trava amizade.
E depois temos por outro lado episódios das novelas escritas e interpretadas por Pedro Camacho, a sua imaginação sem limites…

Durante os anos cinquenta, quando a televisão ainda não chegara ao Peru, era através da rádio que se difundiam as notícias e que as vozes fascinantes que davam alma e forma às histórias rocambolescas que coloriam a sucessão dos dias penetravam em casa das famílias. Estava-se, em suma, no tempo das rádio-novelas.
Terá sido também por essa altura e mais ou menos em simultâneo, que Pedro Camacho, autor e interprete de folhetins radiofónicos boliviano, foi contratado para aumentar a audiência da Rádio Central de Lima, e que a tia Julia, recém-divorciada, chegou do igualmente da Bolívia para transformar a vida de Varguitas, estudante de direito, aprendiz de escritor e responsável pelos serviços de informação de uma estação de rádio.
No simples enunciado do seu título, A Tia Julia e o Escrevedor anuncia a sua rigorosa e sistemática estrutura, desenvolvida em dois níveis que correm paralelos numa perfeita alternância. Por um lado, Varguitas e a sua adolescência, a descoberta do amor e da tia Julia, a mulher flaubertiana com quem terá uma relação amorosa; por outro, a imaginação prodigiosa de Pedro Camacho e as suas histórias delirantes, aventuras que no fim se confundem para se tornarem numa só. E, subjacente a ambas, a voz difundida pelas ondas populares de uma estação de rádio de Lima, que possibilita o reencontro último com a dimensão mágica da palavra.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Finalmente!!!!! Nobel da literatura para Mario Vargas Llosa

Finalmente os gajos do Nobel que decidem estas coisas acertaram!!!!!!
O segundo melhor escritor vivo da actualidade - Mário Vargas Llosa  (continuo a preferir o Rushdie) ganhou finalmente o Nobel da Literatura. Com muitos e muitos anos de atraso...

Nobel da literatura de 2010 para Mario Vargas Llosa
2010-10-07
O peruano Mario Vargas Llosa foi o vencedor escolhido para o Nobel da Literatura deste ano. O porta-voz da Academia Sueca destacou a obra de Vargas Llosa "pela sua cartografia das estruturas do poder e as suas imagens mordazes da resistência, rebelião e derrota do indivíduo".
É a primeira vez que o prémio é atribuído a um escritor peruano. Em 2009, o Nobel foi atribuído à alemã Herta Müller. Nos anos anteriores, foram distinguidos o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio (2008), a inglesa Doris Lessing (2007), o turco Orhan Pamuk (2006) e o britânico Harold Pinter (2005).O valor do prémio é de cerca de 1 milhão de euros.

Mario Vargas Llosa (nascido Jorge Mario Vargas Llosa) (Arequipa, Peru, 28 de Março de 1936), é um dos maiores escritores de língua espanhola, reconhecido, em nível mundial, como romancista, jornalista, ensaísta e político.
Sua obra critica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje, segundo o escritor, no Peru e na América Latina. Seu principal tema é a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A princípio, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre.
Muitos dos seus escritos são autobiográficos, como "A cidade e os cachorros" (1963), "A Casa Verde" (1966) e "Tia Júlia e o Escrevinhador"(1977). Por A cidade e os cachorros recebeu o Prémio Biblioteca Breve da Editora Seix [Barral e o Prémio da Crítica de 1963. Sua obra seguinte, A Casa Verde mostra a influência de William Faulkner. O romance narra a vida das personagens em um bordel, cujo nome dá título ao livro. Seu terceiro romance, Conversa na Catedral publicado em 4 volumes e que o próprio Vargas Llosa caracterizou como obra completa, narra fases da sociedade peruana sob a ditadura de Odria em 1950.
Há um encontro na Catedral entre dois personagens: o filho de um ministro e um motorista particular. O romance caracteriza-se por uma sofisticada técnica narrativa, alternando a conversa dos dois e cenas do passado. Em 1981 publica A Guerra do Fim do Mundo, sobre a Guerra de Canudos, que dedica ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de Os Sertões.
Em 1980 começa a ter maiores actividades políticas no país. Em 1983 a pedido do próprio presidente Fernando B. Terry preside comissão que investiga a morte de oito jornalistas. Em 1987 inicia o movimento político liberal contra a desestatização da economia, o que ia de encontro ao presidente Alan García. Em 1990 concorre à presidência do país com a Frente Demócrata (FREDEMO), partido de centro-direita, mas perde a eleição para Alberto Fujimori.
Após isso, retorna a Londres e reinicia suas actividades literárias. Em 2006, em sua mais recente visita ao país, apoia a candidatura de Lourdes Flores, tendo ganhado Alan García. Suas experiências como escritor e candidato presidencial estão expostas na autobiografia "Peixe na Água", publicada em 1991.
Bibliografia
Ficção
Os Chefes (1959)
A cidade e os cachorros ("La ciudad y los perros") (1963)
A casa verde (1966) (Premio Rómulo Gallegos)
Conversa na catedral (1969)
Pantaleão e as visitadoras (1973)
Tia Júlia e o escrevinhador (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
História de Mayta (1984)
Quem matou Palomino Molero? (1986)
O falador (1987)
Elogio da madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993). Premio Planeta
Os cadernos de Dom Rigoberto (1997)
A festa do bode (2000) - novela sobre a ditadura do general da República Dominicana, Rafael Leónidas Trujillo
O Paraíso na Outra Esquina (2003) - novela histórica sobre Paul Gauguin y Flora Tristán.
Travessuras da Menina Má (2006)
Teatro
A menina de Tacna (1981)
Kathie e o hipopótamo (1983)
La Chunga (1986)
El loco de los balcones (1993)
Olhos bonitos, quadros feios (1996)
Ensaio
García Márquez: historia de un deicidio (1971)
Historia secreta de una novela (1971)
La orgía perpetua: Flaubert y «Madame Bovary» (1975)
Contra viento y marea. Volúmen I (1962-1982) (1983)
Contra viento y marea. Volumen II (1972-1983) (1986)
La verdad de las mentiras: Ensayos sobre la novela moderna (1990)
Contra viento y marea. Volumen III (1964-1988) (1990)
Carta de batalla por Tirant lo Blanc (1991)
Desafíos a la libertad (1994)
La utopía arcaica. José María Arguedas y las ficciones del indigenismo (1996)
Cartas a un novelista (1997)
El lenguaje de la pasión (2001)
La tentación de lo imposible (2004) - ensayo
Prémios e condecorações
Ao longo de sua carreira, Mario Vargas Llosa recebeu inúmeros prémios e condecorações. Destacamos alguns: o Premio Rómulo Gallegos (1967) e principalmente o Prémio Cervantes (1994). Outros prémios, a saber, o Prémio Nacional de Novela do Peru em 1967, por seu romance A Casa Verde, o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986) e o Prémio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993 foi concedido o Prémio Planeta por seu romance Lituma nos Andes. Uma grande relevância na sua carreira literária Prémio Biblioteca Breve, que se deu por Baptismo de Fogo, em 1963, marca o início de sua brilhante carreira literária internacional. É membro da Academia Peruana de Línguas desde 1977, e da Real Academia Española (RAE) desde 1994. Tem vários doutorados honoris causa por universidades da Europa, América e Ásia; pode-se citar os concedidos pelas universidades de Yale (1994), Universidade de Israel (1998), Harvard (1999), Universidade de Lima (2001), Oxford (2003), Universidade Europeia de Madrid (2005) e Sorbonne (2005). Foi condecorado pelo governo francês com Medalha de honra em 1985. Ganhou o prémio Nobel da literatura 2010.

Fonte: a sempre (in)falivél Wikipedia


A ver se as publicações D.Quixote se lembram agora de reeditar "A História de Mayta" - é o único romance dele que me falta e nunca li.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Marina de Carlos Ruiz Zafón

“Todos temos um segredo fechado a sete chaves nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.”




Quem já leu qualquer um dos livros de Zafón percebe o que eu vou dizer:
Este livro é mais do mesmo: A Barcelona invisível, a atmosfera ora de sonho ora de pesadelo, acção, o ambiente num misto de suspense e terror, personagens fantásticas… Isto é: EXCELENTE!!!!!!!!!!!

“Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.”

Na nota do autor que antecede a história ele diz: “Sempre acreditei que todo o escritor, admita-o ou não, tem sempre entre os seus livros alguns como favoritos. Essa predilecção é raro ter a ver com o valor literário intrínseco da obra ou com o acolhimento que ao aparecer lhe dispensaram os leitores ou com a fortuna ou penúria que lhe tenham proporcionado a sua publicação. Por qualquer estranha razão, sentimo-nos mais próximos de algumas das nossas criaturas sem sabermos explicar muito bem o porquê. De todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos.”

E depois de devorar este livro posso garantir-vos que é fácil compreender porquê.

“- Pintar é escrever com luz – afirmava Salvat. – Primeiro deves aprender o seu alfabeto; depois a sua gramática. Só então poderás ter o estilo e a magia.”

Isto foi escrito pelo autor nas páginas deste livro e garanto que ele escreve aqui não apenas com luz mas também e, principalmente com a sua ausência.

Escrito entre 1996 e 1997, Marina foi o romance que antecedeu os dois maiores êxitos do autor (“A Sombra do Vento” e “O Jogo do Anjo”) e nele encontramos todos os ingredientes que fizeram dessas obras livros de culto e do seu autor um dos fenómenos literários dos últimos tempos.

Novamente nas palavras do escritor: “(…)Publicara anteriormente três romances para jovens e pouco depois de embarcar na composição de Marina tive a certeza de que esta seria a última do género que escreveria. À medida que avançava na escrita, tudo naquela história começou a ter sabor a despedida e, quando a terminei, tive a impressão d que qualquer coisa dentro de mim, qualquer coisa que ainda hoje não sei muito bem o que era, mas de que sinto falta dia a dia, ficou ali para sempre. (…)”

Em primeiro lugar ao contrário do autor não vejo este livro como o último de um ciclo mas como o primeiro, o antecessor dos maiores êxitos dele. Como já disse, está ali tudo o que fizeram dos seus romances posteriores êxitos mundiais;

Em segundo lugar o sabor a despedida está presente em todo o livro, da primeira à última página. E é uma das coisas que me prendeu ao livro. Um ingrediente de qualidade escrita com mestria por alguém que o sabe fazer.



“Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu.”



Na Barcelona de 1980, Óscar Drai sonha acordado, deslumbrado pelos palacetes modernistas próximos do internato onde estuda. Numa das escapadelas nocturnas conhece Marina, uma rapariga audaz e misteriosa que irá viver com Óscar a aventura de penetrar num enigma doloroso do passado da cidade e de um segredo de família obscuro. Uma misteriosa personagem do pós-guerra propôs a si mesmo o maior desafio imaginável, mas a sua ambição arrastou-o por veredas sinistras cujas consequências alguém deve pagar ainda hoje.


Cordeiro - O Evangelho Segundo Biff o amigo de infância de Jesus Cristo deChristopher Moore

“Vocês acham que sabem como esta história vai acabar, mas não sabem. Confiem em mim, eu estive lá e sei.”

Há uns anos quando ainda estava na faculdade conheci uma rapariga que veio para Coimbra no programa Erasmus chamada Hilda Samuelson, é o único caso que conheço de uma pessoa que tem tripla nacionalidade. Norueguesa da parte da mãe; Estadunidense por parte do pai e Francesa do país onde nasceu e viveu até aos dezassete anos. Os pais de Hilda divorciaram-se quando ela tinha doze anos e o pai acabou por regressar aos EUA. Ela habituou-se a passar todos os anos uma temporada com o pai nos EUA e numa dessas visitas, segundo me contou descobriu este autor maravilhoso. E fez-mo descobrir…
A primeira vez que li este livro (o primeiro deste autor que li) foi numa edição americana e adorei… e foi um prazer redescobri-lo agora em língua portuguesa (e é mais fácil de ler, pelo menos para mim).









Este livro é uma delirante reconstrução da vida de Cristo nas palavras do seu amigo de infância Levi bar Alphaeus, também conhecido por Biff. “(…) a minha alcunha, (Biff), vem do nosso termo em calão para uma palmada na testa, algo que a minha mãe dizia que eu precisava, desde tenra idade, pelo menos uma vez ao dia.(…)”

Para quem já leu “O Anjo Mais Estúpido” já está familiarizado com a personagem de Raziel, o anjo encarregue da revelação do nascimento de Cristo. Neste livro tornamos a encontra-lo em duas ocasiões: naquela relatada no “Anjo mais Estúpido” (o atraso de dez anos na revelação;
e desde o inicio do livro quando é encarregue de ressuscitar e vigiar Biff para o fazer escrever a sua versão dos factos.
“ (…) – Quando parto? Estou quase a acabar isto.
- Agora. Embala o dom das línguas e alguns milagres menores. Nada de armas, não é uma missão de ira. Viajarás incógnito e com grande discrição, mas é importante. Está tudo nas ordens. – Estêvão entregou-lhe o pergaminho.
- Porquê eu?
- Eu também fiz essa pergunta.
- E?
- Recordaram-me porque motivo se expulsam anjos.
- Eh lá! É assim tão importante?
Estêvão pigarreou, obviamente por afectação, pois os anjos não respiram.
- Não sei até que ponto é suposto eu saber, mas consta que se trata de um novo livro.
- Estás a brincar, uma sequela? Revelações 2? Agora que já pensavam que era seguro pecar?
- É um Evangelho.
- Um Evangelho depois de todo este tempo? De quem?
- De Levi, também conhecido por Biff.
Raziel largou o pano e levantou-se.
- Isso só pode ser engano.
- A ordem veio directamente do Filho.
- Há uma razão para Biff não ser mencionado nos outros livros, sabes? Ele é um…
- Não digas.
- Mas ele é um imbecil. (…)”

Quem já leu um qualquer livro de Moore sabe o que pode esperar deste livro:
Gargalhadas asseguradas de inicio ao fim. Piadas entrelaçadas com momentos de maior seriedade, apesar de tudo isto ainda é um livro sobre a vida do Salvador…
Mas não esperem um tipo de humor fácil com piadinhas previsíveis. Não este senhor é dono da escrita mais mordaz e de um dos humores mais inteligentes que tenho lido.


“(…)Os anjos não passam de insectos bonitinhos. Os Dias da Nossa Vida é uma telenovela, Raziel, uma encenação. Não é real, percebes?
- Não.
E não percebia mesmo. Descobri que hoje em dia é costume contar histórias cómicas acerca da estupidez dos loiros. Adivinhem onde tudo isso começou. (…)


Ou outro exemplo:

“ (…) Eu apontei para trás dele e Jesua virou-se, testemunhando toda a glória do grande gajo de pêlo branco.
- Com o caneco!
O Gigante Felpudo saltou para trás, agarrado ao seu chá como se este fosse um bebé em perigo, emitindo umas vocalizações que não eram propriamente uma linguagem. Se fossem, provavelmente significavam também “Com o caneco”.
Foi agradável ver o magistral controlo de Jesua escapar-se-lhe, dando lugar a um estado de perfeita confusão.
- O que é… quer dizer, quem é… O que é aquilo?
- Judeu não é – disse eu, com um ar muito solícito, apontando para os noventa centímetros de prepúcio.(…)
- Por favor, Gaspar – disse Jesua. – Isto é uma questão prática e não de crescimento espiritual. O yeti suspirou, voltando a lamber a face de Jesua. Eu percebi que a criatura devia ter uma língua mais áspera que a de um gato, pois a face de Jesua estava a ficar cor-de-rosa, com a abrasão.
- Dá-lhe a outra face, Jesua (…)”
Esta passagem demonstra duas coisas que eu adoro neste autor: o humor inteligente e a capacidade de criar situações improváveis. Quem mais seria capaz de juntar Cristo e o Abominável Homem da Neves no mesmo cenário?
Agora se ainda não leram este livro imaginem 480 páginas desta escrita.


Centenas de milhares de pessoas em todo o mundo leram – e releram – a história irreverente, iconoclasta e divinamente divertida da infância de Jesus Cristo, segundo o testemunho do seu amigo de infância, Levi bar Alphaeus (também conhecido por Biff). Agora, também tu poderás descobrir o que realmente aconteceu entre a manjedoura e o Sermão do Monte.
Numa nota final, expressamente concebida para esta edição, Christopher Moore responde às questões mais colocadas pelos leitores acerca do livro e de si, desde a primeira edição de Cordeiro.
Fresco, divertido, pungente e sábio, Cordeiro tem sido alvo de regozijo para os leitores de todo o mundo.

E nessa tal nota final podemos encontrar mais umas pérolas do autor:
“(…) Uma semana mais tarde o programa Frontline da PBS exibiu um documentário especial chamado “From Jesus do Christ”, no qual arqueólogos, historiadores e teólogos discutiam o contexto histórico da vida de Jesus Cristo. Os peritos sublinharam repetidamente a questão de que os primeiros trinta anos da vida de Cristo não estavam documentados nos Evangelhos canónicos.
- Alguém devia escrever essa história! – disse eu falando com severidade comigo mesmo, como é costume fazer, quando não tenho ninguém por perto para me chamar de doido. – E como não sei absolutamente nada sobre teologia ou historia, esse alguém deva ser eu! (…)”

Este é diga-se de passagem o tipo de raciocínio que eu costumo seguir muitas vezes.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

mensagem breve

Recebi hoje um comentário a uma postagem com quase um ano a perguntar quando é que colocávamos aqui uma postagem sobre o livro "Lamb" (Cordeiro - o evangelho segundo Biff) do meu adorado Christopher Moore.
Essa postagem esta prevista mas há duas condições:
1º Que eu leia o livro - já está em cima da mesa de cabeceira à espera de vez e de tempo...
2º Há uns dias atrás convidamos o irmão do Byblos para se juntar à equipa deste blog e como ele ainda é mais fã do Moore do que eu, estou à espera da resposta dele e do que ele vai postar aqui para avançar com essa postagem...

Entretanto já estou quase a acaar de ler o livro "Marina" do Carlos Ruiz Zafón e estou a adorar e quando tiver acabado vou postar aqui umas linhas sobre esse livro.

Até Breve...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Correcção à postagem anterior (D. Sebastião e o Vidente)


Na postagem anterior por lapso disse que por não ser um livro recente poderiam já não encontrar este livro.
Depois de uma visita ao blog da autora vi uma postagem já com um mês em que ela anunciava a venda do livro com 50% de desconto. E embora essa promoção já tenha acabado ele continua disponivel mas já só com 10% de desconto tanto no site da Porto Editora ( http://www.portoeditora.pt/produtos/catalogo/ficha/id/185353 ) como no Wook ( http://www.wook.pt/product/facets?palavras=D.+Sebasti%C3%A3o+e+o+Vidente&restricts=8066&facetcode=temas&fsel=8066x5839 ) por isso aproveitem..

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

D. Sebastião e o Vidente de Deana Barroqueiro

Prémio Máxima de Literatura - Prémio Especial do Júri (2007)


Mais um livro de uma senhora que só há pouco tempo descobri e cujo talento admiro muito.

Um pequeno aparte:
Todos os dias faço cerca de vinte e cinco quilómetros de autocarro para regressar a casa. Vinte e cinco quilómetros que se arrastam por quase uma hora com paragens “em todas as estações e apeadeiros”.
Costumo aproveitar essa hora para ler. Tranquilamente, deitando de vez em quando um olhar para fora para não deixar passar a minha saída.
E o último livro que li foi este “D. Sebastião e o Vidente”.
Acho que a melhor crítica que posso fazer a este livro é a seguinte:
Já por duas vezes ia falhando a minha paragem por ir tão embrenhado na leitura. A autora consegue a incrível proeza de nos colocar no centro da acção, de nos fazer sentir transportados aos anos e acontecimentos do reinado de D. Sebastião.
É verdade que o livro já tem uns anos (não muitos é de 2006) e por isso provavelmente vão ter sorte se o encontrarem – é um mal frequente nas nossas livrarias só se interessarem pelos últimos lançamentos – mas se o encontrarem não percam a oportunidade de o comprar e de o ler naturalmente…

As vidas de el-rei D. Sebastião e Miguel Leitão de Andrada entrelaçam-se desde o nascimento até ao desastre de Alcácer-Quibir.
O rei-menino, corajoso mas ingénuo, e o leal fidalgote de Pedrógão Grande, reconhecido na região como vidente e protegido de Nossa Senhora da Luz, vêem-se implicados numa secreta e perigosa intriga de espionagem, com contornos sexuais.

O rei mais desejado de toda a nossa história é, apesar de todas as esperanças da nação, um órfão falto de afectos, criado e educado por velhos, como a avó sedenta de poder e o tio cardeal, ambicioso e fraco. Caprichoso e insolente, D. Sebastião cresce atormentado pelos seus traumas e complexos de adolescente, sublimados nos sonhos de glória de mancebo visionário, senhor de um poder absoluto que o arrasta ao desastre, profetizado pelas dolorosas visões de Miguel Leitão de Andrada.

Este romance fascinante foi construído a partir de uma rigorosa investigação de fontes históricas documentais - portuguesas, espanholas, italianas, francesas e holandesas - e condimentado pela exuberante imaginação de Deana Barroqueiro.


São muitas páginas… São. É verdade (640) mas lêem-se de um fôlego tal é a capacidade da autora de nos cativar e prender quer aos acontecimentos quer aos personagens…
É creio eu tempo de dar voz aos autores que escrevem bem em português e que vão sendo esquecidos ou ostracizados ou simplesmente ignorados. E esta autora merece muito mais crédito e atenção do que lhe tem sido concedido.
Sim devemos apoiar os grandes nomes da nossa literatura mas não o podemos fazer à custa daqueles que livro após livro nos vão presenteando com verdadeiras pérolas (ou neste caso um colar de pérolas)...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Recordações da casa dos mortos de Dostoievski

A melhor definição que posso dar de um homem é a de um ser que se habitua a tudo Fiodor Mikhailovich Dostoievski


A par de "Os Irmãos Karamazov" este "Recordações da Casa dos Mortos" foi o livro deste autor que mais me marcou.

Preso em 22 de Novembro de 1849 por participar num grupo de tendência socialista chamado Círculo de Petraschevki, Dostoievski é levado a um pelotão de fuzilamento para ser liquidado. Porém, na iminência da morte é salvo e sua pena trocada por quatro anos de trabalhos forçados na parte mais gelada da Rússia. Tal experiência marcaria de forma decisiva a escrita de Dostoievski e estaria presente em tudo o que criaria dali em diante. Em especial neste livro em que ele se serve da sua própria experiência para escrever uma obra magnifica.

A história que o autor traz até aos leitores é a de um nobre Alexander Petrovitch, condenado a dez anos de prisão na sibéria depois de ter assassinado a esposa. A história é contada com base nas memórias escritas de Petrovitch encontradas depois da sua morte.Dostoievski transforma em ficção situações que presenciou ou foi protagonista durante o tempo que passou na Sibéria.
Apesar de se basear nas "memórias" de Petrovich o livro é muito mais do que um simples diário. Aliás nem segue uma ordem cronológica, é em vez disso um conjunto de memórias espalhadas ao acaso pelas páginas do livro organizadas mais pelo tema do que com a intenção de formar uma história contínua.
Petrovitch, homem culto e bem educado, tenta adaptar-se a uma situação que lhe é extremamente desconfortável, convivendo com párias de toda espécie, o personagem faz uma leitura psicológica dos tipos que abundam na prisão gelada. As privações desumanas a que os prisioneiros são submetidos e a relação de competição existente entre os condenados são descritas com mestria pelo autor.
Alias, é exactamente a leitura de Petrovitch acerca das situações acontecidas no presídio que dão ao livro um sentido revelador da condição humana. Mestre na arte de captar e trazer à tona os sentimentos mais obscuros do ser humano, Dostoievski cria um ambiente ficcional claustrofóbico e opressivo, onde o simples ato de andar de um lado a outro da cela torna-se uma verdadeira odisseia.
Dessa maneira Petrovitch vai desenhando tipos que se destacam ora pela total falta de sensibilidade, ora pelo refinamento de suas ideias.
O interesse do autor pela condição humana (desgraçada neste caso), dá o tom ao texto. De forma isenta, sem demonstrar sentimentos de compaixão ou mesmo autocomiseração, Petrovitch faz um relato sóbrio que ainda assim, sem pieguice ou coisa que o valha, emociona. Mesmo em se tratando de assassinos da pior espécie, é difícil não se sensibilizar com as histórias cheias de humilhação que os personagens vivem ao longo do livro.