Quando se fala em literatura brasileira os primeiros nomes que me dizem são (e por ordem):
- Jorge Amado;
- Paulo Coelho (Blearghh!!!);
- Zélia Gattai;
- João Ubaldo Ribeiro;
- Machado de Assis;
O que me espanta é que um nome raramente aparece nestas conversas…
Anos atrás, quando não tinha dinheiro para comprar livros (e mesmo que tivesse na altura não havia uma verdadeira livraria na terrinha), frequentava assiduamente a biblioteca (da fundação C. Gulbenkian – abençoada seja) e numa dessas visitas descobri um livro (e por arrastamento um autor) “Música ao Longe” de Erico Veríssimo.
Foi, garanto uma paixão imediata. Em pouco mais de um mês fui alternando as obras dele com outros autores mas para além desse li ainda: “Incidente em Antares”, “Olhai os Lírios do Campo”, “O Resto é Silêncio” e num momento de pura sorte encontrei numa das pseudolivrarias lá da terra “Um Lugar ao Sol”.
E é sobre estes dois livros que vos quero falar (o primeiro que li dele “Música ao Longe” e o primeiro que comprei “Um lugar ao Sol”.
Fazem os dois parte de uma série de livros iniciada pelo autor em 1933 com o romance "Clarissa" (que infelizmente nunca consegui encontrar) continuada em ”Caminhos Cruzados” (1935) (também nunca encontrei) seguida de “Música ao Longe” (1935) e concluída com “Um Lugar ao Sol” (1936). São histórias, romances independentes que se lêem sem ser indispensável conhecer os demais mas que tem em comum os personagens principais (Clarissa e Vasco) e que os acompanha ao longo dos anos.
Confesso que quando li a introdução do autor em “Música ao Longe” fiquei um pouco preocupado (“Esta história foi escrita em quinze ou vinte dias, especialmente para concorrer ao Prémio de Romance Machado de Assis, instituído em 1934 pela Cia. Editora Nacional de São Paulo.
Não farei nenhum rodeio para confessar que considero Música ao Longe um livro medíocre, embora seu tema pudesse ter comportado uma certa grandiosidade, caso fosse bem tratado (…)”, mas o livro conquistou-me e por consequência, o autor (como já disse).
«Este romance, que mereceu em 1935 o "Prémio Machado de Assis", é a história de Clarissa em sua cidade do interior. Lemos as páginas do diário dessa moça e através de suas impressões vamos conhecendo as outras personagens. João de Deus, estancieiro arruinado. Jovino e Amâncio, ambos em dificuldades financeiras, dominados pelo vício. D. Zezé, uma velhinha que vive voltada para o passado. Cleonice e Pio, noivos há doze anos. Seu Leocádio, o velhote dos mistérios, dono do único telescópio que existe em Jacarecanga, charadista, poeta, músico e entendido em almanaques. Outras personagens desfilam, destacando-se entre elas Vasco, rapaz de aspecto selvagem, primo de Clarissa.
O que vemos nessas páginas é a vida duma cidade do interior do Rio Grande desfilar em câmara lenta diante de nossos olhos.
A história é escrita com simplicidade de linguagem e de construção. Faz parte da série de romances onde vemos Clarissa, Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol.
Música ao Longe ocupa um lugar definitivo na literatura brasileira e é uma dessas obras inteiramente realizadas, que tanto são lidas pelo seu valor intrínseco como pelo justo renome que possuem.»
Comentário extraído do livro Música ao Longe (contracapa)
Já um lugar ao sol é a continuação deste romance começando por onde o anterior tinha terminado é talvez mais duro (se tal é possível) mas há sempre presente uma réstia de esperança.
«Vasco caminha pela vida numa incansável e persistente busca: de emprego, de amor, de dias melhores... Mas não importa. Já se habituou a viver em constante contradição. Busca as aventuras da boémia e descobre os prazeres de um viver regrado. Como será o amanhã? Não se sabe...
Há dificuldades imensas, mas é certo que também existe Clarissa, sua paixão, o elo que o prende à realidade. A vida ainda vale a pena!
Permanecer e lutar ou ganhar mundo com seu pai, num percurso solitário?
Erico Veríssimo consegue, neste livro contundente e actual, mostrar que, apesar dos pesares que marcam o destino inexorável do homem, todos nós temos direito a Um Lugar ao Sol. Neste livro, o escritor consegue elaborar de modo impecável um retrato vivo da complexidade do ser humano e das questões que o inquietam.
Reunindo personagens já conhecidas de suas obras anteriores, coloca-as a nu, com uma linguagem sincera e comovente, criando situações em que o quotidiano se impõe sempre, implacável.
Assim, à miséria e à violência que marcam o destino do homem, somam-se aspectos do mais profundo humanismo: a solidariedade irrestrita, a esperança de uma vida melhor, a amizade, a paixão.
Sempre crítico, o autor analisa a sociedade procurando compreendê-la de forma realista, isenta.
E as personagens, vivendo o presente intensamente, ao sabor dos acontecimentos, não se preocupam com o amanhã. É melhor "seguir ao acaso, como os barcos antigos, sem bússola nem porto certo, guiados apenas pelas estrelas".
Com uma temática actual e forte, o enredo envolve o leitor e leva-o a reflectir sobre o próprio destino, seus encantos e desencantos, sua impotência e pequenez frente à vida.»
Comentário extraído do livro Um Lugar ao Sol (capa e contracapa internas)
Estou a acabar de os reler pela enésima vez e aconselho-os a todos.
Confesso que quando li a introdução do autor em “Música ao Longe” fiquei um pouco preocupado (“Esta história foi escrita em quinze ou vinte dias, especialmente para concorrer ao Prémio de Romance Machado de Assis, instituído em 1934 pela Cia. Editora Nacional de São Paulo.
Não farei nenhum rodeio para confessar que considero Música ao Longe um livro medíocre, embora seu tema pudesse ter comportado uma certa grandiosidade, caso fosse bem tratado (…)”, mas o livro conquistou-me e por consequência, o autor (como já disse).
«Este romance, que mereceu em 1935 o "Prémio Machado de Assis", é a história de Clarissa em sua cidade do interior. Lemos as páginas do diário dessa moça e através de suas impressões vamos conhecendo as outras personagens. João de Deus, estancieiro arruinado. Jovino e Amâncio, ambos em dificuldades financeiras, dominados pelo vício. D. Zezé, uma velhinha que vive voltada para o passado. Cleonice e Pio, noivos há doze anos. Seu Leocádio, o velhote dos mistérios, dono do único telescópio que existe em Jacarecanga, charadista, poeta, músico e entendido em almanaques. Outras personagens desfilam, destacando-se entre elas Vasco, rapaz de aspecto selvagem, primo de Clarissa.
O que vemos nessas páginas é a vida duma cidade do interior do Rio Grande desfilar em câmara lenta diante de nossos olhos.
A história é escrita com simplicidade de linguagem e de construção. Faz parte da série de romances onde vemos Clarissa, Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol.
Música ao Longe ocupa um lugar definitivo na literatura brasileira e é uma dessas obras inteiramente realizadas, que tanto são lidas pelo seu valor intrínseco como pelo justo renome que possuem.»
Comentário extraído do livro Música ao Longe (contracapa)
Já um lugar ao sol é a continuação deste romance começando por onde o anterior tinha terminado é talvez mais duro (se tal é possível) mas há sempre presente uma réstia de esperança.
«Vasco caminha pela vida numa incansável e persistente busca: de emprego, de amor, de dias melhores... Mas não importa. Já se habituou a viver em constante contradição. Busca as aventuras da boémia e descobre os prazeres de um viver regrado. Como será o amanhã? Não se sabe...
Há dificuldades imensas, mas é certo que também existe Clarissa, sua paixão, o elo que o prende à realidade. A vida ainda vale a pena!
Permanecer e lutar ou ganhar mundo com seu pai, num percurso solitário?
Erico Veríssimo consegue, neste livro contundente e actual, mostrar que, apesar dos pesares que marcam o destino inexorável do homem, todos nós temos direito a Um Lugar ao Sol. Neste livro, o escritor consegue elaborar de modo impecável um retrato vivo da complexidade do ser humano e das questões que o inquietam.
Reunindo personagens já conhecidas de suas obras anteriores, coloca-as a nu, com uma linguagem sincera e comovente, criando situações em que o quotidiano se impõe sempre, implacável.
Assim, à miséria e à violência que marcam o destino do homem, somam-se aspectos do mais profundo humanismo: a solidariedade irrestrita, a esperança de uma vida melhor, a amizade, a paixão.
Sempre crítico, o autor analisa a sociedade procurando compreendê-la de forma realista, isenta.
E as personagens, vivendo o presente intensamente, ao sabor dos acontecimentos, não se preocupam com o amanhã. É melhor "seguir ao acaso, como os barcos antigos, sem bússola nem porto certo, guiados apenas pelas estrelas".
Com uma temática actual e forte, o enredo envolve o leitor e leva-o a reflectir sobre o próprio destino, seus encantos e desencantos, sua impotência e pequenez frente à vida.»
Comentário extraído do livro Um Lugar ao Sol (capa e contracapa internas)
Estou a acabar de os reler pela enésima vez e aconselho-os a todos.
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